Sebastian Feon

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Na grande Times Square, famosa pelos seus outdoors e conhecida por sua grande movimentação, uma figura solitária se destaca. O homem está parado, recostado a um poste, calmamente no meio dos pedestres grosseiros andando apressados. É alto, por volta de um metro e oitenta, talvez mais. Seu cabelo perfeitamente penteado para trás e a barba cuidadosamente aparada, sugerem uma pessoa certamente vaidosa. As marcas de expressão em seu rosto não denotam uma idade maior a 40 anos, sem dúvida. Seus olhos possuem um tom de mel, quase dourados, e se você realmente olhasse para eles, poderia notar pontos vermelhos de luz na íris. Esse pequeno detalhe unido as sobrancelhas pretas e grossas faziam-no ter um olhar felídeo, leonino. Como se na verdade ele estivesse ali apenas aguardando a presa certa, preparando uma emboscada. Seu terno era um Armani, azul petróleo, com um corte impecável que lhe caia como luva, ressaltando suas costas definidas.
Os sapatos estavam recém engraxados. Em sua mão ele carregava uma pasta preta de couro, com o monograma S.F gravado no centro.
Sebastian Feon. Herdeiro de Demétrio Feon, um dos maiores empresários que a cidade de Nova York já viu. A família era conhecida por seu império, era basicamente uma das fundadoras de Nova York, que não se ergueu sozinha. E tampouco de maneira fácil.
Não era só sua grande contribuição para a Big Apple que era conhecida. O nome Feon carregava consigo poder e influência, isso se dava ao respeito que haviam adquirido. E ao medo que impunham.
A fama que sucedia, era de sua aliança com a máfia, seu império feito em cima de sangue, tráfico e crime. Obviamente era como uma lenda urbana, na qual poucas pessoas tinham fé. Caso contrário Sebastian não estaria parado em meio a Times Square, e sim enjaulado em uma penitenciária de segurança máxima.

O herdeiro olhou as horas em seu relógio suíço, 11h58 e finalmente saiu de seu posto. Foi caminhando junto a multidão, andava apressadamente como todos outros transeantes quando esbarrou em uma ruiva de óculos escuros, no encontro deixou sua pasta cair no chão, a sua esquerda. A ruiva pediu mil desculpas e pegou a pasta que Feon havia deixado cair. Ela também carregava uma pasta com o monograma exatamemte igual, que deixou cair à sua direita, Sebastian a tomou para si e deu uma piscadela para a moça ao se levantar, pedindo desculpas por ser tão distraído. E limpando seu terno sem um grão de poeira.

Ele seguiu sem olhar para trás, e com um sorriso brincando em seus lábios, se dirigiu ao imenso edifício de mármore negro da F-Corp.

O escritório de Sebastian era sem dúvida digno do império Feon. Uma cobertura magnífica e gigantesca para um homem desfrutar a vista da grande e cinzenta cidade. O empresário costumava dizer que dali a vida parecia um tabuleiro, e ele era o único jogador.
Sebastian adentrou o escritório com a mala na mão. Caminhou até seu bar e fez para si um drink forte. Estava em êxtase de ter algo tão valioso em mãos.
Repousou o copo no balcão enquanto abria a pasta. O "click" ouvido, das travas se abrindo fizeram-no sorrir.
Sebastian pegou o envelope com cuidado, rompendo o lacre como quem abre uma garrafa de champanhe. Ao se certificar que o conteúdo estava lá tomou um gole do seu drink vagarosamente.

Sebastian Feon era um grande admirador do trabalho do serial killer em pauta no momento. E vinha acompanhndo de perto cada obra do mesmo.
Com cuidado ele espalhou as fotos pelo balcão, para analizar com cautela cada uma. Seus olhos brilhavam, absorvendo os detalhes diante de uma arte tão única.
Veja, Sebastian não gostava do assassino em si. Mas seu trabalho era inegavelmente extraordinário. O mal acontecia, mas a beleza da arte não poderia ser simplesmente ignorada. O sacrifício feito para cada quadro dava um novo sentido e uma emoção sem comparação a cada obra e ele sentia-se deleitado ao ver cada uma. O empresário havia pago uma enorme quantia pelo caso "The wonded deer" o último trabalho do Doutor. Megan, a ruiva que lhe vendia as fotos e alguns dados do caso desde o início, quando o doutor fez sua primeira tela. Disse que havia sido promovida e agora trabalhava diretamente com o investigador encarregado do caso: Wolfgang.
Sebastian mordeu o lábio por um instante, escolhendo a foto que melhor enquadrava a obra prima. Assim que se decidiu foi até sua escrivaninha onde ele mantinha um pequeno baú de mogno, antigo e o destrancou. Guardando a foto, está era perfeita enquadrava de forma perfeita o veado com a cabeça humana e era a única que não cortava nenhum pedaço da galhada respeitosa. Sebastian a deixou ali, junta das outras mais, todos belos e respeitosos quadros pintados à sangue.  Esperando apenas pelos outros mais que viriam a seguir.

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