2. Chegada á Paris

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Meus pais não facilitaram em nenhum momento enquanto estávamos indo para o aeroporto. Mark me olhava a todo momento rindo debochado e as vezes soltando "Vocês não iam se separar, não é?" e começava a rir novamente. Minha mãe ficava quieta o tempo todo, até mesmo quando eu chorava pedindo a ela para ficar. Eles não deixaram minhas irmãs virem junto e por isso tive que me despedir e ver minhas pequenas chorando na frente da casa.

Entre eu e meus pais não houve despedidas, quando meu voo foi chamado apenas levantei, os olhei e sai andando para embarcar. Sem dizer uma palavra. O voo foi entediante e a única coisa que passava pela minha cabeça era que não veria mais Harry.

"Louis! Olha como você está lindo, lembra como minha filha corria atrás de você, ela estava tão apaixonada. Talvez vocês possam..." Minha tia começa a falar assim que seus olhos me veem.

"Sou gay. Achei que meus pais haviam falado o motivo de eu vir para cá. " Sorrio, ela fica constrangida, mas logo volta á sorrir.

"Talvez ela lhe cure, e você volte a ser homem." A ignoro pegando minhas malas começando a caminhar em direção ao táxi.

Tia Rita parecia nervosa e que queria me falar alguma coisa, já que abria e fechava a boca várias vezes. Ela me olhava de cinco em cinco minutos e depois de um tempo acabei me irritando com os olhares.

"O que você quer?" Me viro para ela olhando seu rosto carregado de maquiagem, os olhos azuis envoltos de uma grande camada de delineador e lábios vermelhos.

"Eu...Eu só preciso passar alguns recados que seus pais deixaram. Eles me falaram para comprar celular e notebook novos para você e que suas redes sociais serão supervisionadas por mim e por eles, caso tente falar com...aquele garoto." por um momento ela parece triste por mim, mas logo volta a sorrir debochada. "Mark está inconsolável com essa sua história, estou ganhando muito dinheiro com a sua estadia em minha casa."

"Ele está pagando para eu morar aqui?" Pergunto com raiva, tia Rita me olha como um pedido de desculpas, mas da sua boca sai apenas "Eu não poderia recusar".

O resto do caminho ficamos em silêncio, meus pensamentos estão todos em Doncaster, minhas irmãs estão lá junto ao meu irmão, meus amigos e...Harry. Como será que ele irá reagir quando perceber que fui embora, será que ele vai pensar que eu o deixei? Eu só queria que ele estivesse aqui, tudo que mais preciso é de um abraço.

XX

As aulas já haviam começado, o que significa que não tive escolha quando minha tia me acorda as 06:00AM falando que não posso me atrasar para o primeiro dia de aula.

"Isso é realmente necessário? Eu cheguei ontem..." Resmungo baixo, mas sou ignorado por ela que saí do quarto gritando para não demorar.

Me arrasto para o banheiro, fazendo minhas necessidades e tomando um banho rápido. Meu reflexo no espelho mostra as olheiras em baixo dos meus olhos pequenos e vermelhos de tanto chorar, me forço a caminhar até minhas malas e pegando a primeira roupa que aparece. A calça preta extremamente colada pela primeira vez me irrita, porém não troco, uma camiseta preta é a próxima coisa que vejo, termino de me arrumar colocando meus VANS. Pego a mochila que trouxe comigo e desço as escadas da minha nova casa.

"Louis, coloquei um caderno dentro da sua mochila. Venha tome seu café, o levarei a escola hoje." Ela diz quando me vê chegando na cozinha.

"Você tem um carro?" Pergunto e ela concorda. "Então porque foi me buscar de táxi ontem?"

"Estava com preguiça de dirigir, você vai perceber que quase sempre saio de táxi." Me sento na ponta da cadeira, onde Rita, como prefere ser chamada, colocou um prato com ovos e torradas. Como tudo rapidamente, ansioso para sair dessa casa.

A casa de minha tia não é horrível, mas a sensação que tenho é que estou preso, então mesmo que eu odeie a ideia de ir para uma escola nova ainda é melhor do que ficar dentro desta casa.

