Capítulo II

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Já estava toda pronta, tinha decidido vestir um vestido preto, que pedi emprestado há minha irmã, mas acho que a partir de hoje ele seria meu

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Já estava toda pronta, tinha decidido vestir um vestido preto, que pedi emprestado há minha irmã, mas acho que a partir de hoje ele seria meu. Eu adorei-o, não era muito curto, estava logo acima do joelho, era de manga comprida, o que era muito bom, porque estávamos no inverno e eu não queria ficar doente, e também era justo ao meu corpo favorecendo todas as minhas curvas.

Estava na sala sentada no sofá, há minha frente no cadeirão estava a minha mãe sentada, posso dizer que o seu sorriso estava de uma certa maneira a irritar-me, ela estava mais feliz que eu, por eu ir sair com o meu primo e os seus amigos.

Assim que ouvi a campainha, quase corri para a porta, eu não estava tão ansiosa para a festa, mas a minha mãe e o seu sorriso estava a tornar-se aterrador. Ao abrir a porta deparei-me com o meu primo, Filipe, estava muito bem vestido, uma camisa branca, para contrastar umas calças de ganga pretas e, também, um casaco preto de cabedal, que lhe assentava muito bem.

- Olá, Filipe! Que bom que chegaste!

- Tanta felicidade para me ver?

- Sim. Entra, vou só buscar o meu casaco.

Andei apressada até o meu quarto, para evitar que a minha mãe saísse da sala e começasse a falar com o Filipe, porque eu sei que quando ela começa a falar nunca mais se cala.

- Anda, vamos! - Disse, assim que cheguei ao pé dele com o casaco vestido.

- Tchau mãe!

Fechei a porta e fui chamar o elevador.

- Deixas-te o carro muito longe? - Perguntei-lhe, ainda esperando o elevador.

- Não, está mesmo aí à porta.

* * * * *

A viagem foi bem tranquila, estávamos a ir para Cascais, nunca tinha ido a um bar para aqueles lados, ia sempre para o Bairro Alto ou para outro lugar mais no centro de Lisboa.

- Disseste aos teus amigos que me ias levar?

- Não. - Disse-me sem desviar o seu olhar da estrada. - Não te preocupes, não há problema, para eles quanto mais pessoas melhor.

- Hum... ok. E planeiam ficar o tempo todo no bar?

- Não, assim que faltar pouco tempo para a meia-noite vamos para a praia em frente, ver o fogo-de-artifício.

- Parece-me bom! - E assim seguimos o resto de cinco minutos de viagem em silêncio.

Após o Filipe estacionar o carro, perto da entrada do bar e vi a quantidade de gente que havia para entrar e um grupo de pessoas que falava e ria, eu percebi que não devia ter saído de casa. O que eu ia falar com os amigos do meu primo? Pensariam em mim como uma intrusa na sua festa de passagem de ano? Fiquei apenas sentada naquele confortável banco dentro do carro, podia passar ali a noite, por enquanto ainda estava quente. O meu primo já tinha saído do carro e já ia na direcção daquele grupo, que ao ver pelas suas reacções eram os seus amigos, ele cumprimentou-os e começou a falar com eles, eu só observava de dentro do carro. De repente, todos desviam o seu olhar na direcção do carro, e sorriram-me, Filipe fez-me um sinal com a mão para eu ir ter com ele. Respirei fundo e ao sair do carro, apertei o casaco e abracei-me ao sentir o frio da noite, e fui até eles.

- Olá! Boa noite. - Disse ao chegar perto deles.

- Como eu já vos disse, é a minha prima Violeta! - Disse Filipe ao pôr o seu braço nos meus ombros.

- Como a série da Disney?! - Perguntou um dos amigos de Filipe.

- Sim, mas eu não canto.

- Lucas, não sabia que agora vias a Violetta. - Disse o meu primo, implicando com o seu amigo.

- Eu não vejo, é a minha sobrinha.

