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Ainda na noite daquele sábado minha mãe ligou novamente para o médico e avisou de que meu estado havia piorado. Foi quando, por volta das nove horas da noite, decidimos pedir socorro na emergência do hospital Conceição.
Ali , após a constatação da minha queda de pressão no setor de triagem, entrei em choque. Na cadeira de rodas, não me aguentava de tantas dores e gritava. Meus berros eram ouvidos a distância. Enfermeiros corriam de um lado para o outro. Minha mãe segurava meus braços com ajuda do meu padrasto. Parecíamos um tanto desnorteados. Eu ainda não havia sido medicada. A trepidação das pernas aumentava .chega o soro na veia com um remédio para anemizar a dor. Tudo parece girar.
A partir da porta de entrada do sector da emergência onde estavam os médicos, minha mãe foi impedida de me acompanhar. Eu seria conduzida rapidamente para a ala cirúrgica.
Segui sozinha em meio a um choro incontrolável.
-Calma, filha. . tudovai ficar bem. calma!-dizia minha mãe
Só consegui balbuciar algumas poucas palavras :
-Toma, mãe, fique com meus anéis. Estou ficando fraca. . . Muito fraca. . .
A evolução do meu quadro de inflamação ocorreu em poucas horas.
Já quase sem forças, senti os enfermeiros me sacudindo de um lado para o outro . Fui colocada na maca. Todos aguardavam os médicos para decidir qual procedimento seria executado. Estava consciente, mas já não tinha mais vitalidade para falar. As dores prosseguiam, crónicas. Da maca até à sala de cirurgias , sozinha, conseguia assimilar meus pensamentos com o resto de forças que havia no meu corpo . Não sei explicar, mas sentia que iria morrer . Essa sensação era marcante : eu estava caminhando para a morte .
Sozinha, jogada na maca, eu caminhava para tudo ou nada no bloco cirúrgico. As dores. A morfina já sem efeito. A vermelhidão por todo corpo. A fraqueza maior a cada minuto. A inflamação que se alastrava.
Fui colocada na mesa de cirurgia da UTI. E desacordei naquela madrugada do dia 30 de Novembro de 2014.
Perdi minha consciência. Perdi minhas reacções nervosas a qualquer estímulo. Minha sensação era de morte, mas os médicos prosseguiam na batalha para me trazer de volta a vida. Ficaria desacordada por muito tempo? Um dia? Um mês? Vários anos ? Para sempre ? Teria sequelas no meu corpo , caso voltasse a viver ? Perderia minhas pernas? Acordaria com lesões irreversíveis ? E se tivesse morte cerebral? E se voltasse em estado vegetativo ? E se tudo desse errado ?
E se morresse? Morrer ? Sim , é se morresse? O fim da vida aos vinte e sete anos. O que seria de mim? E da minha mãe? E do meu filho ?
E da minha alma?

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Desculpa a demora para postar peço que votem para que eu tenha forças para continuar

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