Eu devo estar a ouvir coisas. É a única explicação para o que eu acabei de ouvir.
"Ouviste o que eu te disse?" Ele disse com um tom de voz mais calmo.
Virei-me para ele, ainda estupefata, e assenti com a cabeça.
"Eu não te vou fazer mal nenhum se tu falares comigo, sabes ?" Ele disse enquanto se virava para a frente. Eu fiquei, mais ou menos, dois minutos a olhar apara ele, antes de engolir em seco e lhe responder.
"Não."
Com esta resposta ele virasse rapidamente para mim. Eu recuei o mais possivel, encostando as minhas costas o mais possivel a porta do carro. Ele olhava-me com uma emoção. Uma emoção que eu não sabia se era magoa, tristeza ou, simplesmente, raiva. Mas essa emoção estava espalhada por toda a sua cara.
"Porque é que dizes isso? Eu não te fiz mal nenhum. E acredita que o meu amigo queria ter-te tratado muito pior." Ele disse calmamente e olhando-me diretamente, como se ele pode-se ver atraves da minha alma.
Em vez de lhe responder fiquei paralisada olhando-lhe nos olhos. O que foi uma péssima ideia, visto que a proxima coisa que ele fez foi aproximar-se de mim de puxando-me pelo braço, fazendo com que as nossas caras ficarem a apenas dois dedos de distância.
"Eu fui assim tão antipático para ti?" Ele sussurrou perto dos meu lábios. Eu juro, se ele não me assustasse tanto como ele assusta eu teria-o beijado ali mesmo. Aquela voz rouca e suave, saindo daqueles finos e rosados lábios eram só por si um antro de perdição. Mas assim que desviei o meu olhas para cima, foi como se o meu corpo tivesse perdido todo o seu calor, mergulhando a minha mente outra vez no medo. Pois deparei-me com aquelas suas duas esferas focadas em mim, frias e sem sentimento algum nelas expresso.
Sem conseguir olhar mais para aquele olhar frio, desviei a minha atenção para onde as nossas peles se tocavam violentamente. Sentindo, logo, um ardor no braço, pois ele tinha voltado a pressionar tamanha força que o meu braço ja se encontrava com hematomas que seriam dificeis de encobrir. Ele também deve de ter olhado para lá, pois a sua proxima ação foi largar-me e afastar-se o mais possível.
Peguei no meu braço e suavemente tentei aliviar a dor que sentia, mas o único resultado foi um suspiro de agonia, que escapou pelos meus lábios secos.
"Eu...Bem, eu não... " Ele tentou formar uma frase. "Desculpa. Eu não te queria ter magoado. A sério. Eu não tinhas intensões de te..." Ele não acabou a sua frase. E eu com curiosidade, levantei o olhar, encontrando-o com um ar de arrependimento e culpa tão marcantes que ele parecia que iria começar a chorar a qualquer momento.
"Podes me deixar ir embora?" Eu disse com a voz baixa. "Eu prometo que não digo nada a ninguém e tu nunca me voltaras a ver..." Eu tentei persuadi-lo a deixar-me ir. "A policia não saberá de nada ... por favor ..." A minha voz estava frágil e rouca devido ao meu pequeno momento de choro anterior.
Ele apenas abanou a cabeça negativamente. Voltou-se para o volante. Colocou o cinto de segurança. E começou a conduzir, mas não sem antes olhar mais uma vez para o meu braço negro, que se encontrava perto do meu peito e protegido pelo meu outro braço.
...
Abro os meus olhos deparando-me com o mau tempo que se encontra fora deste carro. Acho que devo ter perdido a consciência por alguns minutos. Olho para o relógio que se encontra por cima do pequeno rádio que o carro possui, e reparo que passaram mais ou menos quinze minutos. Adormeci por apenas quinze minutos.
Agora que noto, o carro esta estacionádo. E o lugar do condutor está vazio.
Olho para fora da janela e vejo um sinal grande... tem a forma de uma cruz e está envolto por paineis de luzes verdes, formando uma sequência que se expande do centro para o exterior da cruz sem parar. Este sinal verde deixa-me logo saber que é uma parafarmácia.
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Ela, Ele e Uma História (Parada)
RomanceMomentos. Os momentos marcam-nos, quer psicologicamente quer fisicamente. Convido-vos a entrarem na minha extremamente animada e divertida vida.... Esta bem, agora a verdade: A minha vida não é nada de especial, vou para a escola, estudo, durmo (sim...