IV. Dolet

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Søndag, 01:20

Dor.

  Uma sensação física desagradável, geralmente localizada, frequentemente resultado de uma lesão, doença ou outra indisposição. Pode ser uma dor tanto psicológica quanto física. Quando você bate onde dedo mindinho na ponta de uma cadeira, a dor é enorme não? Mas, ela passa. A dor que você sente quando alguém termina com você, ou até mesmo, quando alguém diz que não te ama mais. Existem dores passageiras e eternas. Há somente que aprender a diferencia-las. A dor psicológica, apesar de não mostrar dano aparente, é a pior das dores. Porque é uma dor que você não vê. Somente se sente. Você pode se sentir deslocado e até mesmo fora de si. E não tem como curar de imediato. Já a dor física, apesar de ter algumas que não se curam de imediato, é melhor do que a dor psicológica. Afinal, nenhuma pessoa gosta de se machucar tanto interiormente como fisicamente.

   Era a dor física que Chris sentia naquele momento.

  Ele estava agindo como um bebê. Ele era quem tinha aparecido na casa da ruiva uma hora da manhã pedindo ajuda e agora estava sangrando pelo seu chão. Outra luta contra os Yakuza, é claro. Eva quase teve um ataque cardíaco quando abriu a porta e lá estava Chris, com cortes em todo o rosto, lábio machucado, nariz sangrando e ele segurando o lado esquerdo de seu corpo que não conseguia se manter em pé devido a quantidade de sangue que escorria pela camisa e dedos. Ela começou a suspeitar que ele também tivesse sido esfaqueado ou cortado, ou até mesmo coisa pior.

Ele abriu a boca para dizer algo, mas Eva o puxou para dentro sem deixá-lo explicar e levou-o direto para o banheiro por duas razões. Primeira: se sua mãe visse que tivesse sangue nos tapetes brancos brancos iria mata-lá. E segundo: a imagem dele sangrando em sua frente dela a assustou tanto, que ela conscientemente decidiu que os machucados dele não poderiam ser tão ruins assim. Chris ficaria bem, ele tinha que ficar.

Ela o ajudou a tirar sua jaqueta e a camisa, ficando agradecida pela primeira vez por ter feito aulas de primeiros socorros na escola há alguns anos atrás. Felizmente, ela estava certa. Ele estava sangrando muito, mas o corte em seu estômago parecia superficial, e ele não precisaria nem de pontos. Eva suspirou de alívio, notando agora que suas mãos estavam tremendo. Tentou se acalmar, o que era bastante fácil com o conhecimento de que ele não iria morrer em seus braços ou algo assim.

Nesse momento Christoffer discutia com Eva, porque ele estava agindo como uma criança e não deixava que ela o ajudasse. Então por que diabos ele tinha vindo a ela em primeiro lugar? Ele estava sendo totalmente ridículo. Deve ser a falta de sangue, ela concluiu.

— Ótimo.

Eva declarou calmamente, enquanto olhava para longe, passando as mãos no cabelo, e notou pelo canto do olho como Chris se deteve, embora sem vontade.

— Vá em frente e fique machucado só porque você está muito orgulhoso demais para me deixar cuidar de você, veja se eu me importo. Mas não se preocupe em vir até mim na próxima vez que precisar de alguém para ajudar.

Ela disse, virando-se e começando a se afastar, esperando para ele chamar depois dela.

— Eva.. — Chris resmungou baixo, fazendo-a sorrir. Se virou para o rapaz e notou que ele continuava a falar: — Qual é, não fique brava comigo agora, eu estou sangrando aqui.

Ele implorou e ela virou a cabeça para olhar-lo ainda mais perto. O garoto que estava ali de pé todo machucado e espancado. O peito dela doía apenas de olhar para ele. Ela suspirou diante a visão e deu um passo adiante, indo até ele.

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