Nos primórdios do tempo
Éden, Cidade de Prata.
E dos quatro cantos da Terra, foi trazido ao Criador por um de seus arcanjos, barro para que Ele pudesse criar o Homem. Depois de modelar o barro à sua imagem e semelhança, Ele soprou o fôlego de vida pelas narinas de barro que logo começou a respirar. A criação perfeita de Deus acabara de ganhar vida. Então, o Príncipe dos arcanjos e o Príncipe dos querubins, Lúcifer, estavam contemplando a criação de Deus. Porém, Lúcifer se recusou a homenagear o homem tão frágil e fraco feito de barro, que todos diziam ser perfeito.
— Ouçam todos! Enquanto nós ficarmos aqui adorando a este Ser que tudo quer para si, não teremos absolutamente nada. — Quase não se podia olhar para aquele que estava falando, tamanho era o brilho que possuía. — Será que vocês, irmãos, não repararam que toda a glória do que fazemos é para Ele? E onde está a nossa glória nisso tudo? Quando teremos o nosso lugar de direito nos céus? Por que temos que ser diferentes dEle?
A cidade inteira era dotada de um brilho excepcional, e era completamente enfeitada com pedras brilhantes por todos os lados, de tamanhos, formas e cores diferentes de tudo o que se pode imaginar. Pela cidade havia pedras de fogo criando as ruas que a cortavam. Não havia sombras em nenhum lugar, mas havia uma luz vinda do alto que parecia estar em todos os lugares, sem a sensação de calor que seria causada se fosse uma luz vinda do sol. No meio da cidade havia um portão de prata de aproximadamente cinco metros de altura e dobro de largura. O portão tinha sua parte superior arredondada e se dividiria em duas bandas quando fosse aberto. Pedras de todos os tipos cobriam o portal e deixavam o portão de acesso à Sala do Trono inimaginavelmente incrível e poderoso. Por baixo do portão passava um córrego vindo de dentro da Sala do Trono com águas tão cristalinas que pareciam mágicas. Uma extraordinária energia e sensação de cura e renovação emanavam daquelas águas. Um sentimento de paz e tranquilidade parecia correr por todo lugar, apesar da movimentação que estava se formando na parte leste da cidade, próximo a um dos doze portais de acesso.
— Eu levantarei o meu trono e conquistarei a minha glória! Terei o meu próprio reino e meus próprios servos, os quais hão de me adorar e glorificar. Serei igual, se não maior, que o nosso Criador. Quem está comigo!? — E uma grande quantidade dos seres celestiais, aproximadamente um terço, que estavam ouvindo àquele querubim falar, começaram a urrar e gritar como se estivessem indo para a guerra, o que era exatamente o que estava prestes a acontecer.
— Lúcifer, meu irmão. Por que permites que o mal e o pecado entrem em seu coração? Como ousas tramar e se rebelar contra nosso Pai? — Uma voz estrondosa que parecia um trovão, quando os raios caem bem perto de onde estamos, Mikhael, o líder do exército de Deus, entra pelo portal da cidade e caminha em direção à multidão.
— Eu não mais serei usado para trazer toda a glória para Ele, Mikhael. Eu serei igual a Ele. Venha comigo e seremos imbatíveis! — Lúcifer gritava enquanto o restante dos seres celestiais que estavam com ele o acompanhavam com euforia.
— Se é isto o que queres, irmão. Então, pelo nome do Pai, pelo poder a mim constituído nos sete céus e por todos os anjos do Paraíso, eu exilarei a ti e a todos os que estão contigo neste pensamento insano de tentar ser igual ao Criador. Não há e nunca haverá ser algum que se iguale a Ele.
Um vento forte soprou pela ala leste da cidade quando Mikhael abriu suas asas e desembainhou sua espada das costas. A espada era feita com um tipo de metal diferente, especial, e nela estavam gravadas palavras reluzentes que pareciam mudar de uma para a outra conforme cintilavam e reluziam como se fossem mágicas.
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Angelius - O Contato
AdventureApós a Primeira Guerra Celestial, com a expulsão de Lúcifer e um terço dos anjos do Paraíso para o Abismo, o mundo passou a viver isolado da Magia que sempre existiu antes da guerra acontecer e, com o passar dos anos, sequer notavam a sua pré-exis...