A aula do senhor Foster estava monótona, ele é um bom professor, gordinho bochechudo com oclinhos redondos, sempre com um sorriso e um entusiasmo descomunal para hora do dia, apesar de ter uma careca com apenas alguns pelos brancos no centro, Richard Foster apresentava uma bela cabeleira castanha misturada com grisalho nas laterais de seu cabelo. Nesse momento ele estava ticando alguma coisa em sua caderneta do Star Wars, eu já havia terminado a lição que ele pusera na lousa ─ Richard era diferente dos outros, "essas porcarias de apostilas, eu vou dar a vocês oque precisam ao invés dessas chatice 'desenho um trecho do poema' grande porcaria" ele fazia a voz da diretora quando imitava a apostila.
O sinal ecoa, todos meus materiais se encontravam dentro da bolsa de jeans surrado, Taylor havia me dado essa bolsa na sétima serie, nunca tive coragem de me desfazer, na argola haviam dezenas de chaveiros ─ que por sua vez faziam mais peso o que todos meus materiais juntos; eram todos de lugares e eventos que nos fomos, era um costume da mamãe sempre levar algo de algum lugar que ela fosse, algo especial. Apesar da diversidade nos chaveiros, a maioria não tinha nada haver com suas origens, por exemplo a pequena estatua de Atena não foi comprada na Grécia, mas em uma feira regional de Historia. Oque mais importa, são as lembranças. Todas elas me diziam "ligue para Taylor". Todos materiais estavam lá, menos minha bolsinha de desenho e meu caderno da mesma finalidade. Eu estava desenhando dois pares de olhos, intensos e hipnotizantes, os olhos sorriam pra mim, como se estivessem vivos.
Sinto um toque suave em meu ombro, quando levanto minha cabeça, dois grandes orbis azuis sorriam pra mim, olhos idênticos ao do meu desenho, só que mais vibrantes e elétricos.
─ Oi Sofi, gostou do senhor Foster? ─ ela fala com tom amistoso. Eu escondo meu desenho com a mão, discretamente.
─ Ele é muito engraçado e explica bem... ─ antes da minha conclusão Nath me interrompe, com sua animação contagiosa.
─Sim ─ ela da saltinhos com o fichário entre seu braço e seu peito, ─ eu estive pensando, você é nova aqui...
As bochechas de estavam ficando rosa, o s olhos dela brilhavam, talvez fosse a luz do sol que os deixasse mais claros.
─ Se você não tiver nada pra fazer, posso levar você agora pra conhecer a cidade ─ concluiu com a voz baixa.
Eu tinha muita coisa a fazer, arrumar meu armário, ligar pra Taylor e contar sobre tudo, e praticar, mas tudo que consigo dizer é:
─ Vamos então ─ digo olhando sua face iluminada.
O clima da cidade nova é muito mais quente do que o da antiga, aqui o sol esta sempre sorridente, não há nuvens, as pessoas cultivam flores em suas janelas, não há lixo e nem um morador de rua, todas as portas ficam abertas e a policia daqui é sorridente.
Em uma hora de passeio eu conheci os principais pontos de referencias da cidade, por exemplo o Museu/Galeria de Belas Artes, o shopping, o centro cultural e os restaurantes que Nath mais gostava ─ por algum motivo ela amava comida picante.
Só passamos em frente eles, Nath fez a promessa de que me traria pra conhecer cada parte. Passamos por varias estatuas e monumentos, fontes e praças.
Em uma hora de passeio também descobri muito sobre Nath, sua cor preferida é roxa e ela adora bandas emo, cresceu a vida toda na mesma cidade e na mesma casa, gosta de roupas fora de moda e apesar de não saber, adora cantarolar quasse em tom inaldivel, gosta de assitir os filmes primeiro e depois ler os livros, como Taylor gosta de assistir desenhos japoneses, tem aversão á tumultos e discussões e odeio fazer compras.
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O Ateliê De Sofia
RomanceNão importa quanto tempo passe, a lei do retorno não falha, está história é apenas uma história que pode ter existido ou não. Cabe a vós decidir, acreditar, ou não acreditar, toda arte nasce de uma verdade, e toda verdade se encontra na vida, e como...