Percebo que a escola é enorme na mesma hora que minha tia para o carro em frente aos portões, o estacionamento está lotado de adolescentes, uns conversando e outros se agarrando. Desço do carro e logo vejo vários olhares virando para mim, tenho vontade de voltar para o carro, mas minha tia já estava longe. Encarando meu nervosismo, caminho para dentro da escola.

Apesar de me sentir extremamente deslocado, ninguém me incomoda e isso é maravilhoso, pois posso terminar esse ano sem ser percebido. Estou no último período do dia, me sentindo vitorioso por ter passado essa dia invisível, porém meus planos acabam quando um loirinho animado começa a cutucar minha cabeça o tempo inteiro.

"O que foi? Dá pra me deixar quieto!" Me irrito e viro para trás pronto para lhe xingar ainda mais, mas quando vejo os olhos azuis, me sinto mal de ter gritado com ele. O loiro parece triste consigo mesmo e em seus lábios se foram um pequeno bico.

"M-me d-desculpa. Não queria incomodar...S-só achei que q-quisesse companhia..." Ele diz baixinho e me odeio um pouco depois de ter falado daquele jeito com uma pessoa que só queria fazer amizade.

"Olha me desculpa,...Qual seu nome?" Ele murmura "Niall" o que me faz sorrir." Eu sou o Louis, desculpe Niall. Eu só não estou em meu melhor momento."

"Tudo bem, você é novo aqui, não é? Eu nunca vi você." Niall dizia animado e nem parecia estar triste a minutos atrás. "Eu já estou aqui a anos, meus pais decidiram que morar na Irlanda era entediante para eles e então viemos parar aqui. Como você veio morar aqui? Ou você só trocou de escola?"

"Respira, Loirinho. Eu me mudei de Doncaster, na verdade cheguei ontem aqui." Ele sorri e começa a falar sobre o quanto sua vida estava chata e que esperava que eu fosse seu amigo para dar uma animada.

Como se ele precisasse de mim para ser animado...

Acabou que conversar com Niall era muito fácil e no fim acabei contando a ele o motivo de estar ali, e diferente do que pensei que todos fariam, ele disse que não entende os homofóbicos e ainda fez piada dizendo que ele fica com quem quiser ficar com ele. Niall será um ótimo amigo.

XX

Depois de duas semanas morando em Paris, as coisas já estavam um pouco melhores. Mesmo que de uns dias pra cá eu venha tendo enjoos e tonturas, quando contei a minha tia, a mesma apenas disse que era drama meu para voltar para casa. Antes fosse. Já Niall parecia cada vez mais preocupado e insistindo que eu deveria ir á um médico, eu não queria ir, porém não tive escolha depois de desmaiar no intervalo da escola.

Sempre odiei hospitais, um lugar triste onde pessoas perdem familiares e amigos. E enquanto eu esperava o exame de sangue ficar pronto com Niall ao meu lado, tudo que eu pensava era que queria ir embora.

"Niall, eu não tenho nada. Vou embora." Me levanto pronto para sair daquele lugar, porém Niall segura meu pulso e me faz coltar a sentar.

"Senta essa sua bunda enorme nessa cadeira, Tomlinson. Nós só vamos embora quando descobrimos o que você tem!" Bufo e cruzo os braços fazendo bico, demora mais 10 minutos para o mesmo médico que falou comigo antes volte fazendo sinal para o acompanharmos.

"Então...Louis temos que conversar..." Ele diz depois de entrarmos em sua sala e sentarmos nas cadeiras.

"Doutor, meu amigo está bem, não é?" Niall o interrompe, o médico sorri e se volta para mim.

"Como eu ia dizendo, temos que conversar. Louis, você sabe que há uma pequena parcela de homens que podem engravidar, você já deve ter ouvido falar." Aceno com a cabeça, não sei onde ele quer chegar com essa história de gravidez.

Eu não posso ter um filho!

"Louis, você é um desses homens. Parabéns, você terá um bebê." Ele termina sorrindo como se ele fosse o pai. Niall me olha com expectativa, como se esperasse que eu ficasse super feliz, mas eu só penso que Harry não está aqui comigo.

"Não...Não posso, Niall...Eu não posso ter um bebê!" As lágrimas começam a cair pelo meu rosto, sinto os braços de Niall circularem meu corpo, mas não consigo me mexer.

Um bebê. De Harry.

XXX

Always Yours |L.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora