Capítulo 2

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P.O.V. Jackson

Jackson ouvia o barulho dos seus pés amassando a grama acinzentada cada passo que dava. Ficou pensando em todo o trabalho que daria cortar toda aquela extensão de grama se ficasse responsável pela jardinagem e já soube que trabalho ele não queria fazer. Talvez o menos pior fosse na cozinha, porém não sabia nem cortar vegetais, seu irmão que costumava cozinhar em casa. Talvez ele fosse melhor limpando, mas quem ele queria enganar, não era bom em nada. Seria um peso e um incômodo para todos que fossem trabalhar com ele.

Tentando afastar a tristeza que praticamente já se tornara sua companheira de longa data, Jackson suspira pesadamente e passa as mãos pelos cabelos descoloridos enquanto olha ao redor e avalia o terreno do Reformatório. Os prédios eram baixos e acidentados, e tudo cheirava ligeiramente a mofo, a abandono. Porque era isso que todos aqui foram, abandonados. Pelas suas famílias, pelos seus amigos, pelo Estado.

A única coisa que destoava era o grande ginásio que se encontrava no final do campus, em uma área particularmente esquecida com a grama crescida e um bosque cercado atrás dele. O ginásio era a única área que lhe despertava um pouco de curiosidade, o fazia lembrar da época em que passava todas suas tardes após a aula jogando basquete com seus amigos, da época em que o Jason ainda morava em casa e cuidava dele e do seu irmãozinho. Antes dele os deixar e Jackson ter que fazer uma série de sacrifícios, sendo o primeiro deles o esporte e a escola, até que chegasse no ponto de ter que abrir mão de todos seus ideais e ter que fazer o necessário para sobreviver, custe o que custar.

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Jackson sentia o olhar de curioso de Jinyoung em si, sentia que ele queria iniciar uma conversa mas não sabia como fazê-lo. Ele era um garoto curioso, tinha quase que uma aura de inocência brilhante em volta dele, que o isolava da névoa de ressentimento e mágoa que era compartilhada pelas pessoas que vivem no crime, pessoas perturbadas a todo momento pelos pesadelos que são suas histórias de vida.

- Vamos sentar e esperar até que a porta abra, não tem muito pra ver nesse lugar. - Jackson fala, sentando na grama ao lado da porta. Eles ficaram mais um tempo em silêncio, mas Jackson conseguia sentir a agitação crescente vinda de Jinyoung, que toda hora olhava de soslaio para ele, as vezes abrindo a boca mas fechando de novo, perdendo a coragem de falar.

- Fala logo, pelo amor de deus. - Jackson fala agoniado com todo aquele conflito mental que aparentava estar ocorrendo na cabeça do mais novo.

- O que você fez pra vir pra cá? - ele rapidamente e arregala os olhos ao perceber que tinha realmente perguntado algo tão pessoal para um desconhecido. - Não precisa responder se não quiser mas como você tinha falado aquilo da gente ser amigos e...

- Eu roubei uma loja e me pegaram. - Jackson responde sem emoção na voz. Isso não era nem metade da história, mas esperançosamente seria o suficiente para acabar com a curiosidade de Jinyoung.

- Só? Mas foi a mão armada, você estava sozinho...?

- Eu não gosto de falar sobre isso.

- Ah! Desculpa, minha mãe sempre dizia que eu não sabia a hora de parar de falar...

- Tudo bem. - Jackson o corta, não querendo o ouvir tagarelar novamente. - E você, o que fez? Você não tem cara de que está culpado por nada então ou você é inocente ou é um psicopata e se for o último caso eu retiro meu convite de sermos amigos. - Jackson fala, dando um pequeno sorriso.

Jinyoung dá uma pequena risada antes respirar fundo e responder.

- Acho que é mais para a primeira opção... Mas sou cúmplice, então isso não me livra completamente de ter certa culpa.

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