Secret - Descendentes

Novas proporções

Sasha

Passamos a noite dedicados a queimar a jaqueta com sangue do Marshall na lareira de Amber.

Sobre explicar a situação pro Chuck? Fora de cogitação, falamos que era alguma brincadeira de escola, com sangue de animais mortos e ele não perguntou mais, ou havia mesmo acreditado na história, ou simplesmente havia entendido que era algo do qual ele não poderia saber.

Continuamos "assistindo" aos filmes, mesmo que não estivéssemos dando a mínima pra eles.

Amber foi deitar em seu quarto na companhia de Sam, pelo jeito eles arrumariam distração.

E quando vimos Jerry e Chuck indo em direção ao quarto dos Marin soube que não seriam os únicos a distrairem-se naquela noite.

- Como as pessoas conseguem pensar em sexo com um clima desses? - Falei com Court, ela estava babando pelo canto dá boca, parecia estar bêbada mesmo.

O cheiro de álcool vindo dela era tão forte que se eu ascendesse algo perto de sua boca acredito que sairiam lavaredas dali.

Eu estava verdadeiramente entediada. Não havia nada de divertido pra fazer, minha melhor opção era assistir a vida alheia no Facebook.

Eram cerca de quatro dá manhã e a chuva em Rosewood se mantinha contínua e forte. Os clarões estavam menos frequentes, mas eram nitidamente visíveis através dos vidros das portas dá varanda na casa de Amber.

Eu estava passando pelo meu feed de notícias quando meu celular vibrou, anunciando uma nova mensagem na caixa de entrada!

" Ei pequena DiLaurentis, eu vejo você, eu sei o que você quer... Eu vou lhe dar o que você quer!

-A "

- Meu Deus! - Eu exclamei e comecei a olhar ao redor como uma doida. Sacudi Courtney e chamei pelo seu nome várias e várias vezes, mas ela simplesmente não reagia.

A angústia não me deixava ficar quieta, eu precisava saber se "-A" estava dentro da mansão dos Marin.

Olhei mais uma vez pra Courtney, que se mantinha imóvel. Eu sentia cada músculo do meu corpo se retraindo a medida que eu me aproximava do vidro dá porta que dava de frente pra varanda.

Eu finalmente, depois de segundos que pareceram eternos consegui encostar no vidro gelado.
Cogitei abri-lo por um milésimo de segundos até que um clarão me revelou algo que me arrancou um grito agudo e alto do fundo dos pulmões.

O entregador de pizzas, ou seja lá quem fosse aquilo, estava lá fora, ele estava com a mesma roupa de horas atrás, o capacete ainda escondendo a face e em suas mãos estava uma placa.

Nela tinha o dizer:

" Oi princesa, vamos brincar de pega-pega? "

Eu arregalei os olhos quando vi a enorme marreta que ele tirou do casaco.

Foi o tempo exato de eu me afastar para que ele quebrasse os vidros e entrasse na casa.

Eu? Eu corri, o mais depressa que podia.

- Courtney! Acorda porra! - Soltei berros que finalmente a fizeram reagir, ela ficou confusa por alguns segundos até digerir o que estava acontecendo.
Então ela também correu.

A pessoa misteriosa andava tranquilamente enquanto nós corríamos, o que nos causava ainda mais desespero.

- Jerry!!!! - Berrei subindo a enorme escada caracol, Courtney vinha logo atrás de mim, nossas respirações pesadas nos faziam ainda mais desesperadas.

Quando chegamos no segundo piso Amber estava saindo do quarto correndo.

- O que houve? - Ela gritou, e atrás de si foi possível ver a silhueta de Sam, que estava somente enrolado em um lençol cor de rosa.

- "A" está na casa! Ele está... - Courtney começou a explicar quando -A surgiu atrás dela é a apunhalou com o cabo de sua marreta.

Ele pareceu por um minuto com a intenção de martelar a cabeça dela, que já estava caída no chão.

Mas meu grito fez com que ele direcionasse seu visor espelhado na minha direção.
E foi contra mim que seu golpe foi desferido!

Mais um grito brotou na minha garganta e o medo que me rodeava me fazia entender que talvez aquele fosse o último!

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Jerry

Antes que a enorme marreta atingisse Sasha bem no meio dá cara eu bati com um abajur cor de rosa na nuca do agressor!

Ainda confuso não havia entendido o que estava a acontecendo!

- Você matou "A"! - Sasha falou cobrindo a boca em seguida.
Nesse instante, após ouvir a denominação que mais temíamos  que pude entender o que na realidade estava acontecendo.
Nosso maior pesadelo nos últimos tempos estava sendo a perseguição nada engraçada dá parte dessa tal "A".

O pequeno sopro de alegria que estava sentindo foi por terra quando o a pessoa se ergueu novamente e me deu um soco bem no meio dá cara.

Eu voei uns três metros pra trás e fui amparado por Chuck que recém saíra do quarto.
Ele deu dois passos pra trás me segurando pela cintura e me encarou no fundo dos olhos.

Sua expressão era um mix de confusão e ódio.

As meninas estavam auxiliando Sasha antes que pudéssemos esboçar uma reação -A saiu correndo e se chocou contra a vidraça colorida no final do corredor.

Corremos até o que havia sobrado da janela mas a escuridão da noite não nos permitiu ver qual rumo aquele monstro havia tomado.

- Alguém vai me falar agora o que diabos aconteceu aqui? - Chuck falou olhando cada um de nós no fundo dos olhos. - Jerry?

Eu senti o peso de tudo aquilo nos meus ombros. Obviamente ele não esperava que mais alguém ali fosse sincero com ele mas ele super esperava isso de mim.

Nós estávamos nos curtindo. Estávamos nos conhecendo.
Eu não queria estragar isso omitindo algo dele. Ele podia ter perdido a vida nessa noite, sendo que ele nem tem envolvimento com essa merda toda que aconteceu.

- Jeremy! - Courtney chamou meu nome e me despertou.
Meus amigos. Eles eram minha prioridade nessa história toda.

Eu estava em uma sinuca de bico, ou continuava omitindo tudo de Chuck e poderia perder a confiança dele. Ou contava tudo e colocava em risco a confiança dos meus amigos.

- Eu não sei o que aconteceu. - falei me virando pra Chuck. - Provavelmente foi um ladrão.

Chuck não tinha engolido a história, nem eu acreditaria naquilo.

- Eu vi vocês chamando ele de "A" - Ele disse me pegando do pulso.  - Não menti pra mim.

Ele estava apertando meu pulso.

- Você tá me machucando! - Falei com os olhos marejados. Ele apertou mais.

- Oh panaca! - Courtney deu um empurrão nele. - Ele mandou você soltar.

Ele pareceu despertar. Ele me olhou com ar de arrependimento.

- Jerry me... Desculpa... - Eu estava magoado e meu pulso latejava.

Saí de perto dele e entrei no quarto mais próximo, meus olhos estavam marejados. Não era só por ter me segurado forte, era por tudo.

Havia um assassinato, havia um psicopata. Estávamos presos até o pescoço nessa merda toda.

Meu celular vibro conforme minhas lágrimas foram caindo.

" Não chore Jeremy, o jogo apenas começou.
-A "

Meu celular voou sobre a cama e me inundei em lágrimas na busca de colocar toda minha raiva e angústia pra fora.