O garoto

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"A vida é maravilhosa se não se tem medo dela." -Charles Chaplin

A casa dos vizinhos fazia divisa com o fundo do meu quintal e não era de dois andares como a minha, apesar de ser grande e confortável. Isso me permitia uma vista limpa do jardim de trás da casa deles.

Um menino sai da casa, ele parece ter uns nove anos e está carregando uma mala, ajudando na chegada da mudança. O menino parece conversar com alguém dentro da casa.

- Onde que você quer que eu coloque Fernando? A sua... cueca?- disse tirando alguma coisa da mala e balançando no ar.

O menino disse isso só para ser acertado depois na cara por um calção voador que surgiu de dentro da casa. Então saiu de dentro um rapaz alto, mais velho, vinte anos talvez, carregando outra mala e rindo de dobrar a barriga. Ele tinha também os mesmos cabelos escuros levemente encaracolados em um coque, o que me faz pensar que são irmãos.

-Cala a boca, Fernando! – disse o mais novo e cai na risada também.

Enquanto isso, um cachorro saiu eufórico da casa tentando loucamente lamber os meus novos vizinhos e de forma inusitada começou a latir em minha direção, provavelmente por causa da minha gata a qual, agora, eriçava o pelo e saia manhosa da sacada.Com isso, porém minha localização já havia sido entregue e os dois garotos já olhavam curiosos para mim.Corei.

Assim, dei um sorriso sem graça e acenei para os dois os quais fizeram o mesmo para mim. Tal situação me fez ficar com a obrigação moral de descer até lá e perguntar se eles precisariam de ajuda com alguma coisa. Muito obrigada, cachorro!

Desci as escadas e gritei para a minha mãe:

-Os vizinhos chegaram, mãe, vou perguntar se eles precisam de algo. E ela meio surpresa e esbaforida, da cozinha, perguntou se eu poderia lhes levar uma torta de "boas-vindas" que ela tinha acabado de fazer. Sempre com o papel de perfeita dona de casa... Respondi que sim.

Fui aproximando-me vagarosamente da casa vizinha, com a minha chegada os meninos se aproximaram do muro que era relativamente baixo.

-Olá vizinha. – Disse o mais novo com um sorriso travesso. -Espero que isso seja para nós...

-Calado Ian, onde está sua educação? – disse o mais velho, aparentemente, chamado Fernando. – Perdoe meu irmão. – Acrescentou sem jeito.

-Tudo bem, é realmente para vocês...e bem-vindos! – disse sem jeito – meu nome é Petúnia e se precisarem de alguma coisa, não se avexem. – conclui com um sorriso amarelo.

-Você me deve cinco reais.-disse o mais novo cutucando o mais velho e caindo na risada.

-Perdoe meu irmão, foi só uma aposta boba. Esqueça isso.- disse sem graça o mais velho. Foi impressão minha ou o vi corar? Não nego, fiquei curiosa...

- Não, me contem aí.- insisti rindo do constrangimento deles.

- É porque meu irm...- Fernando se lançou sobre Ian, com um braço imobilizando seus movimentos e com a outra mão tapou sua boca, neutralizando a ameaça. "Droga", pensei.

- É só uma aposta entre irmãos- riu sem graça Fernando.- ela nem terminou ainda, então não te devo nada, né Ian?- completou olhando para o irmão.

Fernando fez menção de pegar a torta sobre o muro mas suas mãos estavam ocupadas segurando o irmão, ele pensou um minuto a respeito do que faria e disse:

- Bom é... Petúlia...

- Petúnia- corrigi.

- É Petúnia, foi um prazer. Espero que nos encontremos mais vezes. Obrigado pela torta. E vou ali rapidinho resolver um problema.- disse apressado, o peso do irmão começava a incomodar. Ian não se dava por vencido e se retorcia o quanto podia.

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⏰ Última atualização: Mar 04, 2017 ⏰

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