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Era uma noite quente do dia 29 de Novembro de 2014.
Horas antes , havia retornado da praia de Quintão depois de passar o sábado com minha família na intenção de comprar uma casa para viajarmos no verão. Sempre adorei o litoral gaúcho. Saímos cedo de casa : eu ,minha mãe, meu padrasto Dionatan, meu irmão Vinicius e meu filho Arthur, de nove anos. Era um dia ensolarado e a brisa soprava por todos os lados. Mas o tempo fecharia para mim. Na volta para casa ,já na estrada e sentada no banco de trás do carro ,passei a sentir fisgadas por toda a perna.
- Mãe isso não é comum. Estou com muita dor. São umas pontadas estranhas na perna .parece alguma coisa ruim acontecendo - comentei , já incomodada .
- ligue para o seu médico, filha. Ele pode te receitar um remédio mais forte para controlar isso que você está sentindo.
- Tudo bem , mãe . Não é nada- disse carinhosamente Arthur, encostando a cabeça no meu ombro.
O médico que acompanhava era o cirurgião plástico Júlio Vedovato, meu especialista desde 2011 , e que executava uma série de operações para a retirada do hidrogel do meu corpo. Era uma das substâncias que apliquei para ganhar mais medidas nas nádegas e coxas em minha enlouquecida e inconsequente busca por medidas perfeitas e pela fama a qualquer preço, como vou explicar em detalhes algumas páginas adiante .
O dr. Vedovato chegou em casa no final da tarde daquele sábado e, na hora de me aplicar um medicamento , se espantou com minha insistente reclamação de dores. Mais cedo , eu já havia tomado seis comprimidos de três tipos diferentes de analgésico , mas não consegui diminuir a forte agonia nas pernas , a febre e , tampouco, a vermelhidão que começava a se espalhar por todo o meu corpo.
- A vermelhidão já era decorrente de uma infecção que afecta as partes mais profundas da pelle, a derme e o tecido gorduroso , e é disseminada pelos vasos linfáticos - explica o médico Vedovato
Após me examinar , ele me aplicou morfina na veia para que suportasse a dor , e também uma dose de corticoide como antibióticos. O médico decidiu aguardar um prazo de doze horas para saber como seria minha reacção aos medicamentos e resolveu ir embora. Ainda na noite daquele sábado minha mãe ligou novamente para o médico e avisou de que meu estado havia piorado. Foi quando, por volta das nove  horas  da noite, decidimos pedir socorro  na emergência do hospital Conceição.
  Ali , após a constatação da minha queda de pressão no setor de triagem,  entrei em choque. Na cadeira de rodas, não me aguentava de tantas dores e gritava. Meus berros eram ouvidos a distância. Enfermeiros corriam de um lado para o outro. Minha mãe segurava meus braços com ajuda do meu padrasto. Parecíamos um tanto desnorteados. Eu ainda não havia sido medicada. A trepidação das pernas aumentava .chega o soro na veia com um remédio para anemizar a dor. Tudo parece girar. 

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