O Início

17 1 0
                                    

Hillcity é uma cidade bem pequena, porém nela se instala um presídio com capacidade para comportar mais presidiários que o próprio número de habitantes da mesma. Hillcity possui uma vastidão de verde, com inúmeras árvores de inúmeras espécies e suas ruas, devido à sua desocupação desde 1968, por interdição, atualmente se encontram repletas de mato.

SEGUNDA-FEIRA, 23 de NOVEMBRO 1987, 6h37

- Olá aventureiros, sinto muito por acordar todos a essa hora da manhã, mas, olhem pelo lado bom, o café já está servido! - diz Richard, tenso, com um falso entusiasmo que a certo ponto chega a ser notado - Vamos iniciar a aventura às 7h, espero todos vocês no saguão do hotel! - sua voz falhada soava pelos rádios espalhados pelos quartos e salões do hotel.
Os quartos são equipados com duas camas, ambas feitas de metal e lençol branco, com um criado mudo separando as camas, um espelho que tomava toda a parte superior da parede de frente com as camas, os pisos davam ar de um lugar antigo, no banheiro uma banheira de cerâmica básica: o lugar era básico demais e os hóspedes de lá tinham que dividir o quarto com outra pessoa que não conheciam. O hotel não era de boa qualidade, era apenas "aceitável".
O saguão é gigante, repleto de cadeiras e poltronas super confortáveis espalhadas pelo local, a parede é de cor predominantemente branca com detalhes de madeira nos pilares e paredes. Aos poucos os visitantes descem até a mesa do café, com olhares indecisos: não sabem se olham a mesa com uma variedade muito grande de alimentos ou para as pessoas que a pouco vão frequentar os mesmos lugares nos próximos três dias.

Cheryl é a primeira a descer - os quartos se encontram no andar de cima do prédio -, está com um vestido todo branco, aparenta estar pouco cansada e suas olheiras estão pouco evidentes, ela fixa seus olhos em Richard, que é um homem de pele clara que tem olhos de um castanho bem escuro, barba falha, corpo grande e muito magro, que no momento está com uma calça marrom e camisa bege. Ele devolve o olhar notando que o cabelo dela é um tom de loiro claro com as raízes pretas, olhos castanhos claros, boca carnuda e um corpo pálido com curvas de dar inveja. O silêncio predominava o local.
- Olá, creio que você é o guia - diz Cheryl - pensei que você era menos... feio - continua ela, olhando-o de cima a baixo, quase rindo - pensei que iria me encontrar com gente bonita e corajosa neste lugar.
Ele olha para ela e dá uma risada forçada, tentando aceitar o que foi dito na esportiva enquanto ela apanha uma maçã da mesa do café da manhã.
Os dois estavam ficando desconfortáveis com a companhia única de ambos, até que Tiffani e Hector descem pela escada de metal conversando, pareciam bem dispostos a se aventurar pelo resto do dia; eles conversavam sobre suas vidas, sobre suas histórias e do que acharam da viagem até lá. 
Tiffani é negra com cabelos e olhos castanhos, estatura média e fora de forma; Hector, pálido com pelos do cabelo e da barba negros, corpo grande e não era gordo, nem magro. Os dois logo sentam ao redor da mesa servindo-se da variedade de comida presente e, apesar de não se conhecerem antes, os dois pareciam bem amigos. Aos poucos o saguão abriga todas as pessoas que iriam fazer passeio.
Estavam conhecendo uns aos outros quando, de repente, Richard vai ao meio de todos, causando um silêncio imediato, todos olham para ele.
- Olá pessoal, sou Richard, o guia da excursão de vocês, quero informar-lhes que daqui a poucos minutos partiremos para a cidade, então arrumem-se, façam uma mala com agasalho e vão ao estacionamento, a van estará na primeira vaga, esperando por vocês - Richard fala e sai do lugar, estava inquieto, mas também não era pra menos, pois esta era a primeira vez dele como um guia em toda a sua vida e logo de cara iria para um lugar que continha rumores sobre ser amaldiçoado.

O hotel em que estavam era o mais proximo da cidade, mas mesmo assim ele ficava bem longe dela, o hotel por fora parecia bem grande, com um letreiro brilhante e com um amplo estacionamento quase vazio. O caminho de van tinha mais ou menos uma hora de duração e no caminho possuiam muitas curvas, caminhos estreitos, buracos e trechos até que perigosos. Já fazia tanto tempo que a cidade não era visitada por qualquer pessoa, que no caminho que antes era areia socada, atualmente se esconde em algo que se parece com um campo de futebol devido à grama espalhada pela estrada.
Richard pouco sabia sobre a cidade, já havia ouvido seus avós dizerem algo sobre ela, mas era difícil de se perder, por vista aérea era visível apenas 5 ruas tortas na vertical e 6 ruas na horizontal, havia uma igreja no extremo da cidade, uma lagoa que tomava toda a entrada da cidade, para que entrasse por aquele caminho era necessário passar por uma ponte. Eis ali o presídio, na outra ponta da cidade, a construção era tão grande que as três últimas ruas morriam nele e ao lado dele uma outra saída. Bem no centro havia uma praça abandonada com bancos de madeira apodrecida, mato alto e grandes ipês, tampando qualquer luz do sol, bem no meio desta praça, um poço, que parecia bem deteriorado pelo tempo.

