Prólogo

373 29 16
                                    

Acordei desorientado. Mais uma vez, o despertador tocava incessantemente. Bati minha mão esquerda na cômoda tentando cegamente desliga-lo. Depois de algumas tentativas, finalmente o faço, me levantando às pressas. Caminhei até o banheiro, onde fiz minhas higienes costumeiras. Voltei ao quarto e vesti meu uniforme que já havia separado na noite anterior. Ouvi minha mãe chamando-me e, assim, me dirijo até a origem da voz.

- Bom dia, mãe. – Digo depositando um selo em sua testa. – O que temos hoje?

- Bom dia, filho. Fiz omelete com bacon, para relembrar os velhos tempos.

- Hmmm, que delícia. Obrigado.

Sentei-me em uma das cadeiras, dispondo a observar meu pai lendo um jornal ao outro lado da mesa.

- Bom dia, pai. – Consigo pronunciar.

Ele abaixa o jornal e assente com a cabeça. Minha mãe serve-nos e eu, mal acabando de comer, já me retiro dali.

- Já vai, filho?

- Tenho que chegar mais cedo no colégio, mãe. Vou ter que recepcionar os alunos novos.

- Alunos novos? Mas estamos no meio do semestre!

- Estranho, né? Parece que eles são transferidos.

- Boa sorte, então!

- Obrigado. – Despeço-me deles e corro o mais rápido que posso em direção ao ponto de ônibus, já que havia o risco de perde-lo.

Felizmente, o transporte chegou e eu me encontrava lá. Cumprimentei o motorista que já me conhecia como praxe e sentei-me na poltrona mais ao fundo, perto das janelas direitas. Passei o caminho inteiro até a escola observando a paisagem rolar, com meus pensamentos fluidos.

Sem que eu percebesse, já havia chegado ao meu destino. Recolho a mochila e desço do ônibus, indo de encontro aos meus colegas de classe, que já estavam me esperando no portão. Um deles acena para mim, com um sorriso estampado ao rosto.

- Demorei muito? – Pergunto.

- Uns 10 minutos, talvez. – Responde um mal-humorado.

- Que nada! A gente acabou de chegar aqui, Jackie. – Retruca o sorridente.

- Que bom, Jae. – Passo a mão em seu cabelo negro, bagunçando-o. Ele sorri de volta.

- Vamos entrar logo. – O mais novo revira os olhos.

- Os tais novatos já chegaram?

- Ainda não, mas o pessoal do Conselho Estudantil já mandou nos chamar... parece que você vai ser o presidente do Comitê de Boas-Vindas de novo.

- Sério? Qual é a do Jinyoung? Ele sempre me escolhe para essas coisas! – Paro abruptamente e cruzo os braços em indignação.

- Você é muito gentil, bonito, inteligente e popular! Todos gostam de ti! – Youngjae elogia.

- Mas ser babá dos calouros é um saco! – Bufo continuando a caminhar.

- Eu sei disso, mas lembre-se que todos nós já fomos novatos e tivemos um orientador, agora é a vez deles.

- Eu sei, Yug. Eu sei...

- Aish, hyung... vamos logo. – Yugyeom agarra aos meus braços e puxa-me em direção ao prédio principal da escola. Youngjae tenta acompanhar a nossa velocidade, mas acaba tropeçando no próprio pé e ficando para trás.

Finalmente chegamos à sala do Conselho Estudantil. Dou de cara à um Jinyoung claramente estressado com alguma coisa inútil.

- Que cara é essa, presidente? – Pergunto provocando-o.

Jinyoung era um cara de personalidade forte, amava mandar nas pessoas. Mas por trás daquela pose de machão, escondia um garoto extremamente doce e inteligente, sempre acolhendo e ajudando as pessoas. Seu papel de presidente é muito mais que merecido.

- Está atrasado. – Ele diz se levantando da poltrona. Seu uniforme perfeitamente ajeitado e o cabelo escuro penteado davam-no um ar de mauricinho típico de meninos ricos.

- Desculpa, só tinha ônibus nesse horário.

- Tá, tá. – Ele assente e aponta para uma cadeira, do outro lado da mesa onde ele se encontrava. – Sente-se. – Faço como o pedido e ele me acompanha, apoiando os cotovelos em cima de algumas folhas. – Você vai ser o responsável pelos novatos. Vai acompanha-los e dá-los todo o suporte necessário para que sejam muito bem recebidos.

- Por que eu, Jinyoung?

- Porque você sabe lidar com as pessoas. Lide com eles.

- O que eu vou ganhar em troca? – Me aproximo dele, sussurrando.

- Vai ganhar dispensa das atividades do Conselho Estudantil por uma semana.

- Um mês. – Barganho.

- Duas semanas e nada mais que isso. – Ele retruca.

- Feito. – Levanto-me da cadeira e me dirijo a ele, que também já estava de pé. Cumprimento-o e me viro ao Yugyeom, que estava escorado na parede, e ao Youngjae, ofegante pela corrida. – Então, quando esses alunos novos chegarão?

***

O professor estava entrando na sala, junto dele, três garotos que deduzi serem os tais novatos. Não vou mentir, fiquei decepcionado ao perceber que todos eram do sexo masculino, tinha esperanças de alguma garota bonita aparecer. Mas ao invés disso, me deparo com um ruivo extremamente alto, de olhos tão puxados que nem se via a brancura deles; um outro, um pouco menor que o anterior, com cabelos em um tom mel e um sorriso avassalador, com dentes pontiagudos; o terceiro era intrigante: vestia roupas de marca – pode não ter tido tempo para comprar o uniforme -, seu cabelo era num tom de branco nunca visto por mim antes, a não ser em pessoas mais velhas, não sei se é tinta, ou se é natural; tanto o primeiro quanto o último garoto tinham diversos piercings nas orelhas, deixando-os com um ar de delinquentes, intimidando-me tanto quanto os dentes afiados do segundo.

- Alunos, - O professor começa a pronunciar. – Estes são Im Jaebum, Mark Tuan e... desculpe-me, como pronuncio seu nome?

- Não se importem com a pronuncia tailandesa. Podem me chamar de Bambam, muito prazer em conhece-los. – O último termina a fala e lança-me um olhar tentador, o que me causou um arrepio desde a espinha até os dedos do pé.

Cherry BlossomOnde histórias criam vida. Descubra agora