Terceiro capítulo

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Um mês depois:

Não havia saído muito esse mês, acabei brigando com a Valentina, ela foi morar na favela, vocês tem noção? Na favela, os pais dela pediram pra ela escolher eles ou o favelado, e vocês acreditam que ela escolheu ele! Óbvio que eu briguei feio com ela, ela é louca.
Estava acontecendo coisas entranhas tipo passando muito mal, enjoo, vômitos, eu não podia comer ou sentir qualquer cheiro que já passava mal. Hoje tinha passado muito mal na hora do almoço, resolvi pesquisar na internet, tudo indicava gravidez, aquela palavra me assustava. Minha cabeça ficava repetindo a todo momento Gravidez, Gravidez, gravidez. Já estava chorando litros, sem saber o que fazer, decidi comprar um teste de farmácia. Fiz todos os procedimentos e esperei os 5 minutos e na hora que olhei paralisei inteira, aquele teste só podia estar errado, eu grávida? Papai e mamãe vão me matar.

Passaram alguns dias desde que descobri, não contei pros meus pais, estava tomando coragem, eu ia abortar e tudo ia ficar como antes. Estava no meu quarto deitada remoendo em meus pensamentos quando minha mãe entrou.

-Clara, seu pai quer conversar com você- disse firme e me olhando com um certo nojo- não demore, seu pai odeia demoras- disse saindo.

Naquele momento eu não sabia o que fazer, eles descobriram? Aí meu Deus, já podia me considerar uma pessoa morta. Deci até a sala e meus pais não estavam com uma cara nada boa.

-Clara Gomes, você pode me explicar o que é isso?- perguntou mostrando o teste.

-Achei no lixo de seu banheiro, quando você iria nos conta?- falou mamãe com desprezo na voz.

-Quem e o pai?- meu pai perguntou indignado- Anda Clara, quem é o pai?- gritou e eu já chorava muito.

-nao tem pai- falei soluçando- vou abortar.

-Fala logo quem é o pai dessa aberacao que está em sua barriga- falou papai já nervoso.

- sabe aquele dia que falei que havia dormido na casa de Tina, eu fui na favela e...- não consegui terminar pois mamãe me interompeu.

-Você e suja, que nem o povo daquele lugar, saia dessa casa-Eu olhei apavorada para ela- AGORA, ANDA CLARA. Esqueça que um dia você foi dessa família.

Eu sai, foi a pior humilhação que eu ja tinha passado. Sentei na calçada e chorei, chorei muito. De repente sinto coisas sendo aremeçadas sobre minha cabeça, quando olho são minha roupas, guardo tudo dentro da mala e saio sozinha, chorando e sem ter pra onde ir. Pensei em ligar pra todos os meus 'amigos' mas sabia que nenhum deles me ajudaria, não nessa situação. A única pessoa que iria me salvar era ela. Peguei meu iPhone e sem pensar liguei.

-Alo- Falou ela com sua voz serena.

-Tina, eu preciso dá sua ajuda- falei entre soluços.

-Agora você precisa dá ajuda dá favelada né?!- falou com tom de surpresa.

-Meus pais me expulsaram de casa, eu tô grávida Tina- Chorava muito- me ajuda por favor.

-Onde você tá?-Sua voz preocupada ecoou pelo telefone.

-Devo estar em Ipanema ou no Leblon.

-Olha deixa sua localização ligada, e não sai daí, vou dar um jeito.

Passou alguns minutos, uma santa fé prata parou em minha frente. Quando abriu o vidro vi Tina e o PH, corri e abracei ela, chorei muito em seu ombro, entramos no carro, e fomos em direção a Rocinha, o lugar que havia desgraçado minha vida. Logo eles pararam em frente uma casa amarela bem clarinha e com algumas pedras, de dois andares, não era uma manção, porém era bem moderna. Tinha um portão grande branco e outro menor, ele entrou com o carro na garagem, tinha mais um carro e algumas muitas motos, entramos em uma porta que dava acesso a cozinha, era uma cozinha média, americana, toda branca, havia uma ilha, andamos e um pouco a frente tinha uma mesa de jantar e logo em frente uma sala grande, com uma enorme tv, e um sofá bem aconchegante, decoração impecável, tinha uma escada no canto, subimos e havia 5 portas, Tina me chamou até uma delas.

-Fique por aqui, até decidir o que irá fazer-disse tirando algumas coisas do quarda roupas embutido de madeira-Aqui tem toalha, deixei no banheiro sabonete e xampoo e condicionador caso você não tiver trazido.

-Obrigada Tina, muito obrigada. Sem você eu estaria na rua.- fui até ela abraçando a mesma.

-Nao foi nada Cla, amigas são pra isso- falou retribuindo o abraço é dando um beijo em minha testa-Agora descansa, amanhã à gente conversa.

Apenas acenti, ela saiu do quarto, fiquei olhando pro mesmo, ele era verde claro e branco, tinha uma tv, um espelho ao lado, um guarda roupas embutido em volta de todo quarto, a cama no centro e um banheiro normal.

Fui até o banheiro, me despi, liguei o chuveiro, entrei e fechei o box. Deixei aquela água morna cair sobre minha pele, meus olhos inundados, meu nariz vermelho. Permiti que as lágrimas decesem queimando em meu rosto calmo.  Eu chorei como nunca havia chorado, não acreditando que aquilo estava realmente acontecendo comigo. Lavei meus cabelos e me ensabuei. Sai do banho enrolada na toalha, fui até minha pequena mala e peguei uma camisola justinha cinza. Coloquei uma calcinha azul de renda, coloquei o pijama e deitei na cama, puxei o edredom e adormeci.

Acordei escutando vozes lá de baixo, olhei no meu celular é já eram 10:40, levantei meio mole, fui até o banheiro, lavei meu rosto, escovei meus dentes, peguei um pó da MAC, em minha bolsa, eu posso até ter ficado sem todo aquele luxo, mas sem meu pó? Jamais. Tampei minhas olheiras e passei um gloss. Coloquei um short jeans com algum rasgados e uma blusa rosa soltinha e uma rasteirinha. Peguei meu celular e deci, quando cheguei lá em baixo fui até a cozinha me assustei, vi o cara que desgraçou toda minha vida.

Amor BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora