A Barraca

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     Nós atravessamos a casa pela cozinha, cumprimentamos algumas pessoas de nossa escola que estavam lá, todas pareciam surpresas de me ver ali, e fomos para a parte de trás da casa. A parte de trás era grande, parecia uma corredor largo mas sem teto, com as paredes que davam para a rua também de vidro, tornando possível a vista para a calçada e os carros que passavam por ali. Havia um jardim curto do lado da parede de dentro da casa, onde algumas pessoas estavam sentadas na pedra, que fazia a divisão jardim-quintal, conversando e bebendo, felizes. Mais para frente havia a barraca, era maior do que parecia do lado de dentro da casa, ela obstruía todo o caminho pro resto do quintal, que do lado de fora da casa parecia imenso, e também era muito alta, uns 6 metros eu acho, não sou muito bom com medidas. Seja lá o que o que tivesse atrás da barraca, não era possível de ver, pois a mesma tapava a vista, mas parecia que la dentro havia um tipo de balada, pois uma musica alta, eletrônica saía dali de dentro . Um adolescente, daqueles jovens, aproximadamente 20 anos, com o rosto cheio de espinhas e o cabelo ruivo, guardava a entrada da barraca, deixando as pessoas passarem ou não.


Nós sentamos em umas cadeiras que haviam sido colocadas ali, e ficamos conversando.

- É uma festa grande né? - Perguntou Gabbie entusiasmada com a ideia de me ter ali.

- É, acho que sim...- Respondi não prestando muito atenção na pergunta, e sim tentando ver o que havia dentro da barraca. 

Gabbie que percebeu a falta de interesse nela e sim na barraca disse:

- Sabe, podemos ir ali depois, eu conheço aquele menino ali, uma amiga minha ja ficou com ele por minha causa.

- Vamos ver depois, a música la dentro parece legal, mas afinal, o que é aquilo?

- É uma coisa que o pessoal rico costuma fazer em festas grandes assim, eles tapam uma grande parte do quintal, com lonas, para fazer a própria rave ali dentro. - Respondeu de forma didática. 

- E o que precisa fazer pra entrar?

Eu estava um pouco interessado em entrar ali, ja que eu saí de casa para fazer isso, então era melhor fazer de um jeito legal, e Gabbie pareceu ter percebido esse meu interesse, porque antes de eu poder virar pra ela para ouvir a resposta, ela me puxou pelo punho e me levou até a entrada. Havia uma fila de pessoas, com idade entre 13-18 anos, esperando o menino ruivo liberar a passagem para eles, mas isso não pareceu ser um problema para Gabbie, pois no momento que o garoto a viu, a cumprimentou e a deixou passar, o que fez com que as pessoas da fila se revoltassem, falando em voz alta coisas do tipo "Não é justo", "Olha esse menino que ta com ela, nunca vi eles nas festas, por que ele pode entrar?".

Gabbie puxou meu punho para dentro da barraca, fazendo com que eu quase derrubasse meu moletom, mas quando olhei para frente, e vi que estava la dentro fez com que meu estômago revirasse.

Estava tudo escuro, exceto pelas luzes coloridas passando por toda a extensão, e uma luz branca piscando, fazendo com que fosse até engraçado o movimento das pessoas, pois uma hora estavam em um lugar, e quando a luz voltava, estavam em outro. A musica vinha la da frente, de uma mesa alta com duas caixas de som muito grandes do lado, um cara com fones de ouvido grandes, mexendo na mesa para alterar a música. Estava lotado de gente, a maioria parecia reconhecer Gabbie, pois enquanto ela me puxava para um lado da festa onde não havia muita gente, fomos interrompidos várias vezes por gente querendo cumprimenta-la. 

