beatriz (bia)

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03/01 – 09:45
Minha casa

– Nos não devíamos ter feito isso. Foi ruim, muito ruim- eu andava de um lado para o outro enquanto a Renata estava esparramada na minha cama com cara de tédio.

- Não tem nada de errado no que eu fiz, na verdade foi muito certo, estou apenas contribuindo com a lei- ela sentou de supetão e olhou para mim com uma cara horrorizada- você trocou os lençóis depois que você e a Vic acordaram né?

- Você tá brincando? É com isso que você se preocupa? Nossas amigas estão lá!

- A Laura está lá- ela levanta e vem na minha direção- e isso é o que eu queria, aquela vaca tem que entender que não se fala comigo daquele jeito. O resto foi efeito colateral.

- A Nanda e a Lunes estão lá! Meu deus isso é terrível, que tipo de amigas nos somos? - Eu fazia gestos com as mãos demonstrando total nervosismo.

- Elas deveriam nos agradecer. Pelo menos agora elas podem se pegar em paz, orange is the new black da vida real.

Fuzilo Renata com um olhar mortal e a mesma simplesmente da de ombros e entra no closet.
Eu não devia ter aceitado fazer aquilo. Deveria tê-la impedido. A Nanda deve estar querendo me matar.

- Foi uma festa bem intensa a sua não é mesmo Renata? - Minha mãe, Lena diz entrando no meu quarto.

- Pois é, uma loucura- minha amiga diz colocando um vestido meu na frente do corpo- eu não fazia ideia que minhas amigas mais próximas poderiam ser tão descontroladas. Até mesmo a Nanda que conhecemos a tantos anos.

Não! Ela não disse isso. A Renata às vezes pode ser muito impulsiva. Fui muito ingênua em achar que ela perdoaria fácil as meninas por terem continuado na casa da Laura depois de tudo.

- A Nanda? Deus, minha filha vocês eram tão amigas. Ela frequentava nossa casa- minha mãe disse pegando as roupas sujas do banheiro e jogando em um cesto que carregava- uma pena.

- O que quer dizer com "eram amigas", "frequentava" e "uma pena"? - Questionei.

- Não sei mais se é uma boa ideia uma garota como essa continuar... fazendo parte da sua vida. Pode ser uma má influência.

- Concordo totalmente com a senhora- Renata se pronunciou- tenho que ir agora, estou exausta e preciso de um banho de loja- ela enfiou o meu vestido na bolsa e saiu de fininho.

Assim que o carro virou a esquina peguei minha bolsa e desci as escadas. Minha mãe me parou antes mesmo de eu conseguir alcançar a chave do carro.

- Você não vai até lá- ela sibilou- o que as suas amigas fizeram foi errado, sabe disso.

- Não importa, o que eu fiz também foi errado. Eu não deveria ter denunciado as minhas amigas e deixar por isso mesmo.

Dito isso peguei a chave do carro e sai pela porta dos fundos.

[...]
10:45
Delegacia

- Solta todas elas- entrei de supetão na sala da minha mãe e dei de cara com uma pessoa que parecia me perseguir- oh, desculpe, não sabia que estava ocupada.

- Não se preocupe, querida. Sua amiga veio falar sobre a soltura de suas amigas.

Lancei o olhar para a garota sentada na cadeira. Vic me olhou de uma maneira desconfortável, o que causou um quase ataque de riso na garota em pé atras dela, Mariana.

- Chamei-as para virem até aqui- minha mãe quebrou o silêncio- vamos discutir sobre isso.

Pense nas inúmeras coisas horríveis que estavam acontecendo, e pense naquela famosa frase de que "tudo de ruim que acontece com a gente é para melhorar", bem, isso não se aplica a mim.

Foi um verdadeiro desastre. Fui ingênua em achar que a Fernanda me perdoaria facilmente se eu dissesse que estava arrependida. Ela jogou na cara da minha mãe que sou uma cachaceira e ainda soltou que eu havia dormido com a Victoria.

Não sei dizer ao certo o que se passava pela cabeça da minha mãe, ela simplesmente disse aquela frase torturante: "em casa nós conversamos"

Conversei com a Nanda também e acabamos nos entendendo. Ela tinha razão em muitos pontos. Era hora de enfrentar minhas mães.

Cheguei em casa com a Fernanda. Tive quase que ameaça-lá para dormir lá em casa.

Minhas mães já estavam sentadas na mesa da cozinha me olhando feio. Vinha bomba.

- Me espera lá em cima, se eu não voltar em 1 hora, chame a polícia- instrui a minha amiga que subiu mais rápido que um furacão.

Andei em passos extremamente lentos até a cozinha. Quando cheguei já fui metralhada por um sermão:

- Você tem ideia de como o que você fez foi estupido e perigoso? Você não conhecia a garota, e se ela tivesse alguma doença, ou fosse uma maluca. E isso tudo por que você bebeu. Beatriz, você sequer tem 18 anos, e mesmo se tivesse ainda não teria permissão para ingerir bebida alcoólica- o discurso típico da oficial Adams Foster.

- Por que fez isso? Você não é assim. Sempre foi uma menina doce, que nos contava as coisas. O que está acontecendo? Algo está te deixando confusa? Essa garota... ela... está te confundindo? Estão tendo alguma coisa?

- Por Dumbledore, isso é sério? - Explodi, será possível que quando explodo eu uso referências a sagas?

- Vocês não me conhecem, vocês não têm ideia de como eu sou. Vocês sempre quiseram que eu fosse a filha perfeita, devo ter boas notas na escola porque minha mãe é a vice-diretora e devo seguir a lei porque minha outra mãe é policial. Eu só quero não ter que ser igual a vocês. E não, eu não tô bagunçada por causa de ninguém e nem tendo nada com ninguém.

Não deixei tempo para elas responderem e subi as escadas correndo. Entrei no quarto com os olhos marejados e sentei na cama. Fernanda saiu do banheiro e me abraçou.

- Gostei da Bia rebelde, falou bonito lá embaixo. Tô orgulhosa- ela disse divertida.

- É bom se preparar porque acaba de começar uma guerra na família Adams Foster.

Ficamos assistindo série até tarde. Só paramos quando o sono nos atingiu.

Poison GirlsOnde histórias criam vida. Descubra agora