*

Todos subiram para seus quartos para se arrumarem, lá haviam apenas oito quartos, que de certo modo eram apertados. Eles tinham acesso por um corredor pouco espaçoso, com as paredes brancas e piso de madeira rústica, umas até ameaçavam soltar-se do chão. A qualidade do hotel causava repugnância de alguns deles como Katrine e Hanna. Elas são duas amigas que estão na viagem por uma aposta perdida - a aposta consistia em ir na viagem mais barata que os amigos encontrassem nos jornais ou revistas -, Katrine tem cabelo loiro escuro, pele clara pouco bronzeada, olhos verdes escuros, e um nariz pouco empinado, ela sempre é amparada por Hanna que valoriza muito a amizade delas, porém, às vezes acha que Katrine não da tanto valor para amizade das duas quanto ela dá, Hanna possui cabelo castanho claro, pele morena super clara, alta e magra, seus olhos variam em um tom de mel e um tom castanho opaco que varia de acordo com os dias.
No quarto oito, os hóspedes são uma correspondente do Vaticano para o estudo do local e um garoto de dezoito anos que se interessa por mistérios, a representante do vaticano se chama Adelina ela é natural da França, é negra com cabelo bem escuro, alta e aparenta ter quarenta anos, o garoto chama John, ele é branco, tem cabelo bagunçado e castanho, tem estatura média e é magro. Os dois geralmente trocam especulações sobre o que deve ser este fato, ou possíveis formas de se prevenirem contra esses "seres malignos"

Richard preparava a van junto com Felipe - um jovem simpático e brincalhão, negro, com cabelo castanho e estatura média, que trabalhava como auxiliar de viagens. Os dois estavam do lado da van, quando Richard sentiu algo estranho passar por seu abdômen, atravessar todo o seu tronco até chegar à sua cabeça. Por um momento ficara paralisado, com feição não muito boa, demonstrando uma mistura de medo e ansiedade.
- Rich está tudo bem, cara? - Pergunta Felipe, apreensivo - quer um copo de água?
- Estou bem, foi só um mal estar, já passou, deve ser por nervosismo - responde o guia, fingindo uma expressão de alívio.
Felipe fica quieto, mas pensa alto que aquele fora um sinal de que eles não deveriam ir para aquele lugar, Felipe está trabalhando com Richard, pois precisa de dinheiro - atolou-se de dívidas e agora precisa correr atrás de pagá-las. Rich pergunta o que ele tinha dito, mas o auxiliar responde dizendo que foi nada.

SEGUNDA-FEIRA, 23 de NOVEMBRO 1987, 6h55

O guia e seu ajudante continuaram a arrumar as coisas enquanto esperavam as pessoas chegarem: Estepe, motor, cabine, itens de emergência, iam checando as coisas necessárias para a viagem e coisas para qualquer imprevisto. Após tudo estar em seu devido lugar, os primeiros viajantes a chegar são o casal Alexia e Ryan, logo depois as amigas Hanna e Katrine.
- Olá, tudo bem com vocês duas? Meu nome é Alexia e ele é Ryan, prazem em conhecê-las - Alexia disse com tamanha simpatia.
- Olá, estamos bem, sou Hanna e ela Katrine, o prazer é todo nosso - disse Hanna, tentando ser mais simpática possível.
Depois da saudação, Alexia puxa assunto e envolve as amigas deixando-as entretidas enquanto se arrumavam nos bancos da van. Alexia era uma jovem de pele extremamente pálida, cabelos castanhos na reta do queixo, olhos castanhos, pequena e estava fora de forma. Em seu braço havia um bracelete marrom que era anacrônico, mas, de modo algum, ela o tirava e sobre ele, uma fita que era de um vermelho muito vivo que formava um lacinho. Seu noivo, Ryan, tinha olhos verdes, cabelo loiro escuro, pele clara e era do mesmo tamanho que Alexia. No carro, também se encontrava Alejandro e Maryna, uma aparentemente legal, porém mimada pelos pais - fato que a tornou um pouco exibida e irritante -, tinha os cabelos castanhos, olhos também castanhos e estava fora de forma.

Logo a van se encheu e lá estavam os 11 viajantes, sendo preparados por Felipe para qualquer tipo emergência, ele mostra como usar o extintor de incêndio, fazer curativos e várias outras coisas que causavam muito tédio, inclusive no instrutor. De repente, a porta da van se abre fazendo um barulho irritante e Richard entra entusiasmado dando explicações gerais antes de seguirem a diante. Alguns fingiam ligar e outros nem mesmo se davam o trabalho de fingir interesse. Naquele dia, o sol não estava forte, era inverno, mas lá não fazia tanto frio a ponto de precisarem se agasalhar, pois o hotel se instalava no meio de duas colinas e o vento não passava forte por lá, porém na cidade, após o pôr do sol fazia frio, porque ela ficava quase na ponta de uma colina.

Richard e Felipe saem da van pela porta, quase apressados que quando Felipe desce, tropeça com o pé no canto da porta, mas se apoia no seu companheiro. A porta do veículo se fecha devagar, após alguns minutos, ele começa a se mover de forma lenta e em seguida o velocímetro vai aumentando cada vez mais o seu ponteiro...

HillcityOnde histórias criam vida. Descubra agora