Passei mais uma semana no hospital, até que me deram alta e pude voltar para o meu apartamento. Como minhas amigas trabalhavam em horários diferentes (Edna: enfermeira do HBH, Lívia: arquiteta e Bia: coordenadora dá forever 21 de Bh) então cada uma ficou um turno comigo e a noite todas vinham, eu achava que estava atrapalhando elas, mas as mesmas deixavam claro que queriam ficar comigo. Até que um dia todas tinham compromisso no mesmo horário e eu disse que tudo bem, pois precisava aprender a me virar sozinha denovo, minha infância havia passado a tempos. Como estava sem fazer nada em casa e SOZINHA, mais ou menos as 16h pensei em arriscar um passeio pela praça perto do prédio. Arrisquei. Tudo estava tranquilo, as pessoas não olhavam tanto quanto pensava e a brisa estava ótima, até que vi o café favorito do bairro e com muito desejo, resolvi tomar um caputino. O problema era que meu desejo estava localizado do outro lado da rua e havia uma calçada a descer, mas o instinto desafiador falou maior então fui tentar. Deu errado. Fiquei presa com as rodas dá frente na rua e as de trás na calçada. Fiquei desesperada. Até que do nada alguém apareceu e me levou pra o outro lado da rua com toda delicadeza. Adivinha! Miguel. O encarei quando cheguei em frente ao café, ele sorria e disse:
- Pronto moça, chegamos no lugar que você queria!
- Não pedi nada a você - falei de cara séria.
- Mas eu quis ajudar você.
- Mas não preciso de sua ajuda.
- Você tem toda razão, mas como estávamos indo para os mesmo lado resolvi acompanha-la.
- Melhor está sozinha!
- Dizem que andar acompanhado trás mais segurança. - ele disse com uma cara de especialista dá segurança sorrindo.
- Sério isso?! - segurei um riso para não ter intimidade.
- Sim. Você aceita um café?
- Haha, eu tomando um café acompanhada do cara que quase me matou?! - disse irônica e o sorriso de Miguel foi substituído por uma expressão triste. Isso me deixou meio mal.
- Eu sei que me odeia e tem toda razão, mas eu só quero seu perdão e sei que isso é um pouco difícil de acontecer, mas apenas queria ser seu amigo, não para você esquecer o que aconteceu que é impossível, nem por pena se é isso que pensa, mas para ti conhecer, mas você tem razão de não me querer por perto, eu mereço. - disse quase chorando, aquilo era sincero, senti de verdade e como tenho coração fraco e não sou dura o quanto quero, disse:
- Você frequenta esse café sempre?
- Sim - disse se surpreendendo.
- Já experimentou o famoso caputino ouro de minas?
- O melhor do mundo!
- Concordo e desejo um agora!
- Seu desejo vai se realizar junto ao meu!
Então fomos!
Depois de tomarmos caputino e conversarmos, ele me levou para casa (claro, tentei ficar fechada pois isso não é normal nesse caso, mas o sorriso e suas conversas eram tão empolgantes que foi um pouco impossível manter a pose!).
Ao chegar em frente ao condomínio, as amigas e minha irmã me esperavam super curiosas para saber quem era meu acompanhante, e ao ficar em frente a elas...
- Olá meninas - falei.
- Olá - falaram em coro.
- Onde estava amiga?- Edna
- Fui na praça respirar.
- Pelo visto respirou muito bem! - Lívia e olhei pra ela com um olhar ameaçador segurando o riso.
- Esse é o Miguel. - elas olharam surpreendidas.
- oi meninas - falou Miguel sem jeito.
- oi - em coro outra vez.
- Bem, vamos entrar né?!- falei para quebrar o pequeno silêncio - Tchau Miguel - disse me virando para ele.
- Tchau e qualquer coisa é só ligar. - disse me entregando um cartão.
- Está bem, mas não vou precisar - falei dura, mas me arrependi um pouco, seu sorriso se fechou. Então acenou pra as garotas e foi embora.
As garotas olharam pra mim e Bia disse:
- Foi bem grossa, viu a cara dele?!
- Também achei, mas só um pouco, o passado não pode ser esquecido.
- Mas isso não é o foco gente. Você estava com Miguel, vocês estavam passeando juntos! - lembrou Lívia.
- Eu encontrei ele por acaso tá e depois dele insisti, fomos ao café sonhos de BH, pronto. - elas olharam pra mim com o olhar de "Sei".
- Quando disse quem era ele confesso que fiquei pasma e com vontade de passar na cara dele, mas segurei pois sei lá, percebi que ele não era como imaginei e que você conheceu ele bem... - Edna querendo saber mais assim como as outras. Então fomos para casa e eu contei tudo.
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Sinal vermelho
RandomLia era uma enfermeira dedicada ao trabalho e a sua irmã Emilly (que cuidava desde a morte de seus pais). Até que em um dia normal, ao atravessar o sinal vermelho, ela foi atropelada, acidente que transformou sua vida completa. O que ela não sabia é...