destruções

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        Camila's POV
Eles disseram que liberariam-na quando a papelada fosse preenchida, assenti e sai andando, pegando os fones para começar a escutar música. Coloquei os mesmos e ativei o aleatório, limpando o rosto com lágrimas que insistiam em cair.
Eu não sabia nada da vida de Lauren Jauregui. Não sabia sua idade, onde morava, mas eu me preocupava. Depois do que ela fez, eu ainda me preocupava. Por que?
Entrei em casa, subindo as escadas, adentrando meu quarto e me jogando na cama. Eu queria tanto saber como ela estava. Lembrei que ela tinha me passado seu número na biblioteca, e eu tinha anotado nos contatos, percorri pela lista e achei.
Mensagem on
Me: Oi.
Jauregui: Quem é?

Começo a sentir borboletas em meu estômago.

Me: É a Camila, você está bem?
Jauregui: Sim.
Mensagem off
Suspirei em alívio, coloquei o celular de lado e abracei o travesseiro.
Lauren's POV
Sai daquele lugar, toda machucada e dolorida, eu me sentia um lixo e só queria chegar em casa. Quando cheguei, vi uma mensagem de Camila em meu celular, meu coração disparou como se eu tivesse um problema cardíaco. Estranho. Respondi o mais rude que pude. Entrei no banheiro, me despi e tomei um banho gelado, sentindo meus machucados arderem, apertei os olhos.
Me enxuguei, colocando um pijama largo, deitei na cama e dormi. Acordei com o som estridente do meu celular, olhei na tela e vi que era meu pai.
Ligação on
- Alô? - Fico observando os roxos da minha barriga.
- Vejo que minha filha, se é que posso chamar você assim, saiu do presídio, uh? - respondeu em tom irônico me fazendo gelar.
- Obrigada por pagar a fiança, pai, foi um mal entendido, eu não era culpada, foi horrível... - queria explicar tudo para ele mas o mesmo me cortou.
- Pagar sua fiança? Por mim você apodreceria na cadeia. Só liguei para avisar que coloquei outra pessoa na empresa em seu lugar. -  Arregalo os olhos não acreditando no que ele estava dizendo. - Você vai receber uma quantia por mês, para poder se manter, pagarei sua faculdade, mas você pode esquecer que um dia pertenceu a nossa família.
Ligação off
Meu pai era assim, enquanto você estava seguindo perfeitamente suas regras, ele te tratava bem, mas se um dia você desse algum deslize, o homem não perdoava, pelo menos não tão rápido.
De qualquer modo, quem havia pago minha fiança? Será que foi...
Mensagem on
Me: Camila?
Cabello: Sim?
Me: Você pagou minha fiança?
Cabello: Por que acha isso?

Talvez tenha sido meu pai, ele deve ter falado que não apenas por estar bravo.

Me: Meu pai disse que não pagou.
Cabello: Pode ter sido qualquer outro parente.
Me: Camila, eu não tenho parente, nem meu pai está morando aqui.
Cabello: Você mora sozinha?
Me: Mais sozinha do que se possa imaginar.

Abaixo a cabeça sentindo meus olhos marejarem.

Me: Camila? Vou perguntar outra vez. Foi você que pagou?
Cabello: Foi.
Me: Me desculpa por ser tão idiota.
Cabello: Você não tem culpa de ter nascido assim.

Ela estava zoando com a minha cara?

Me: Ainda posso ir até a biblioteca?
Cabello: Se prometer não tocar em mim, pode.
Mensagem off
Como uma pessoa consegue ser tão dramática? Até parecia que ninguém havia tocado nela antes. Reviro os olhos com meus pensamentos. O mais estranho, é que eu tinha sido presa, espancada e meu pai tinha quase me deserdado da família. E era tudo culpa dela. Então por que eu não estava com ódio de Camila? Por que eu só conseguia me culpar e lembrar de como ela é linda? Por que ela não saia da minha cabeça?
Comi alguma coisa, escovei os dentes e voltei a dormir, estava exausta e pela manhã, teria faculdade.
Acordei com o meu despertador, fiz minhas higienes matinais, me arrumei, passei maquiagem em todo o rosto, tentando cobrir ao máximo todos os hematomas e fui para faculdade dirigindo meu outro carro, já que tinha deixado meu preferido na empresa dias atrás.
Quando acabou a aula, fui para casa, liguei pedindo pizza e tomei um longo banho, coloquei roupa, sequei os cabelos e refiz minha maquiagem. Liguei o carro, dirigindo até a biblioteca. Estacionei e travei o mesmo, caminhando até adentrar aquele lugar.
Ela estava radiante, seus olhos grudados na tela do computador em sua frente, mordia seu lábio inferior, como quem estava resolvendo algo importante, fiquei fitando-a por alguns minutos, até que ela percebeu minha presença.
- Jauregui, uh? - Disse como se nunca havíamos conversado antes.
- Cabello. - Sorrio sem graça.
- Sabia que você viria. - Continuou. - Separei cinco livros para você, edição limitada.
Aparentemente, aquela mulher sabia que conseguia me tirar do sério apenas por estar ao meu lado, ela sabia que eu me sentia vulnerável com sua voz. Eu estava sentindo alguma coisa por aquela maldita? Ela tinha destruído minha vida, meu futuro naquela empresa, meu orgulho, estava tudo destruído, ela estava me destruindo.

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