Chegando no canto sentamos no chão e ficamos observando as pessoas, até que depois de um tempo Gabbie levantou em um salto, quando começou uma musica nova: Alok - Hear me Now, e olhou para mim com olhos ansiosos

- A gente tem que dançar isso, vamos, levanta- Disse puxando meu braço 

- Eu nem sei  dançar, o máximo que vou fazer e ficar do seu lado parado olhando pra você- Disse resistindo ao seu puxão, levantando e alisando a camiseta.

- Ta ótimo, vamos  - E me puxou de novo para o meio das pessoas. 

Quando já estávamos mais no meio da multidão ela começou a dançar, e cantar a música junto, foi realmente uma cena muito legal e divertida, e quando eu vi, já estava mexendo os pés, e dançando em conjunto com ela, as nossas mãos juntas, nós riamos e dançamos sem pensar muito, meu corpo só foi se mexendo, eu nem sabia o que estava fazendo. A música pelo visto estava editada para demorar mais, pois mesmo depois de uns 5 minutos ela continuou tocando.

Eu estava dançando passando os olhos pela multidão, até que meu olhar se chochou com o de outra pessoa, um garoto apoiado em uma mesa, longe dali, onde haviam refrigerantes e bebidas. Ele olhou pra mim e nós ficamos nos encarando por um tempo. Ele tinha mais ou menos a mesma altura do que eu, 1,69, e tinha os cabelos pretos jogados um pouco pra cima, como se não fossem penteados havia muito tempo. Estava com uma camiseta branca com alguma coisa escrita, que eu não conseguia ver direito, e uma calça jeans escura. Era magro, com ombros um tanto largos e mandíbula triangular, os olhos me fitando como quem estava interessado em saber o que eu era. Ele deixou de se apoiar na bancada e veio a minha direção. Estávamos longe um do outro, e por todo o caminho ele continuou olhando para mim, ignorando todos a sua volta. Eu desviei o olhar, e olhei para Gabbie, eu tinha parado de dançar, mas ela não pareceu notar, estava olhando mais para longe, provavelmente com alguma pessoa que tinha interesse. Meu estômago estava revirando e eu podia sentir meu coração na garganta "O que eu vou fazer? Não posso simplesmente sair correndo, posso? E se ele não estiver olhando para mim? É ele poderia estar olhando para outra pessoa." "Não, definitivamente era pra mim, o que eu vou fazer?" "Será que ele quer alguma coisa comigo, do tipo..."

Mas antes de poder terminar o pensamento, senti uma mão no meu ombro, me virei para ver de onde vinha e ele estava ali, do meu lado, sorrindo com os lábios, sem mostrar os dentes, seu olho castanho agora era visível. Meu estômago parecia ter virado chumbo, não tinha a mínima ideia do que fazer.

- V-Você... Ahmm..- Mas ele não me deixou completar a frase, foi chegando mais perto, seu rosto a alguns centímetros de distância. Sua mão direita passou pela minha nuca, me fazendo arrepiar, e parou no meu cabelo, me puxando de leve para mais perto dele, até que eu percebi que nossos lábios estavam se tocando. 

"EU ESTOU BEIJANDO ALGUÉM?"

Mas eu não pensei muito, estava me sentindo muito bem, todos os pensamentos vazaram e eu só estava focado no movimento de sua boca,que por sinal era um tanto grande. Eu não sabia muito bem o que fazer, não estávamos usando língua, então eu só mexia meu pescoço enquanto abria a minha boca de modo que nossos lábios se fechassem um no outro.  Gabbie se virou para mim e gritou de felicidade, o que combinou com um JUMP da música, fazendo a cena parecer mais perfeita ainda, a minha mão direita passou pela cintura dele enquanto a esquerda ia de encontro com sua nuca, passando pelo pescoço e tocando na orelha. Depois de um tempo, que eu não soube quanto foi, não estava preocupado com isso, nos separamos e ele me olhou sorrindo. Abriu a boca e disse: 

- Oi - E riu. 

Meu Primeiro BeijoOnde histórias criam vida. Descubra agora