A Bella que matou a Fera

Capítulo Dezesseis

[Em revisão!!!!!!!]

[Narrado pela Bela]

Os dias se passaram, a semana foi levada em um misto de nostalgia e estranheza. Eu não o vi. Isso deixou uma grande interrogação em minha mente. A todo instante me perguntava se ele estava com outra, o que estava fazendo, com quem estava, por onde andava... Minha mente me traía a todo instante com os piores pensamentos possíveis. Foi doloroso perceber que tudo não passou de um momento que quis eternizar. Fui cega, meio ingênua para alguém da minha idade, confesso. Mas, não sei, a companhia dele supria a ausência de outra pessoa, uma pessoa que nunca mais voltaria.

Estava me afundando de tristeza ao perceber que perdi mais alguém. Perdi meu pai, minha mãe e, agora, o rapaz que me daria um futuro e, ao invés disso, ele me tirou um pouco disso. Comecei a repassar tudo o que aconteceu e me deparei com uma triste constatação: fui manipulada em todo momento. Ele não me forçava fazer as coisas, mas me ludibriava para fazer aquilo que desejasse. Sempre deixava a última resposta para mim depois de ter dado sua opinião muito convincente. Eu o amei? Claro que não. O amor é feito por etapas e seu lema é devagar e sempre. Foi apenas um sentimento efusivo. Poderia ser evitado, de fato. Precisava passar por isso? Não, não precisava. Mas é preciso comer a comida dos porcos para retornar à casa do Pai.

Sabia o quão doloroso seria ver outra pessoa saindo da minha vida, então me agarrei a única pessoa que nunca sairia dela: Deus. Foi o único que permaneceu quando ninguém mais queria. É claro que meus amigos me ajudaram, e ainda ajudam! Isso é inegável. Mas eles também cansam, se irritam e pensam em desistir. Ninguém é obrigado a curar feridas que você causou. Também aprendi que ninguém é obrigado a permanecer quando quer ir. Se quer ir embora então vá.

Juntei minhas forças para recuperar o tempo perdido nos estudos. Fazendo segunda chamada, me dedicando como nunca. O fato de Mateus não ter aparecido nas duas semanas me ajudou a pôr um pouco da vida em ordem. Sem distrações, festas, bebidas. A única coisa que me fazia sentir sede era querer me aproximar a Deus, pois, descobri, que quanto mais me achegava a Ele, mais era curada. Nunca entendi o motivo de meu pai ter falecido. Nunca entendi por que tantas pessoas sofrem, são mortas, sentem dores. Parece que ninguém ouve nosso clamor, nosso pedido de socorro, eu me sentia entregue. Meus tormentos baseavam-se em me sentir só. Meu pai me dava proteção, era isso que representava para mim: segurança. Quando o perdi, passei a me senti desprotegida e um alvo fácil, realmente fui...

O inimigo das almas tem muitos aliados: medo, mágoa, ódio, angústia, pavor... São primos, amigos, irmãos, aliados entre si. Seu objetivo é: matar, roubar e destruir. Ele roubou minha paz, alegria e liberdade. Destruiu meu testemunho, quase destruiu minhas amizades e meu relacionamento com Deus. Só faltava uma coisa: matar.

Antes, nadava em um mar de rosas até perceber que as águas levaram minha essência. Me afundei, tomei impulso e reagi. Acredite se quiser, mas feridas na alma são tão profundas que precisam ser limpas para remover as mágoas e fechadas para cicatrizarem mais rápido. A dor no processo é inevitável, depois dele é opcional.

Existem momentos em nossa vida em que nos deparamos com situações que nos fazem recordar. Recordar lembranças de pessoas amadas que não se encontram mais ao nosso lado, recordar a infância, recordar momentos bons, porém a nossa mente, frequentemente, nos trai fazendo-nos recordar a dor. Se a causa da dor não for tratada certamente ela firmará suas raízes e seus espinhos ferirão quem se aproximar para ajudar. A dor está ligada diretamente a um acontecimento passado que não foi devidamente tratado. Cicatrizar ferimentos significa, teoricamente, a cura total deles. Em nosso corpo, por exemplo, a cicatrização é um processo que ocorre naturalmente, sem nossa escolha diferente da cicatrização da alma. É preciso decidir parar de sangrar. O único sangue que precisava ser espiado foi o de Jesus.