Capítulo 07: Primeiro Julgamento: Gárgulas

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Sapphire

A chuva começou a cair vagarosamente, tão suave que era quase reconfortante.

Reconfortante em situações normais, mas ali era uma aliada sombria para o julgamento de Sapphire. Evitava que qualquer pessoa saísse de casa e se deparasse por acidente com os acontecimentos no parque. E se misturava e escondia as lágrimas daqueles que estavam sendo julgados.

Suas gárgulas permaneciam imóveis, prendendo os cinco jovens, aguardando um novo comando de sua mestra.

Depois da visita de Samuel, Jhulian ficara apreensivo, mesmo que insistisse que o outro não desconfiava de nada. Então dera a ordem que há muito não era utilizada. Deveriam levar os julgamentos a alguns, e depois sairiam da cidade.

O Primeiro Julgamento era de Sapphire. Cada Juiz tinha seus próprios métodos, e eram livres para julgarem da forma que eles achassem mais apropriada, a não ser que algum superior dissesse o contrário.

– Últimas palavras? – Sapphire perguntou.

– Você não precisa fazer isso! – a voz de Sathine estava esganiçada. – Por favor! Você não precisa! Por favor!

– Não há nada que você diga que possa mudar o que está decidido. – a Juíza falou. – Esta é a última chance de vocês falarem algo. Peçam perdão, clamem por Deus, não importa. E nada mudará o destino de vocês.

– Vá para o inferno! Vadia de merda! – Sathine se debatia e liberava eletricidade em vão, não havia a menor chance de afetar a gárgula que a prendia.

– Belas últimas palavras. – disse Sapphire, e com um gesto fez a gárgula que prendia Sathine a segurar ajoelhada. – Agora receba seu veredicto. Sathine Ulliel, eu a declaro culpada de todas as acusações. – a garota loira começou a chorar alto e gritar palavrões, e em seguida Ashley e Jake se juntaram aos berros. – Sua pena é juntar-se às gárgulas, e sob meu comando, limpar o mundo de pessoas como você.

Sapphire estendeu as mãos para tocar Sathine.

– NÃO! PARE! – Ashley gritava com todas as forças que lhe restavam.

– Não se preocupe, você logo receberá o mesmo fim. – disse Sapphire. – Amigas, servindo a mim, como minhas gárgulas.

A mão de Sapphire tocou o braço de Sathine, abaixo do cotovelo, onde a blusa da garota terminava. Então seu poder começou a fluir, e ela sentiu a pele da garota endurecer aos poucos. Os gritos histéricos dos outros jovens foram abafados pelos trovões, e pelo barulho forte da chuva contra o solo. Estava tão inebriada no momento que não viu de onde veio a explosão que lançou tudo para longe.


Ashley

Ashley não sabia de onde viera aquela força.

Na verdade, viera dela, mas ela não sabia como conseguira utilizar seu poder com a gárgula apertando sua cabeça e lhe tirando a concentração. Estava sentindo tanta dor na cabeça que não seria capaz de mover uma colher. Mas quando a tal Juíza tocou Sathine, e estava transformando a amiga em pedra, Ashley enlouquecera. Não deixaria ninguém matar sua amiga. Ela seria capaz de enfrentar um exército para salvar seus amigos. E não seriam alguns montes de pedra que a impediriam.

Seu poder fluiu de forma diferente. Foi intenso, como uma onda. E tudo foi arremessado para longe. O impacto foi forte o suficiente para quebrar as gárgulas mais próximas, principalmente as que prendiam seus amigos.

Quando se viu liberta, Ashley correu - se arrastou e escorregou, na verdade - até Sathine, que estava atordoada pelo impacto.

– Sathine! Sathine! Você está bem?

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