2; she kissed me

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- ELA O QUÊ? - Gritei no meio da sala, sem querer acreditar no que tinha acabado de ouvir.

- Ela. Me. Beijou. Quantas vezes vou ter que repetir? - Bufou, me dando as costas e se jogando no sofá.

Respirei fundo, buscando o resto de paciência que havia em mim para não voar minha mão na cara desse infeliz. Ele falando como se um beijo não fosse nada demais estava realmente me dando nos nervos. Até porque Min Yoongi não era do tipo que estava nem aí pra esse tipo de coisa. Ele se importava. Eu sabia disso.

- Tá. Pera. Ela te beijou. QUANDO? COMO? POR QUE? EXPLIQUE DIREITO, POR FAVOR! - Realmente, paciência nunca foi meu ponto forte.

- Ontem teve uma festa na casa de uma garota da minha turma, e a Yi Na estava lá também. Acho que pra agitar um pouco as coisas eles decidiram jogar o jogo da garrafa. - Ele explicava como se fosse a coisa mais óbvia do universo - Decidi jogar também, já que não tinha nada melhor pra fazer. Aí a garrafa apontou para mim e para ela. E então nos beijamos. Feliz?

Às vezes me esqueço de que Yoongi tem uma vida social relativamente intensa. Ao contrário da minha - que é apenas casa, escola, lanchonete e apê do Yoongi, sim, uma cópia barata e menos romântica de Eduardo e Mônica -, ele é frequentemente convidado para festas, viagens, passeios e tudo mais que esses adolescentes de hoje fazem. Mas, felizmente, ele dispensa a maioria dos convites para ficar comigo. Acho que é por isso que acabo esquecendo o quanto ele é popular.

- Nem um pouquinho feliz. - Dei a volta no sofá e parei em sua frente com os braços cruzados, só para poder virar de costas para ele com uma cara de raiva e me sentar no chão. - Eu nunca fui com a cara dessa coisa. - Se Min Yoongi não vai agir direito comigo, nada me impede de fazer um pouco de birra.

- Também não precisa ficar com ciúmes, tá? - Ele riu e andou até onde eu estava, sentando-se ao meu lado no tapete. - Foi só um selinho. E, mesmo se fosse algo mais sério, eu nunca deixaria nossa amizade de lado, você sabe disso.

Ele colocou a mão no meu ombro, apertando levemente. Se ele acha que eu vou cair na chantagem emocional dele, ele está muito certo.

- Sei? - Virei de frente para ele, ainda de braços cruzados e arqueei uma sobrancelha, numa tentativa patética de tentar provocá-lo.

- Para de besteira! Nossa amizade é mais importante que qualquer coisa!

- Se você diz. - Óbvio que eu já tinha caído no papo desse sem vergonha. Mas fazer um pouquinho mais de drama não mata ninguém.

- Você está me provocando, menininha? Não me obrigue a tomar medidas drásticas... - Apontou o dedo para mim, achando que ia me intimidar.

- Você é um fracote, quais seriam essas tais "medidas drásticas"? - Fiz uma voz debochada nas últimas palavras e me inclinei mais para perto dele, estreitando os olhos.

Um sorriso surgiu em seus lábios. E talvez eu tenha me arrependido um pouco das minhas decisões.

- Isso aqui. - Ele começou a me fazer cócegas; EU ODEIO CÓCEGAS.
E ele sabia disso.
Claro que ele sabia disso.
Idiota.

Depois de alguns segundos tentando de todo jeito escapar de seus dedos irritantes, eu só consegui piorar ainda mais a situação.

Ele acabou por cima de mim, com uma perna de cada lado do meu corpo e com suas mãos apoiadas do lado de minha cabeça, e estávamos muito, mas muito próximos. Mesmo.

Lentamente paramos de rir, num daqueles momentos super constrangedores, mas que ninguém consegue achar uma saída. E então eu comecei quase que automaticamente a apreciar os lindos traços de seu rosto. Aqueles traços que eu apreciava todo santo dia quando Yoongi não estava olhando.
Seus olhos pequenos e fofos, sua boca bem delineada, sua pele tão clara e macia, seu cabelo escuro que fazia um contraste perfeito com o tom de sua pele.

Sinceramente, o que essa obra de arte tá fazendo fora do museu?

Quem é Monalisa perto de Min Yoongi?

Quem é Leonardo da Vinci perto dos pais de Min Yoongi?

Eu analisava seu rosto e ele parecia fazer o mesmo comigo. Imersa em tanta beleza e incapaz de controlar meus movimentos, levantei uma de minhas mãos - que antes estava parada ao lado do meu corpo - e toquei o rosto de Yoongi. A pele tão quente. Tão macia. Naquele momento eu senti que ele talvez pudesse ser... meu.

Por um instante, tudo o que eu quis foi mais contato.
Manter seu rosto próximo ao meu, nossas respirações se misturando, sentir sua pele quente esquentar a minha também.
Esse momento ficaria guardado pra sempre no meu coração. Definitivamente.

Mas todo o clima se quebrou quando escutei a campainha tocar.

Cérebro estúpido! Nem pra me ajudar a sair dessa.

- Er... E-eu vou v-ver quem é.. Deve ser o cara da pizza... - Ele saiu afobado de cima de mim e pude notar que suas bochechas estavam levemente coradas, e sua respiração ofegante.

Ainda jogada no chão e incapaz de organizar meus pensamentos, falei a única coisa que me veio à mente.

- É.. d-deve ser...

↬ BEST FRIENDS;Onde histórias criam vida. Descubra agora