Flores e Borboletas

- Desde quando, algum dia você parou para pensar além de si mesma?

- Sinto muito, se você é perfeitinha demais para isso.

- Do que estamos falando? Ah, sim! Sobre você não ter falado comigo antes. Antes de se meter a besta, e tomar as decisões do grupo tão drásticas sem ao menos me consultar.

- Ah, tadinha. Como se você não fosse fazer a mesma coisa no meu lugar.

- Não. Eu não faria. Que amiga é você?

- Agora vai colocar o peso em nossa amizade?

- Não é isso!

- Então é o que? Por que você não corre para o seu "namoradinho" e me deixa em paz?

- Deixa ele fora disso. Nós resolvemos fazer um grupo, Francesca. Mas você sempre se deu bem sozinha...

- Cala a boca, Meladie!

- NÃO CALO NÃO!!!!

- Pronto, irritei a fera.

- PARA DE AGIR FEITO UMA CRIANÇA!! VOCÊ TEM 17 ANOS NA CARA E AINDA NÃO APRENDEU!?

- Valeu, mamãe.

- Não dá. Simplesmente não dá para conversar com você.

- E com você dá?

    Meladie saiu pela porta dos fundos onde estava estacionado seu Mercedes.

    Ainda com o sangue fervendo, tranquei a porta e sentei-me no sofá de meu pequeno apartamento.

    Mary me ligou para sairmos e eu resolvi concordar. Eu estava precisando relaxar.

     Meladie é minha amiga desde pequena. Crescemos juntas, uma acompanhando o crescimento da outra. Meladie tinha 17 anos e morava com os pais. Namorava um cara chamado Christian, que tinha 25 anos e trabalhava na empresa do pai dela.

     Nós duas criamos um grupo de livros, que inicialmente começou pelo Facebook, até que evoluiu para um pessoal da nossa escola. Nós duas organizávamos eventos e várias outras coisas para atrair mais gente para o nosso pequeno grupo.

     Dessa vez, a briga foi por que eu aceitei levar nosso grupo através de um passeio para a Bienal do ano, caso eu aceitasse que Anielle, inimiga de Meladie, entrasse para o nosso grupo. Eu aceitei, é claro.

       E agora, Meladie estava p da vida comigo, pois eu aceitei a entrada de Anielle sem consulta-la.

       Dei de ombros. Todo o resto do grupo havia concordado, e quem sabe elas poderiam se entender? Sorri com a hipótese. As chances de isso ocorrer eram quase nulas. Mais milagres eram milagres, e essa palavra não existiria, caso milagres não acontecessem. 

       Mas, e daí?

       Dei de ombros e subi para me arrumar.