Magia dos Quatro

Capítulo 1 - Amizade

Era uma manhã de agosto, normal na vida de Sarah. O sol entrava pelas frestas da cortina em seu quarto, enquanto ela dormia com ar sereno, até que o barulho incômodo do despertador, soando teimosa e incessantemente pelo aposento, a acordou. Tateando preguiçosamente a cômoda ao lado de sua cama, desligou o despertador que agora marcava seis e meia da manhã.

Levantou devagar esfregando os dedos em seus olhos verdes e resolveu tomar um banho para se livrar do sono. Ao terminar, voltou para seu quarto.

Sarah se sentia animada para voltar à escola depois de suas longas férias. Ela viajara com sua mãe para o exterior, onde se divertira bastante, mas agora ela só queria rever seus amigos de classe, principalmente Beto e Julia. Os três estavam sempre juntos e eram inseparáveis durante as aulas. E, claro, ela queria voltar para sua rotina de estudos na escola.

A garota arrumou sua cama e saiu do quarto descendo as escadas, para encontrar sua mãe na cozinha, que arrumava a mesa para o café.

A cozinha era grande, bem iluminada e aconchegante. Sarah sentou-se à mesa após dar um beijo em sua mãe, que sorriu gentilmente para a filha.

- Bom dia, querida. Hoje vou ficar até mais tarde no trabalho, então, não me espere está bem? - Disse a mãe com uma aparência de cansada.

- Ok, mãe.

Terminando o café da manhã, Sarah pegou sua mochila e caminhou lentamente para a escola, observando tudo à sua volta. As ruas bem movimentadas, típicas para uma manhã da cidade de São Paulo, estavam mais cheias que o comum. Os motoristas sempre apressados, buzinando e, muitas vezes, ultrapassando os limites de velocidade. Pessoas aceleradas como se vivessem constantemente atrasadas para seus compromissos pareciam mais indiferentes que nunca e, simplesmente, andavam apressadas, sem se importar com o que acontecia ao redor.

- Sah, espere!

Uma voz masculina que pertencia a um amigo de Sarah foi ouvida e a garota, então, parou, sorrindo para esperar pelo amigo que corria em sua direção, com um sorriso largo no rosto.

- Oi, Beto.

Beto era uns bons dez centímetros mais alto que Sarah. Seus cabelos escuros e curtos eram ajeitados cuidadosamente com gel. Seus olhos castanhos claros, com seu sorriso, lhe davam um ar de criança sapeca.

­- E aí, como foi de viagem?

- Maravilhosa, você iria adorar. Minha mãe e eu conhecemos Nova Iorque, passeamos na Times Square e em vários outros lugares - sorriu Sarah, voltando a caminhar com ele pelas ruas movimentadas. - Mas o que eu perdi nesses dias?

- Nada demais, só a menina nova que entrou na nossa sala ontem.

- Menina nova? - espantou-se, parando em frente à escola. - Mas bem na metade do ano?

- Sim, parece que o pai dela foi transferido para cá no trabalho e a família teve que se mudar - explicou o rapaz. - Falando nela, olha ela ali - apontando para uma garota loira, parada mais adiante.

- Ela é bonita, parece simpática. - Sarah observava a menina.

­­- Só bonita? Ela arranca suspiros de todos os caras da escola, desde o primeiro dia que chegou - ele disse, olhando para a loira. - Ela é a mais gata de toda a escola.

Naquele momento, Sarah sentiu-se intimidada e até um pouco enciumada pela forma com a qual Beto falava da menina e a olhava. Ela não estava acostumada a ver o amigo falar daquela forma de outras meninas, mas resolveu ignorar o sentimento. Sarah não gostava de julgar as pessoas, mesmo que o fizesse constantemente.