Lucy:
Ouço batidas rítmicas de 3 corações então percebo que já não sou fantasma, começo a ouvir então respirações e passos e o vento e o abrir e fechar de gavetas e alguém ao telefone, Hugo eu acho, conversando com alguém desesperado! Então ouço gritos, mas não é só os do Nicho que chama por socorro desesperado pedindo ajuda, os gritos de dor vêem de mim! Eu estou gritando e gritando e gritando, mas não sei porque, tenho a impressão de que vou descobrir logo, logo!
-Por favor mãe! Ajuda ela! Ela não acorda mas tá gritando isso não é nada normal mãe! - Hugo fala chorando.
-Calma meu amor! Ela irá acordar agora! Ela tem que acordar!- fala Liss tentando acalmar o filho.
-E então pai? O que ela disse? - pergunta Nicho ao pai, pelo que ouço ele já parou de falar ao celular.
-Ela estava de plantão filho! Mas vai dar um jeito de vir pra cá imediatamente! Com certeza ela vai dizer se tá tudo bem com o bebê. E se ela realmente está em trabalho de parto como achamos.- Fala Hugo.
O que? Eu ... eu tô em trabalho de parto?
De repente sinto uma dor enorme e fina na minha cabeça e ela aumenta e aumenta e aumenta mas percebo que na medida que ela aumenta eu consigo sentir minha cabeça pesar e também posso sentir o cheiro de sangue e de amaciante de roupas do forro da cama e o cheiro de lobo impregnado em toda parte, agora eu sinto os gritos crescendo e saindo de minha garganta e o quanto dói soutá-los! A dor continua, em meu pescoço e em meus ombros e em meus braços no meu coração em minhas mãos, em meu estômago e ela cresce e cresce e eu grito e sinto muitas contrações, a dor passa pras pernas e para os pés e então eu consigo sentir meu corpo todo! Posso sentir as mãos de Nicho em minha mão me dando forças, posso sentir o quanto meu corpo transpira!
Mas posso sentir algo mais, ou melhor dizendo alguém mais, dentro de mim, me chutando, implorando pra sair, posso sentir sua angústia! Ele precisa de ar, ele precisa de mim para ajudá-lo! Com muito esforço e abro meus olhos e solto um grito com todas minhas forças um grito que rouba todo o ar dos meus pulmões!
E o vejo... Nicholas, o meu lobo! O meu companheiro, o pai do meu filho, o homem que eu mais amo neste mundo olhando para mim com seus lindos olhos cinzas, sofrendo comigo, lindo é ver que ele me olha com todo o amor do mundo quando percebe que eu finalmente voltei, voltei pra ele! Seguro sua mão com mais força e choro, choro por amor, por saudade, por dor, pela solidão que senti enquanto estava meio morta e meio viva. E o vejo chorar também e me falar palavras carinhosas enquanto me acaricia e me beija ternamente, me abraça e com seu abraço eu relaxo e respiro sentindo a vida me invadir novamente até que sinto outra contração e não consigo evitar mais um grito.
-Nicho, amor, ele quer nascer! Ele quer sair! Ele tá sufocando! Me ajuda!- falo desesperada com a voz falhando.
-Calma! Mãe! Me ajuda!- Ele pede pra mãe também desesperado.
Vejo Hugo e Liss no canto do quarto com olhares apreensivos.
-Claro meu filho! - Ela fala se aproximando - Mas vai ter que sair do quarto! Isso aqui não é pra homens! Você e seu pai só iriam atrapalhar se ficassem.- ela manda.
-Mas mãe...- Hugo tenta argumentar mas eu interrompo.
-Não Nicho! Tudo bem! Sua mãe tem razão! Por favor, vai! - falo cansada.
Ele me olha intensamente me mandando forças com o olhar e sai logo depois junto com o pai.
Eu e Liss ficamos sozinhas no quarto e ela me olha com um olhar que diz que intende o que eu tô passando, ela se aproxima e me ajuda a tirar a roupa e a me ajeitar numa posição melhor.
A porta do quarto abre e entra uma mulher que logo se apresenta:
-Olá Lucy sou a doutora Silvia, Vou lhe ajudar com o parto okay!?- ela fala enquanto mede minha temperatura.
-Okay - respondo fraca.
***
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
-Mais forte Lucinda! Mais forte! Eu já o vejo! Ele tá vindo! - fala a doutora.
Eu faço mais força e mais força e mais força e então escuto...
Um choro, de bebê, do meu bebê!
-Buaaaaaaa, Buaaaaaaaa, Buaaaaaaaa....
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Entre Inimigos
RandomÉ possível se apaixonar pelo seu maior inimigo? É totalmente improvável que aquela sanguessuga seja minha companheira... né!? Obs: Créditos à @juliaSmenezes pela capa. Plágio é crime!