Eles continuaram a implicar um com o outro, enquanto seguíamos para dentro do bar. Ao entrar vi a quantidade de gente que ali se encontrava, eu não gostava de espaços muito povoados, onde estamos todos em cima uns dos outros, e por acidente caíam bebidas em cima de nós. Tal como me aconteceu neste momento, pude sentir o cheiro a cerveja, no meu casaco de fazenda novo, que logo iria absorver a cerveja.

- Filipe, eu já volto. Vou limpar o casaco. - Ele como resposta assentiu com a cabeça, e eu fui procurar uma casa de banho.

Ao chegar à casa de banho, despi o meu casaco, peguei nos papéis para limpar as mãos, molhei-os um pouco e passei no casaco. Não queria molha-lo muito, porque quando fosse sair teria de o vestir e esperava que secasse até lá. Durante este processo entravam e saiam mulheres, sempre a quererem retocar a sua maquilhagem.

- Olá! - Disse-me uma que tinha acabado de entrar, reconhecia a cara dela.

- Violeta, certo?

- Sim, sou eu. Desculpa, mas eu não sei o teu nome. - Disse limpando o meu casaco.

- Não?! Eu sou a Francisca, a namorada do teu primo. - Contou-me, mostrando a aliança no seu dedo. A minha cara foi de espanto, eu não sabia de nada. - Ele não contou a ninguém. Estou a perceber. - Disse mais para si.

- Ele provavelmente esqueceu-se, acontece. - Disse-lhe, tentando conforta-la.

- Violeta, nós namoramos há mais de quatro meses. É impossível esquecer-se.

- Desculpa, eu não sei o que dizer.

- Não há problema. - Francisca pôs um sorriso na sua cara. - Vamos lá para fora, e pedir umas bebidas?

- Sim, pode ser!

As bebidas já tinham sido pedidas, e eu já ia na minha segunda dose, e tinha sido abandonada pela Francisca, porque ela tinha ido dançar com o meu primo. Lá estava eu encostada ao balcão do bar, encarava a minha bebida e agitava o meu copo, pensando que talvez tivesse sido melhor ficar em casa, lá estaria quente, com as minhas roupas largas e confortáveis e as minhas pernas estariam cobertas, assim evitaria o olhar dos rapazes que passavam por mim.

- Estás muito pensativa. - Disse uma voz masculina ao meu lado. Quando olhei para ele, os seus olhos cor de carvão chamaram a minha atenção, naquele momento pareceu haver uma ligação, mas devia ser o efeito do álcool. - Sou o Duarte, amigo do teu primo.

- Olá! Sou a Violeta!

- Sim, eu sei. - Momento de constrangimento, claro que ele sabia, é amigo do meu primo.

- Estudas engenharia civil, com o meu primo? - Perguntei eu, tentando remediar, mas acho que a escolha de assunto não tinha sido muito boa. Estamos de férias, quem é que quer pensar na faculdade?! Só eu!

- Não, eu estudo direito.

- Na Faculdade de Direito, da Universidade de Lisboa?

- Sim, essa mesma. - Disse-me, mas parecia não estar muito divertido com a conversa.

- Eu estudo no edifício em frente, na Faculdade de Letras. - Ele já tinha perdido todo o interesse, olhava para o centro do bar onde todos dançavam.

Eu fazia isto, em situações destas nunca tinha assunto, as minhas amigas ajudavam-me sempre nessa parte, mas elas não estavam cá. Já estava a considerar ir para casa, quando me levantava do banco junto ao bar, e de repente começa a tocar uma das minhas músicas favoritas, Duele el Corazon de Enrique Iglésias. De imediato, sem pensar muito, puxei o Duarte para o centro do bar, para junto daquelas pessoas que moviam os seus corpos no ritmo da música, e eu fazia o mesmo, eu adorava dançar. Duarte, primeiro ficou a olhar para mim, de um modo impressionado e de seguida juntou-se a mim na dança, fazendo os nossos corpos flutuarem sobre a pista.

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