Infância

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Na casa de um garoto tinha uma amoreira de longos galhos;

Formiga e mão de menino se confundiam ao inicio da escalada limitada pelo coragem ;

E cada vez mais alto, os galhos arranhavam o rosto macio do garoto e algumas vezes a dor tomava-lhe, mas valia a vista, tudo estava em paz quando o vento brincava com os fios de cabelo;

E o topo foi conquistado em uma tarde ensolarada, as amoras doces alimentavam as horas daquele céu e do vento sobre a alma;

E ele desceu;

Ao acordar em mais uma manhã de amora. Ao fundo de seu quintal ouviam-se as machadadas derrubarem a arvore;

E cada corte na fruteira era um rasgo na alma do garoto;

Ele se entristeceu, mas não chorou;

Ele não sabia porque se sentia triste, era apenas uma arvore. Arvore estúpida!

E certo tempo passado havia uma goiabeira ao lado da janela da irmã do menino;

E ele subia cada vez mais alto, cada tarde mais livre, as frutas eram boas e aos montes;

Sua mãe pedia a ele para que pegasse aquelas gostosuras;

A família sentaria feliz e gozaria daquele sentimento;

E certo dia ele subiu até o ultimo galho e viu a cidade de cima;

O sol brilhava e ele amava cada segundo da vida;

As goiabas alimentavam as horas daquele pôr do sol e as formigas dançavam sobre a pele do menino;

E, em uma manhã, a goiabeira também se foi e o cimento deixou tudo nivelado e opaco;

A família não se reuniria para desfrutar dos doces da fruteira;

Então o garoto odiava o sol, o vento e todas as formigas;

E sua mãe lhe contou que a amora matava os morangos;

E soube que a goiabeira sofria ao estar tão longe de tudo que lhe era natural;

E o garoto chorou pelas mortes de suas amigas, pelas frutas que não comeria e pela infância;

O menino , o mendigo e a AfliçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora