Acordei com um cheiro insuportável de hospital exalando em todo local, tentei abrir os olhos, mas a luz era clara demais para abri-los.
Aos poucos comecei a enxergar de forma mais clara, e sim, eu realmente estava numa cama de hospital, com vários aparelhos conectados a meu corpo, mas como dormi apenas uma noite e já estava nesse estado? Só me lembrava de uma batida, e depois uma escuridão.
Minha vontade era gritar por socorro, mas não continha forças, analisei a sala, cheia de presentes, balões, ursinhos de pelúcia e cartas. Procurei algo mais interessante com minha visão, e avistei um calendário, forcei a vista e vi ser setembro. Mas como setembro? Até a última noite era junho.
Milhões de pensamentos ecoavam em minha mente, e a minha vontade era de sair correndo, sumir, ou apenas gritar, coisas que eu não estava conseguindo fazer.
Tentei me apoiar para cima, ficar sentada na cama, e ao tentar me empurrar para o travesseiro com os pés, eu mal conseguia movê-los, para sequer movimento, nem sentia minhas pernas.
E então eu entrei em desespero, mentalmente claro.
Por sorte, Bea, minha irmã, entrara naquela sala, e ao me ver, saiu correndo, gritando por um médico.
-Ela acordou céus! Ela acordou! -ouvia-a gritar
Passados menos de um minuto, um médico aparece, depois de muitos exames, perguntas e testes, eu tenho uma explosão de sentimentos.
-Como assim mamãe morreu Bea? -começo a chorar involuntariamente
-No acidente... Ela não aguentou, morreu na mesma noite. -comprimiu os lábios
-Não pode ser. -Passei as mãos pelo rosto tentando conter o choro- Quanto tempo eu dormi?
-Três meses. -falou calma
-Por favor Deus, me diz que isso não está acontecendo. -falei em meio a soluços
-Calma Laura. -diz colocando as mãos em volta de minha costa para um abraço- Vai ficar tudo bem, eu tô aqui.
-Não Bea. -me balancei soltando-me de seus braços- Eu não tenho o movimento das pernas, não tenho mais minha mãe, eu não vou ter a minha vida de volta. -falei chorando desesperada
-Eu entendo que você precisa de tempo pra pensar. Vou te deixar sozinha um pouco. -diz pegando sua bolsa e se levantando
-Onde eu vou morar? -falo quase em sussurros de cabeça baixa
-Comigo, na casa do papai.
-Eu não posso estar vivendo isso. -falo voltando a chorar
-Ele está te esperando desde o acidente pra aquele fim de semana que haviam combinado de passar na floresta. -comprimiu os lábios- Ele está com saudades Laura. Nós te amamos. -Diz, logo depois suspira e sai da sala
Minha vida estava começando a ficar de cabeça pra baixo, tenho dezesseis anos, estou estudando, como vou continuar com minha vida, me lembro de ter acabado de sair de um teste para dançar numa companhia de dança profissional, lembro-me de passar, e logo depois, um acidente.
Por que comigo Deus? Por que assim? Tudo que eu gosto parecia num piscar de olhos, ter sido retirado de mim.
Depois de muita reflexão, o médico reaparece.
-Laura, pra não ser muito técnico, vou deixar tais informações para seu pai quando a vir buscar. Você terá alta amanhã. -diz calmo, apenas assinto respirando fundo- Não é o fim do mundo Laura, no começo é difícil, mas as lutas não são entregues a vitória sem esforço.
-Doutor, o fim já foi a muito tempo, o meu mundo não existe mais. -suspiro tentando não chorar- Eu só preciso da minha vida de volta. -me jogo para trás, levando as mãos ao rosto
-Bom Laura, já disse o que precisava, é melhor você descansar. -fala pigarreando e em seguida saindo da sala.
Depois de todas as refeições do dia, deu minha hora de dormir, o que não foi fácil, depois de muitas tentativas, eu finalmente pego no sono, e tenho um sono peculiar.
-Mãe eu nem acredito que passei! Eu realmente passei! -falei ligando o rádio
-Sim querida, eu disse que você ia passar. -falou feliz sem tirar os olhos da estrada
-Que música quer?
-Love with your Life. -falamos juntas, no óbvio, então eu a coloco e começamos a cantar.
-"But people we were meant to blaze" -cantávamos juntas com entusiasmo o início da música.
E em meio a nossa cantoria, apenas vejo um carro vindo em velocidade a nossa direção.
-Mãe! O carro! -grito, mas a batida foi rápida demais
Passados alguns minutos, a música ainda tocava, e minha mãe estava quase desacordada, assim como eu.
-Mãe. -falei quase sem forças
-Filha, eu te amo meu bem. -falou sorrindo fraco, perdendo fôlego, e sangue
-Eu te amo mamãe.
E tudo começou a girar, a última coisa que ouvi, foi o último soar da música tocar no rádio do carro, que estava quase em pedaços.
"Til' the night has come and gone. There's a hope that lives in you"
Depois disso, tudo escureceu.
Acordei após esse sonho, e ao e lembrar de mamãe, de sua morte, do nosso último momento, começo a chorar como uma criança, pedindo apenas para ela assim como eu, despertasse de seu sono, mas infelizmente não podia. Ela não estava comigo mais.
Continua.
HEEEY PESSOAL, ESSE CONTO É EXCLUSIVO PARA O PERFIL AnaLuizaGrecco COM OS DESAFIOS DA "EU SOU, EU ESCREVO", E ESTOU PARTICIPANDO COM MUITO CARINHO.
OBRIGADA :)
![](https://img.wattpad.com/cover/95152274-288-k384567.jpg)
YOU ARE READING
Love with your Life
Historia CortaLaura sentia poder enfrentar tudo, mudar de escola, divórcio de seus pais... Mas perder o movimento das pernas, e sua mãe em um acidente de carro, foi algo que ela nunca imaginou ter que enfrentar. "Nós pensamos que pode acontecer com todos, me...