Ela, Ele e Uma História (Parada)

E agora?

Bem, e agora? Como é que eu me vou livrar destes tipos? Pensa, pensa ... Vá lá, cérebro! Eu tenho que fazer alguma coisa. Eles são mais fortes do que eu. Maiores do que eu. Eles já me conhecem a cara  e eu nem imagino como é que eles parecem. Eu já os ouvi falar, mas não reconheço a voz. Apenas sei que eu deles tem um sotaque inglês, mas nesta cidade quem é que não tem um sotaque qualquer? Numa cidade tão grande como esta em que há imigrantes de todos os paises, encontrar uma pessoa que não tenha sotaque é como encontrar uma agulha num palheiro.

Estavamos a caminhar em direção a um 'mustang cobra 1965'. Bem, eu estava a ser puxada para esse carro, mas vamos deixar essa observação para outro momento. O rapaz que tinha a arma colocou-a debaixo do seu casaco preto com carapuço, presa na beira das calças, antes de sairmos do café e agora caminhava um pouco mais a frente de nós. Sim, 'nós'. Este gajo ainda não largou o meu braço desdo momento em que coloquei a minha mochila e tenho a certeza que o meu braço vai ficar todo negro devido a força que ele esta aplicar nele.

"Entra." Ele disse, finalmente largando-me e abrindo-me a porta do carro. Agora que eu reparo, este carro so tem duas portas e, ó meu deus ... dois lugares. Eu fiz como ele mandou e sentei-me no banco do passageiro. Olhei para o lado e vi o outro rapaz sentado ao meu lado, olhando-me de uma forma estranha.

"Hey bro, ela não pode ir aqui. Onde é que tu de vais sentar? Em cima dela? Eu sei que tu achas que és leve , mas tens que ver que ela deve ser fragil de mais para tu sentares esse rabo gordo em cima desta coisinha." Que rude! Eu não sou uma coisinha qualquer para ele estar a falar de mim assim.

"Importas-te de calar essa tua grande boca? Eu não me vou sentar em cima dela." Senti-me um pouco mais aliviada com esta informação. Mas assim que ouço as proximas palavras, as preocupações e o panico voltam a atacar o meu coração.

"Então vais po-la no porta-bagagens?" O rapaz que esta sentado ao meu lado pergunta enquanto liga a ignição do carro. Eles os dois começam a rir-se.

Eles só param quando uma soluço suave sai da minha garganta. Eu estou a ter um ataque de panico e eles a rirem-se como se raptar uma pessoa fosse a coisa mais normal para se fazer numa sexta de manhã.

"Estas a chorar?" O rapaz que esta fora do carro pergunta suavemente, depois de se agachar e virar-se para mim. "Ele estava a brincar contigo. Tu não vais para o porta-bagagens. Estava bem ?" Ele diz colocando a mão debaixo do meu queixo, obrigando-me gentilmente a olhar para ele. 

Fechei os meus olhos fortemente assim que ele me tocou. Numa tentativa de parar as lagrimas, que já me escorriam por toda a cara.

Quando eu não respondi a sua pergunta, ele suavemente começou a acariciar a minha bochecha com o polegar da sua mão que anteriormente estava no meu queixo. Eu não sei muito bem como, mas aquele pequeno gesto ajudou-me a acalmar a minha respiração.

"Sim." Eu disse num suspiro. E assim que este retirou a mão da minha bochecha, abri os meu olhos para me deparar com aquelas duas estrelas que ele tinha no lugar dos olhos. Olhos estes que eu não conseguia decidir de que cor eram. Ao inicio pareciam verdes, mas agora o cinzento era a cor que eu escolheria para eles.

"Ainda bem." Ele disse suavemente enquanto se levantava. Mas não antes de eu ver os seu labios mexerem-se debaixo da mascara preta, num movimento que eu penso ter sido um sorriso.

"Importas-te de te despachares?" O rapaz no lugar do condutor disse com uma voz de aborrecimento. "É que nós não nos queremos cruzar com a policia... digo eu." Ele disse ironicamente, enquanto fazia o carro rugir.

"Sim. É melhor não arranjar-mos problemas com esses." O rapaz a minha frente disse, empurrando-me para a ponta do banco. Ganhando espaço para se sentar e fechar a porta logo de seguida. Após isto o carro arranca com um grande grunhido libertado pelo o motor. E estamos em andamento para eu não sei onde. Ótimo, nota para o sarcasmo.