Capítulo II

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Mallory

— Quem é você?

— Não, querida! A pergunta correcta é: 'Quem são vocês?' – Diz o homem à minha frente, acendendo a luz, revelando outro indivíduo sentado no meu sofá creme.

O meu próximo instinto foi avaliar o espaço onde estava, eu já conhecia a minha casa, como seria de esperar, só tentava procurar algum objecto com que me pudesse defender, mas seria impossível, não tinha nada perto de mim a não ser um candeeiro, mas o que um candeeiro podia fazer contra dois homens?!

— Querida nem pense nisso. – disse o homem, com uma pistola na mão. – Nós só precisamos da sua ajuda. – diz, apontando com a cabeça para o indivíduo sentado no meu sofá.

Ao seguir o seu olhar vejo que ele tinha a sua t-shirt coberta de sangue, apertei mais a toalha ao meu corpo, não estava a gostar muito dos olhares do indivíduo da pistola.

— Querida, vai demorar muito? – sempre que me chama de querida fico arrepiada com o seu tom de maldade.

— Mas como é que eu posso ajudá-lo?! – falo pela primeira vez nesta situação.

— Nós sabemos que trabalha no hospital. – Aquela afirmação apanhou-me de surpresa. Como é que eles saberiam tal coisa?!

— Okay – disse dando um passo em direcção ao meu quarto, com o intuito de ir buscar o estojo de primeiros socorros que guardava na casa-de-banho.

— Onde pensa que vai? – disse o individuo de pistola na mão.

— Vou buscar o estojo de primeiros socorros e vestir algo.

— Eu acho que está bem assim. – Disse aproximando-se de mim, lentamente, mas com a arma apontada.

— Deixa-a ir! – Afirmou o homem que estava no meu sofá.

Segui de imediato para o meu quarto, encostei a porta e comecei a procurar a minha mala, para poder pegar no meu telemóvel e chamar a polícia. O problema é que eu não a encontrava em lado nenhum, comecei a desesperar e a pensar no pior. Acalmei-me, vesti-me e fui à casa-de-banho buscar o kit de primeiros socorros, que estava no móvel debaixo do lavatório. Depois tirei a toalha da cabeça e quando fui à gaveta com a intenção de ir buscar a escova do cabelo, reparei na minha lima e ao ver a ponta afiada, pensei que se acontecesse alguma coisa, podia usar aquilo para me defender, sabendo que poderia não ter muitas hipóteses e escondi-a debaixo da manga da camisola, prendendo-a com um elástico.

Assim que saí do meu quarto com o estojo de primeiros socorros dirigi-me ao homem que estava no meu sofá, ignorando o outro, agora o meu foco estava no homem de t-shirt branca, que não era mais branca. Ao tirar o pano em que ele pressionava o ferimento, verifiquei que tinha um ferimento de bala, no ombro esquerdo, que tinha entrado e saído.

— É melhor tirar a sua camisola, para eu poder tratá-lo melhor.

E após o pedido, ele tirou a sua camisola, com alguma dificuldade, pousando-a no sofá. Ao tocar na sua pele, para ver melhor o seu ferimento, sentia-a quente e macia. Observei as tatuagens que tinha espalhadas no seu tronco, uma mesmo em cima do coração, outra nas costelas do lado esquerdo e outra, não a conseguia ver por completo porque estava tapada pelas calças.

Depois de estancar a hemorragia, suturei e coloquei uma gaze por cima e prendi-a com adesivo.

— Aconselho-o a estar de olho nesse ferimento durante os próximos dias ou ir mesmo às urgências caso crie uma infecção.

— Obrigada pela tua ajuda e desculpa por tudo isto. – diz-me ele a olhar-me directamente para os olhos e consegui perceber que ele dizia a verdade, consegui sentir a sinceridade através do seu olhar.

Ajudei-o a vestir a sua t-shirt manchada com o seu sangue. Assim que ele se levantou reparei na mancha de sangue que tinha ficado no meu sofá e não consegui desviar o olhar. O que me aconteceria agora? Será que o homem que estava armado ao canto da minha sala me iria fazer alguma coisa? Fiquei ali sentada, no meu sofá manchado de sangue, sem saber o que iria acontecer agora que eu os tinha ajudado.

— Vamos embora. – disse o homem que eu tinha acabado de tratar o ferimento.

— Espera um bocadinho, não temos pressa. – disse o outro com a arma na mão, enquanto caminhava na minha direcção. – Querida sabes que não deves contar isto a ninguém, não é? – assim que começou a falar passava a sua arma pela minha cara, muito lentamente.

— Vamos embora, agora! – disse o outro levantando um pouco a voz.

E da mesma forma que entraram eles saíram, pela minha janela que dava acesso às escadas de incêndio. Minutos depois sentia a minha cara a ficar molhada, eram as minhas lágrimas que desciam sem eu as conseguir controlar. Assim que saí do meu estado de choque, corri para fechar a janela e, de seguida, corri para o meu quarto e tranquei a porta.


* * *

Espero que tenham gostado! Deixem as vossas opiniões, elas são importantes para mim.

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