LUA (Pausada)

Capítulo 7

A Lua Chora Está Noite.
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*Matthew*

Assim que desliguei o telefone fui limpar o banheiro. Fazer isso meia noite não é muito agradável mas se meu pai entrasse ali seria capaz de chamar o FBI.

Não demorou muito para eu terminar então tomei um banho. Quando sai do banheiro eram 1:45 da madrugada.

Fui para o quarto de meu pai para ver se ele estava acordado. Abri uma fresta da porta e pude vê-lo em sua cama no notebook fazendo algo provavelmente relacionado ao trabalho.

_Como está a Luanna?... Você falou que iria ajudá-la mas não falou pra quê. - disse ele sem tirar os olhos da tela.

_Bem... - não sabia se poderia falar pra ele e isso me deixava muito abalado. Não podia confiar no meu próprio pai pra dizer "sua filha precisa de você". Ele não se importava. - ela só ficou presa no banheiro e eu tive que arrombar a porta.

_Agora terei que chamar alguem pra consertar aquela droga de porta... Muito obrigada Mathew. - a ironia era notável no seu tom de voz. Ele fechou a tela do not e se virou na cama para dormir.

Deixei ele ali e fui pro meu quarto. Deitei na cama e não parava de pensar na Lua. O que aconteceu com ela pra estar tão ... Abalada? Eu vou descobrir.

Em meio meus pensamentos acabei adormercendo.

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*Luanna*

Acordo com a luz do sol invadindo meu quarto e sinto uma pequena ardência em meus pulsos. Olho o relógio, 12:45 da tarde. Como Mathew pode me deixar ali? Eu ainda tinha que ir pra escola. Mas talvez tenha sido o melhor a fazer, eu realmente não queria ver ninguem. Nem mesmo uma imagem minha refletida no espelho.

Afundo meu rosto do travesseiro e começo a chorar sem parar. Lembrei-me das senas horríveis que ocorreram na noite anterior, a minha vontade era de morrer ali mesmo. Mas eu não podia, havia pessoas que iram sofrer com a minha partida como Mathew e até o papai.

Argh, a quem eu quero enganar? A verdade é que sou fraca.

Depois de meia hora de lágrimas atras de lágrimas escuto alguém batendo na porta. Ela não queria atender, nem perguntar quem é.

_Lua? - sem resposta - Luanna? - ele entrou sem ser convidado. Eu estava na cama totalmente imóvel.

_Oque você quer?

_Levante. Não foi pra escola no segundo dia de aula e ainda fica ai, deitada. Acha que a vida é fácil assim?- Eu não havia mesmo acreditado no que ele acabara de dizer. Como se minha vida fosse perfeita. Mal sabe ele que ontem a noite sua filha foi humilhada!! Naquele momento que meu pai se mantivera em pé no meu quarto me chamando para sair do meu mundo eu não pude sentir nada mais que ódio e tristeza. Um enorme ódio.

_Ok. Estou indo. - minha voz estava embargada e minha visão um tanto turva. Era como se eu tivesse bebido. Mas tava mais para uma overdose.

Assim que Caio saiu dali, me levantei. Sim, eu me levantei, sai daquela cama. Claro, a força.

Segui em direção ao banheiro e tomei um banho. Por mais vezes que me limpava nunca era o suficiente para tirar a sensação horrível de estar suja. E eu estava.

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*Matthew*

Acordei com o despertador aos berros. Meu segundo dia na escola nova. Antes de me arrumar, segui para o quarto de Lua para ver se estava bem. Ela estava dormindo, parecia tão tranquila e , ao mesmo tempo, assustada.

Depois de ontem senti que deveríamos estar mais unidos do que nunca. Embora eu seja sempre distante, ignorando-a em casa, na escola ou em qualquer outro lugar, eu sentia que ela precisava de mim e eu dela.

Resolvi não acorda-la.Provavelmente não queria ir para a escola.

No colégio, Benjamin não parava de perguntar sobre a minha irmã. A todo momento tinha que mentir falando que ela estava bem.

Depois da aula eu fui pra casa. Luanna estava na sala, quieta e distante.

_Você está bem?

_Não. Estou péssima.

_Me fala, oque aconteceu ontem pra te deixar assim? Eu quero ajudar.

_Nada. - pude ver uma lágrima solitária - Por favor, não me deixe aqui amanhã. - ela se levantou do sofá e foi pro seu quarto.

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*Benjamin*

Cheguei em casa depois da aula e meu amigo Maicon estava nuns amaços com uma garota no sofá. Santo Deus, eles não conhecem mais um quarto?

_Ben? É você?

_Podem continuar, vou pro meu quarto. - e assim fiz.

Resolvi ligar para a Lua. Liguei uma, duas, na terceira vez ela atendeu.

_Alô?

_Lua? É o Benjamin.

_Oque você quer?

_Queria saber se quer que eu passe na sua casa pra passar a ma-matéria ai... sei la.

_Matt pode me passar.

_Mas eu achei que...

_Você não tem que achar nada - disse antes que eu pudesse terminar a frase.

_Calma. Oque aconteceu? - sem resposta - Olha, como eu to mais tempo no colégio talvez possa ajudar na matéria.

_Ta bom. - não acreditei no que ouvi.

_Sério?!?

_Sim. - suspirou.

_Ta, to indo ai.

_Não, espera. Vem... vem amanhã. Depois da aula. Tchau.- desligou.

Amanhã. Depois da aula. Isso.

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*Luanna*

Eu estava deitada na cama do meu quarto quando escuto meu celular tocar. Eu não queria falar com ninguém mas na terceira tentativa que o ser insistente me ligou resolvi atender.

Era Benjamin. Ele me perguntou sobre vir aqui em casa pra me passar a matéria. Eu disse sim. Eu devia dizer não. Confesso que estava com medo de confiar nele. E se ele tentasse alguma coisa?

As lembranças da noite anterior atormentavam minha mente. Aqueles homens bêbados desconhecidos vindo na minha direção... Eu tinha medo, muito, muito medo.

Mas eu não queria me privar. Eu não queria que aqueles desgraçados acabassem mais com a minha vida. Não era culpa do Ben... seria culpa minha? Eu não sei, não usava roupa curta nem chamativa. Eu não sou bonita, meu cabelo ruivo é meio ressecado, meus olhos não tem brilho, eu estou gorda, tenho uma pele estranhamente pálida, minhas roupas são estranhas. Ruiva dos olhos pretos, isso é ridículo.

Talvez eu deva dar um voto de confiança pro Ben. Talvez.