Você pode me ouvir?

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Amber

Haviam se passado quase uma semana desde a morte... Bem... O assassinato do garoto Marshall.
Estávamos envolvidos nisso até o talo, não dormiamos, nem comiamos, e a culpa estava corroendo nossa consciência mais e mais a cada dia.

Courtney passava a maior parte do tempo bebendo, isso estava fazendo ela ficar viciada.

Jeremy e Sasha ficavam encarando o vazio, e muito raramente alguém falava algo feliz.

Sam nao falava comigo a quase três dias, e andava por ai como um maluco pensando que alguém o observava.

E eu? Eu ainda lia e relia a mensagem misteriosa que havíamos recebido.

A escola estava monótona e o clima de Rosewood cada vez mais sombrio com a aproximação do inverno.

Eu estava evitando minha mãe e minha avó. Elas saberiam que algo estava errado e tudo seria uma confusão. O que acontece entre amigos, fica entre amigos.

Era sábado, e havíamos combinado de passar um tempo juntos na minha casa, era a mais espaçosa e também a menos habitada por adultos.

Minha mãe sempre ia pra algum lugar onde pudesse fazer compras no fim de semana, e meu pai estava em uma feira de tecnologias em Ohio.

Minha avó arrumava namorados e saia com eles, como era de costume a Familia Marin era composta por irresponsáveis.
E agora uma assassina!

Eu não falava disso por Orgulho, era na verdade algo que eu queria poder reverter, ou simplesmente esquecer.
Era um peso muito grande pra se carregar. Ao menos nao teria que o carregar sozinha.

Jeremy foi o primeiro a chegar, ele estava usando um casaco de frio vermelho, e sua maravilhosa mochila de marca, os pais nao mediam esforços pra o encher de mimos.
Devia ser pra compensar a ausência.

Sam chegou com as meninas una quinze minutos depois, estavam também muito agasalhados e Sasha usava tampões de ouvido de pelúcia amarela.
Parecia uma versão colecionável da princesa Leia.

- Está congelante lá fora. - Courtney falou me abraçando, as luvas de couro preto pareciam congeladas.

- Não lembrava que o inverno de Rosewood era tão rigoroso. - Sam falou me beijando no canto da boca. Estávamos em um clima meio intimo desde o ocorrido dele no chuveiro, eu curtia ele, a maneira como era responsável e delicado.

Eu acho que isso me ajudava a esquecer o porque estávamos tão próximos.
Estávamos unidos por algo muito forte, algo ruim, mas forte.

- Preparei chocolates quentes, com marshmallow e caramelo. - Falei apontando pra mesinha de centro da sala, onde em uma bandeja estavam dispostas enormes canecas de chocolate borbulhante.

- Ai socorro! Eu amo isso!!! - Sasha correu e pegou uma caneca que pareceu aquecer suas mãos.- Acho que você fez uma caneca a mais amiga...

- Não! - Eu havia esquecido de contar pra eles. - Chuck vai vir passar a noite conosco.

- Sério? Mentira! - Jerry pulou do sofá onde já havia se acomodado, um leve rubor subiu pelas suas maçãs do rosto.

Todos rimos fraco, eu havia sentido um clima muito fofo entre eles dois, antes de... De tudo...

- Ele não demora a chegar! - Peguei uma caneca pra mim e alcancei uma a Sam. - Acredito que esteja bom, se não estiver não fui eu quem fiz!

Ele sorriu.

- Se foi você quem fez tenho certeza que está... - Ele se aproximou de mim e pegou uma mecha do meu cabelo claro. - Delicioso.

Me senti quente, ele tinha uma coisa envolvente, perigosa...

Secret - DescendentesOnde histórias criam vida. Descubra agora