Maresia

Capítulo dois.

  Nesse momento estou lendo um livro na biblioteca esperando a hora do jantar, não vou nem fazer questão de me arrumar, nem quero saber quem é o tal "Príncipe". Depois daquele garoto petulante do jardim.

O livro que estou lendo fala sobre a história dos mares, tem cada coisa louca! O unico lugar que tenho 100% de privacidade, é a minha biblioteca, meu pai fez ela para mim quando eu tinha 5 anos e me interessei pela leitura, a biblioteca tem dois andares e é cheia de detalhes vermelhos, sem contar que ela (e o meu quarto) são os únicos cômodos do palácio que tem uma estrutura e uns móveis mais modernos, do jeito que eu escolhi, é simplesmente linda a biblioteca. Fiz questão de colocar aqui tudo que eu mais gostava, desde os livros, a decoração e as poltronas super macias.

  Já são oito e meia, hora do jantar, horario é uma coisa que nunca tivemos problemas, pois nós, as sereias e tritões, sabemos o horário é como se ja estivesse embutido nas nossas cabeças, também tem muitas outras coisas pelas quais estão embutidas e não concordo.

  Mesmo não querendo vou para o salão principal para jantar. Não ligo se o meu cabelo esta desarrumado, nem se minha calda não esta brilhando o bastante, não quero nem que lembrem que eu existo. Antes de entrar no salão um guarda me para.

— Vossa Alteza só pode entrar após ser anunciada. — Ele diz.

— Pelas Águas! Pra que tanta formalidade?! são apenas amigos do meu pai e um cara desconhecido inútil  nem é tudo isso!

— Desculpe Alteza,mas são ordens do Rei.

— Anúncio nesse momento a entrada da Princesa Coriane Avalon Sea!  

    As portas do salão se abrem, todos olham para mim.  Minha madrasta parece me comer com os olhos, meu pai me olha como se tivesse implorando para eu ser gentil, minhas meio irmãs me laçam olhares de inveja, eu nem olhei para elas mas a inveja é tanta que sinto daqui, e claro, os pais do príncipe e o príncipe, que aliás, é o garoto petulante do jardim.
   Virei as costas e sai daquele cômodo. Mas o que aconteceu mesmo foi eu ter aberto o meu melhor sorriso, fiz uma reverência e o principezinho de lagoa veio em minha direção me encarando nos olhos como se eu fosse uma presa e ele o predador. O principezinho de lagoa se ajoelha na minha frente, pega delicadamente a minha mão e beija as costas dela com a delicadeza de uma pluma.

   O principezinho se chama Eric, e claro, ele não é nada mais nem nada a menos do que o futuro rei do oceano Pacífico, o maior oceno de todos. A jogada perfeita, juntar a princesa do segundo maior oceano com o príncipe do maior oceano de todos, com certeza esse junção trará muitos benefícios. Meu pai não quis nem saber de mim, nem mesmo a Água, ninguém nunca quis saber de mim, se ao menos tivessem me avisado com quem seria, agora cá estou eu fingindo rir de uma piada que o pai de Eric contou, a piada mais sem graça que já escutei, minhas "irmãs" riem como se tivessem dito para elas que eu era bonita, minha madrasta está querendo se enfiar em um buraco por causa do tanto que minhas irmãs estão rindo, isso sim está me dando vontade de rir. Papai da apenas um sorrisinho, ele nunca solta uma gargalhada, aqui nunca escutamos sons de risada, apenas quando tem visitas e eles tem algum interesse nas visitas. Fora isso, até mesmo um risinho é difícil de se ver.

  O jantar não foi nada interessante, parece que até a comida tinha perdido o gosto, nada mais para mim tinha gosto. O jantar terminou, a família de Eric vai passar alguns dias no palácio e eu estou tão decepcionada que nem vontade de nadar mais tenho, vou tão devagar em direção ao meu quarto que parece que nem estou nadando. 

— Príncesa Coriane! — Olho para trás e lá esta ele. 

— O que você quer? 

— Me desculpe pelo meu comportamento anterior ao jantar, acho que começamos errado, não quero que tenha uma má impressão de mim. Aliás, vamos passar o resto de nossas vidas juntos não é mesmo? — Encaro ele por alguns segundos e observo cada detalhe dele, seu rosto parece ser feito de porcelana, perfeitamente desenhado, seu maxilar bem definido, cada linha de seu rosto parece ter sido uma obra de arte que foi cuidadosamente e minimamente planejada e desenhada, sua boca avermelhada e perfeitamente desenhada, o rosto dele parece ter os dois lados perfeitamente iguais, cabelo loiro dourado curto, perfeitamente escovado, sobre seu peito tem um lindo medalhão azul, um corpo perfeitamente definido, alto, sua calda parece uma mistura de tons de azul e verde claro, alto, com a postura impecável, olhos azuis e frios, avassaladoramente lindo, as donzelas devem babar nele, ele exala poder. 

— Ora, ora, parece que gostou do que está vendo não é mesmo? — Sua voz ecoa e sinto minha pele corar da cor do meu cabelo, então ele está achando que estou gostando do que estou admirando a beleza dele. 

— O-oi? — Me recomponho.— O que quer comigo? — Respondo curta e firme. Ele me encara surpreso, tenho certeza que nunca uma garota deve te-lo tratado com tamanha frieza, ele é tudo que qualquer garota sonha.