01 A Missão Chrisollen | Sinfonias do Oceano (DEGUSTAÇÃO)

Prólogo

— Merediah, você tem certeza?

— Certeza absoluta.

— Você sabe que eu posso resolver isso sozinha, em menos de dois dias, com metade das complicações.

— É claro que pode, Serayh, eu sei disso! — Merediah gesticulou com a mão em um sinal de obviedade. — Mas apesar da sua praticidade, não podemos arriscar desse modo.

Serayh, uma sereia de cauda prateada, arqueou a sobrancelha, abriu um sorriso amarelo e disse:

— Por que você nunca concorda com minhas ideias?

— Porque precisamos agir com cautela.

— E eu não sou cautelosa o bastante? — Ela arqueou a outra sobrancelha, oferecendo um olhar desacreditado para a outra sereia.

— Não quando se trata desse assunto.

Ela cruzou os braços e revirou os olhos.

— Ok, eu admito! Provavelmente serei uma completa filha da puta se eu for lá sozinha.

Foi a vez de Merediah, a rainha, abrir um sorriso amarelo e tenso.

— Exato. É melhor fazermos o possível para tornar a situação o menos caótica possível.

— Tudo isso já está caótico pra caralho. E escute o que estou dizendo, Merah, essa porra vai piorar muito antes de melhorar.

A rainha sacudiu a cabeça.

— Só, por favor, peça para chamar as duas aqui, sim?

Serayh suspirou, mas assentiu, concordando a contragosto, antes de se retirar do gabinete da rainha.

Merediah suspirou profundamente ao ficar sozinha, tirando brevemente sua coroa de cristais de quartzo arco-íris e pérolas, apenas para encará-la e pensar no quanto tinha protelado aquele momento. Talvez estivesse mais próxima do que nunca de tirá-la definitivamente.

Apesar do devaneio, Merediah já estava recomposta quando Shonda, sua filha de cabelos ruivos, se apresentou.

— Olá, mãe. Você me chamou?

— Sim, minha querida. Tenho um assunto importante para tratar com você.

— Pois então diga, mãe — a jovem sereia exigiu.

— Tenha paciência, Shonda, estamos esperando alguém.

— Quem? — Apesar do pedido da mãe, Shonda era o retrato da impaciência, mas Merediah sabia que isso era mais culpa sua do que da própria filha.

— Oh, aí está ela.

A porta se abriu e Shonda se virou para ver o momento em que Sora, uma sereia loira com cauda verde, entrou no gabinete, acompanhada de perto por Serayh. A sereia mais jovem tinha a fisionomia seriamente preocupada, como se estivesse se perguntando o que havia feito de errado para ser chamada ali.

A expressão impaciente de Shonda se mesclou com uma surpresa sincera ao ver Sora e o mesmo tipo de choque apareceu no rosto da recém-chegada ao ver a princesa ali também. Foi como se a preocupação da sereia loira tivesse triplicado.

Apesar de ser capaz de oferecer um punhado de escamas em troca dos pensamentos das sereias mais novas, um único olhar para a face descontente de Serayh, fez Merediah dizer:

— Eu as chamei aqui por uma razão muito especial. — As duas a encararam com expectativa óbvia. — Depois de tanto tempo, finalmente chegou a hora. — Agora ambas pareciam confusas. — Chrisollen deve voltar. — Shonda arregalou os olhos com espanto frente à menção do nome, mas Sora ainda parecia não fazer ideia do que estava acontecendo. — E vocês vão trazê-lo para o reino.