O Filho da Diretora

5- Vamos brincar de Eu Nunca?

- SE ME CONHECESSE PELO MENOS UM POUCO "MIMADA" SERIA O ÚLTIMO XINGAMENTO QUE PENSARIA EM USAR COMIGO! REALMENTE FUI BURRA, MAS POR GOSTAR DE VOCÊ E ACHAR QUE VOCÊ ERA ALGUÉM DIFERENTE. VOCÊ É SÓ MAIS UM BABACA SE ACHANDO O FODÃO, MESMO NÃO SABENDO LOCALIZAR O BRASIL NUM MAPA E PRECISANDO DA MINHA AJUDA COM A AULA DE GEOGRAFIA – gritei com o dedo indicador quase enfiado na cara dele

Lucas me olhava calado e, depois de recuperar o folego, me virei para ir embora, mas fui impedida por Lucas, que segurou meu braço de novo, dessa vez mais suavemente. Eu já estava pronta para reclamar e me soltar, mas o mais velho me colocou contra a parede e me beijou.

Nem um segundo se passou e eu logo o empurrei, nos afastando – FICOU LOUCO? E A LAURA, PORRA? – gritei, me virando para sair, e vi Laura, parada nos olhando

Saí correndo em direção ao dormitório. Entrei no quarto e agora estou deitada no colchão, rodeada pelas meninas, que tentam me acalmar.

Contei tudo o que aconteceu no estacionamento.

- Aquele desgraçado me paga! Dessa vez vou atear fogo nele ao invés de jogar um balde de lixo – Lais disse irritada, saindo do quarto, pisando forte. As meninas saíram para tentar impedí-la.

Sabendo que não adiantaria tentar impedir Lais, me lembrei que Bé estava irritada hoje mais cedo, eu sabia que tinha algo errado.

Me levantei da cama, puxando Bé comigo, que permaneceu no quarto, e saí do quarto.

- Ta tudo bem com você? – perguntei mas ela permaneceu em silêncio – Percebi que você tava um pouco irritada hoje de manhã e sei que você não costuma ser assim

- Por que as pessoas se tornam importantes em nossas vidas e depois simplesmente nos decepcionam? – perguntou com os olhos marejados

Caminhamos até o jardim e nos sentamos – Se você me perguntasse isso a um tempo, eu não saberia responder, mas... acredito que as pessoas fazem esse tipo de coisa por não saberem dar valor as coisas boas – disse tentando acalmá-la – Mas temos que seguir em frente. Não podemos nos deixar abalar pelas decisões erradas de outras pessoas. Você é incrível e ninguém pode mudar isso – eu disse e ela simplesmente desabou em lágrimas

Nos abraçamos e ficamos em silêncio por alguns minutos. Vendo ela nessa situação, tive certeza que algo havia acontecido entre ela e Josh, só não sei se era algo plausível.

- Sei que é desconfortável falar sobre isso, mas preciso saber o que aconteceu... Não posso ouvir apenas um lado – expliquei

- Ontem tivemos uma briga, acabamos nos exaltando e cada um decidiu ir pro seu canto – disse enxugando as lágrimas

- Hoje de manhã senti muita vontade de chorar, por conta de tudo que aconteceu com o Lucas e etc, mas não vou me permitir chorar por aquele imbecil. Eu sei que ficar chorando não vai fazer meus problemas serem resolvidos – aconselhei – Então eu me levantei e vim cuidar da minha amiga, porque prefiro me preocupar com os problemas de vocês do que com os meus – eu disse sorrindo

- Eu queria ter essa força que você tem, pra me levantar e seguir em frente, mas eu não consigo. Eu só quero ficar aqui no meu cantinho, quietinha, chorando – ela disse de cabeça baixa

- De jeito nenhum. Não enquanto eu existir – eu disse me levantando – Você vai tomar banho, vai trocar de roupa e nós vamos sair pra tomar sorvete

- Já vi que não vai adiantar dizer não pra você – ela disse se levantando – Tudo bem!

Enquanto Bé tomava banho, saí do quarto, atravessei o corredor e entrei no quarto dos meninos. Lucas e Josh estavam sentados no chão jogando videogame, parecendo duas crianças.