Quando o telefone tocou, Morgana olhou para o aparelho com o seu corpo trêmulo. Com certeza eram os cobradores reclamando das contas atrasadas. Na atual situação financeira de sua família, não era possível pôr em dia todas suas obrigações. As contas de luz já passaram do prazo e, se não fossem pagas em breve, ficaria no escuro.
Desde que fora despedida do último emprego como vendedora de uma loja de sapatos, Morgana não conseguira arrumar outro serviço. Embora o trabalho fosse muito pesado e o salário fosse apenas o piso de vendedor, ao menos haviam comissões que completavam sua renda. Mas quando o dono da loja passou o ponto, o novo proprietário se instalou com sua própria equipe de funcionários. Acertou as contas com os antigos e nem precisaram cumprir aviso prévio, foram todos despedidos.
Morgana estava com dezenove anos. Quando terminou o Ensino Médio, dois anos antes, fez um curso sobre dinâmica de vendas, o que lhe possibilitou concorrer à vaga na loja como vendedora logo que completou dezoito anos. Durante um ano deu o melhor de si na esperança de um aumento de salário, mas a única coisa que ocorreu foi sua inesperada demissão.
Helena, sua mãe, ficara muito desapontada e preocupada com o que seria de sua família até que Morgana se empregasse novamente. Começara a vender salgados e doces para a padaria próxima de sua casa. Todos diziam que Helena tinha mão boa para a cozinha e todos seus pratos eram aprovados.
- Morgana, você não vai atender esse telefone de uma vez? - Gritou Helena da cozinha, tentando se fazer ouvir apesar do alto ruído do liquidificador que batia uma massa.
- Pra quê, mãe? Eu estou cansada de ouvir a mesma coisa de sempre: ''Você deve isso, você deve aquilo''. - respondeu a jovem, da sala, onde analisava seu currículo e tentava de alguma forma incrementá-lo. Entregava várias cópias em todas as lojas da região mas estava realmente difícil conseguir um emprego ainda mais na situação de crise que o país estava enfrentado. -Além disso, mãe, não estou afim de mandar ninguém ir se ferrar hoje.
- Atenda! Deixe sua teimosia de lado, minha filha, quem garante que não é uma proposta de emprego? Nunca devemos perder as esperanças. Se acreditarmos que tudo dará certo, as coisas se tornam mais fáceis.
- Não, mãe, agir assim só piora tudo. Criamos uma ilusão de que nossos planos irão dar certo e, quando não dão, ficamos frustados. O tombo é bem menor quando estamos com os pés no chão.- Respondeu Morgana, deslizando a ponta de seus dedos em meio de seu longo cabelo castanho.
- Certa vez vi um documentário que explicava o que era a Lei da Atração e como nossos pensamentos influenciam nossas vidas. Dizem que, nossa mente tem um grande poder. Se pensarmos no bem, com certeza iremos atrair para nosso interior coisas boas. Confie em mim, minha filha, o tombo é bem menor quando você está com um pé no alto e outro pé firme no chão. - afirmou Helena, que viera até a sala, enxugando suas mãos no avental.
Morgana não discutiu. Logo o barulho cessou. O telefone havia parado de tocar. Era sempre assim, mesmo em momentos difíceis sua mãe permanecia de cabeça erguida e cheia de frases inspiradoras que a animavam. No começo, Morgana aceitava-as com boa vontade, mas agora começava a se desiludir. Nada estava dando certo.
- Minha querida - Pediu Helena em tom gentil -, estou com a encomenda da dona Francisca pronta. Você não quer me ajudar, deixando os pães de queijo dela com o marido, na banca de jornal?
- Entrego, sim - Morgana se levantou do sofá que já estava todo arranhado - Posso levar a Melissa comigo?
- Pode. Ultimamente ando sem tempo para sair com ela. Ela deve estar sentindo falta do barulho das ruas.
Morgana sorriu. Era uma linda moça. Morena, cabelos castanhos e lisos que lhe tocavam a cintura e olhos tão verdes quanto a folha de uma árvore, Morgana sempre despertava o interesse de rapazes e garotas, mas nunca se fixara em ninguém até conhecer Noah.
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Love, don't say goodbye.
Ficção CientíficaMorgana é uma jovem comum. É boa filha, trabalhadora e, possui um sonho: apaixonar-se. Ela encontra o amor ao conhecer Luan, um rapaz de bom coração, mas que dá demasiada atenção aos comentários e opiniões alheias, sufocando dentro de si suas ideolo...