Magia dos Quatro

Capítulo 3 - Começo

Depois da festa de aniversário mais estranha e emocionalmente desgastante, que Sarah já teve, ela estava decidida a descobrir o real motivo para Alexia ter arruinado sua vida naquele momento. Sarah não conseguia se decidir se ficaria com raiva da amiga, com medo de todo esse lance de poderes, ou triste por ter sido obrigada a se afastar de Beto.

"Ainda não compreendo o que Beto tem em relação a essa história de poderes, clima e futuro." Era o que Sarah pensava, mas ainda assim, coisas que Alexia falou, ou na verdade não falou, a estavam incomodando muito. "Por que será que ela está fazendo tanto suspense para falar tudo? O que é tudo?"

Ela ainda estava deitada em sua cama, enquanto pensava em tudo isso. Acordara mais cedo depois de sonhar novamente com os acontecimentos da sua festa de aniversário.

Depois que Alexia descongelou o tempo, todos voltaram a fazer o que estavam fazendo, como se eles nem tivessem parado, para eles estava tudo normal. Alexia não falou uma palavra, mas seus olhos estavam tão duros que nem precisava pronunciar nada para intimidá-lo, ele sabia que algo estava errado e não tentou argumentar quando as duas voltaram para o salão. Julia também deve ter viso algo no olhar de Alexia, pois sua expressão passou de confusa para espantada e, em seguida, para neutra, tão rapidamente que ninguém percebeu. Depois disso, Sarah evitou Beto o restante da festa e era exatamente o rosto dele, no final do evento, que mais a incomodava nos sonhos.

O despertador tocou e Sarah suspirou e se levantou. Hoje ela teria que encará-lo na escola e não fazia ideia do que falar ou de como agir. Ela também teria que falar com Alex, queria saber até quando teria que esperar pelas informações que a amiga omitia.

– Ótimo, já estou com dor de cabeça – ela resmungou, esfregando a testa com as mãos, enquanto terminava de se trocar.

Sarah desceu para tomar café, encontrando um bilhete de sua mãe em cima da mesa: "Saí mais cedo para o trabalho, coma direito! Te amo, mãe." Sarah sorriu ao ler o bilhete, mas não conseguiu comer nada e agradeceu mentalmente por sua mãe não estar, assim ela não a obrigaria a comer e muito menos a falar. Sua mãe ficara preocupada pelo jeito que Sarah estava agindo após voltar para casa. Ela, assim como todos os outros, não havia percebido o congelamento no tempo que Alexia causara, mas percebeu que alguma coisa estava errada entre a filha e o melhor amigo, Beto, que não se falaram direito durante a festa.

Depois de apenas tomar um copo de suco e uma aspirina, como café da manhã, Sarah saiu de casa e caminhou lentamente pela calçada. Percebendo como o dia estava cinza, ela olhou para umas flores amarelas de um jardim e elas estavam murchas, como se estivessem se sentindo péssimas porque o sol não aparecera.

"Parece que as plantas estão se sentindo derrotadas, assim como eu, hoje". Ela pensou e então uma voz ecoou em sua mente. A Terra. O elemento que ainda não tinha se aflorado, segundo o que Alexia havia dito, estava agindo hoje. Talvez porque Sarah já esteja ciente de seus poderes, mas isso não a animou, e a fez estremecer com a estranheza que aquilo provocava nela.

– Bom dia, Sah – uma voz conhecida a tirou de seu devaneio. Ela se virou apreensiva e se deparou com o sorriso de Beto.

– Bom dia – ela respondeu, meio sem ânimo.

– Credo, Sah, você está cinza que nem o dia. – O garoto brincou fazendo-a sorrir e o dia começou a clarear com uma leve brisa.

"É como se o vento estivesse soprando as nuvens". Ela pensou, enquanto olhava o céu e depois o garoto ao seu lado.

– Me desculpe por sábado, Beto, eu não sei direito o que me deu.

– Tudo bem, não precisa se desculpar – ele disse segurando as mãos dela, com um olhar brilhante e uma pitada de esperança. – Seu sorriso era gentil como sempre, o que deixou Sarah corada e aliviada. – Talvez eu tenha me precipitado, mas isso não muda nossa amizade.