O Tiro

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Tudo estava realmente um grande saco. Todos tentavam chamar a atenção do Sr. Poderoso de vários modos, a parte hilária é que ele os ignorava a maior parte do tempo.

Eu me pus a observar de longe, apenas.

O tal Lorenzo é realmente muito lindo, fico me perguntando como alguém pode ser tão bonito assim. Mas o que realmente me chamou atenção foi aquele olhar vazio e distante, aquilo acabou me instigando sobremaneira. Ele não era apenas um homem arrogante e sombrio, era um homem triste também, só um idiota não percebia isto. Ou será que eu percebi por que estou o observando por quase uma hora sem desviar o olhar?

Vários pais levam suas filhas para apresentá-las a Lorenzo, ele as cumprimenta com um simples beijo no dorso da mão, todas se mostravam encantadas. Eu realmente não as culpo, o homem é espetacular.

Que merda você está pensando? Você não se importa com ele, não se importa se ele é o capo e é gostoso pra cacete. Você está aqui obrigada, não quer estar aqui, Katherina, ou quer?

Não! Eu não quero estar aqui.

Não sei o que está acontecendo comigo, é como se eu estivesse tendo uma briga interna de sentimentos, nunca achei que fosse chegar a esse ponto diante desse teatro.

— Ei distraída, você está babando. — Sofia para ao meu lado com um sorrisinho bobo, aponta com a cabeça para seu irmão, que só então percebo estar conversando com o meu pai.
Será que mais alguém percebeu que estava o observando de forma tão profunda?

— Você não sabe de nada. Só estava pensando o que meu pai está conversando com o capo. — Reviro os olhos, tentando parecer convincente.
Ela solta um risadinha.

— Sei.

— Já te disseram que você é uma baita dor na bunda? — implico, lhe lançando um olhar enviesado. — Te conheço a menos de três horas, e você já está me irritando. — Empurro-a pelo ombro.

— Você bate igual um homem e fala igual a um também.

— Não enche, Sofia — Lhe indico o bar. — Vai me buscar um uísque, vai.

Ela arregalou os olhos, me fitando com incredulidade. Acreditei que estivesse surpresa por não a estar bajulando, como provavelmente todos faziam.

— Você bebe uísque?

— Não. Mas, eu adoraria beber nesse momento. — Inconsequentemente olho na direção de Lorenzo, e nossos olhares se encontram pela primeira vez.

Droga, droga, droga.

Papá também me olha. Eles estavam ou ainda estão falando sobre mim, eu sei disso.

Lorenzo não desvia seu olhar do meu, e se ele pensa que sou como essas garotinhas medrosas que temem até seu olhar, está muito enganado. Continuo a encará-lo, estamos nitidamente em uma guerra de olhares. Sinto um arrepio percorrer meu corpo. E como se conhecesse o que estou sentindo, ele baixa o olhar e me fita de baixo para cima, parando o olhar em meus seios, idiota. Reviro os olhos e finalmente paro de encará-lo.

Viro para Sofia, que estava parada ao meu lado olhando para alguém que não dou a mínima importância.

— Vou ao banheiro, ficar bebendo esses champanhes caros e ruins não está me fazendo bem. — Isso era uma grande mentira, claro, eu só queria sair dali, não poderia correr o risco do meu pai querer me apresentar a Lorenzo, nem hoje e nem nunca.

— Tudo bem — murmura Sofia, ainda olhando para algum lugar específico no grande salão.

O banheiro era espaçoso e estava vazio, o que me fez suspirar de satisfação, não suporto essas mimadinhas da máfia conversando sobre coisas bestas.

(DEGUSTAÇÃO) A ESCOLHA DO CAPO - Série Escolhas da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora