Essa era a primeira pausa que faziam depois de três dias caminhando sem dividirem uma palavra se quer. Eles atravessaram cidades costurando caminhos no mais sepulcral silêncio.
Kamui estava agora abaixada na encosta de um rio, se refrescando nas águas calmas e de baixa temperatura. Todo aquele silêncio anormal era causado por ela, e estava incomodando profundamente Sasori que preferiu assumir certa distância da prima quando percebeu que o clima entre os dois estava um tanto estranho demais.
Ao invés de tentar se reaproximar de Kamui preferiu se manter fixo em seus pensamentos. Chegou a se questionar se algo mudaria se dissesse para ela como realmente se sentia, mas concluiu que isto serviria apenas para que a morena gargalhasse.
A certeza do silencio vinha também acompanhada da memória dela entrando no quarto que dividiam a o pegando no flagra com Deidara. Como poderia confessar que sempre a amor depois disso? Soaria no mínimo hipócrita.
Sasori a olhava a distância, encostado em uma pedra qualquer. Fingia procurar por algo em sua mochila enquanto descansava e olhava a prima com o canto dos olhos. Não perdendo nenhum detalhe de cada movimento que ela fazia.
Imersa nos próprios pensamentos, Kamui não conseguia parar de remoer o sentimento de perda. Para si era concreto: Sasori tinha concido alguém no tempo em que estiveram longe, e o amava.
Por mais que tentasse, ela não conseguia tirar da mente a imagem que vira ao entrar no quarto que dividiu com Sasori dias atrás. Decidiu então que não era uma boa perdedora, mas tinha que respeitar o espaço do primo.
Se aquela era a escolha dele, mesmo que seus olhos convencessem o ruivo a permanecer ao seu lado, em certa altura aquilo não era mais divertido. Nem correto.
Por outro lado, esse pacote de bom senso incluía a falta de vontade que a morena assumira de fazer certas coisas, entre elas, falar. Olhar para Sasori então era a coisa mais difícil que poderia tentar fazer.
Sempre que o olhava, via a imagem do ruivo sentado em uma poltrona de olhos fechados, concentrado nos carinhos de uma pessoa que não era ela. De que adiantava amar tanto o primo, ter desenhado sua vida em cima da dele para no final tudo terminar assim?
– Kamui? – Ele chamou às costas da morena. – Temos que ir. – Continuou ao ouvir um resmungo qualquer da outra, e logo voltaram a andar.
Caminharam por longas horas. O céu azul claro começou a escurecer, e o sol triunfante abandonava o dia pouco a pouco para se esconder além do horizonte, tingindo o céu de um belíssimo tom alaranjado.
Sem falar nada, os primos pararam de caminhar e repousaram sobre um canto qualquer. Cada um em seu saco de dormir, ambos silenciosos, mas igualmente sem sono algum.
Cansado de todo aquele silêncio, Sasori tentou falar alguma coisa:– Já tinha feito alguma missão tão longa Kamui? – Perguntou uma coisa qualquer, desejando que a prima o respondesse, mas ainda sem olhar para ela.
– Não fiz tantas missões assim, lembra? Saí da vila muito cedo. – Ela se concentrou em um ponto brilhante qualquer no céu.
– Se arrependeu?– Não. Embora às vezes me pego imaginando como teria sido minha vida se tivesse seguido um caminho diferente.
– Então você se arrependeu.– Não. Apenas fico tentando imaginar. Se não tivesse que ir embora de Suna, ia ter sido eu quem iria atrás de você quando você voltou para ir atrás do outro Kazekage, o Sabaku. Então me pergunto se você lutaria contra mim com a mesma destreza com que ouvi dizer que lutou contra a vovó, e coisas assim. – A pergunta estava sublinarmente inserida na frase.
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Areia vermelha
FanfictionO misterioso Akasuna no Sasoria cabou de recuperar um elo perdido de sua história pessoal. Akasuna no Kamui era o seu segredo mais precioso e reencontrá-la irá fazer os primos da areia reviver o passado para descobrirem juntos qual realmente era o s...