A Dor

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Minha cabeça dói, na verdade tudo dói. Abro os olhos e vejo que estou em um lugar frio e escuro, tento me mover e percebo que estou sentada com braços e pernas amarrados. Lembranças da noite me vêm à tona. O tiro, o capo, a expressão de papà. O que eu fiz?

Tento me soltar, é em vão, não tenho como sair daqui. Estou ferrada, Lorenzo vai me matar.

Ouço passos se aproximando, um homem vem descendo uma escada a minha direita.

— Me tire daqui seu desgraçado. — Grito. — Não ouse me tocar! Se chegar perto de mim, eu te mato. — Me debato na cadeira.

Preciso sair daqui, eu ainda tenho muito para viver, só tenho vinte e dois anos, não fiz nem metade das coisas que almejei fazer.

— Seu nome é Katherina, certo? — O homem para na minha frente, ele é alto e forte, e tão amedrontador quanto qualquer um dos capangas de Lorenzo.

Por que Lorenzo não veio pessoalmente fazer o serviço? Tenho uma necessidade de perguntar. Mas, prefiro o silêncio.

— Você pode me responder garota, não irei fazer nada com você, tenho ordens diretas para não te tocar. — Sua voz é calma e ele tem uma expressão neutra.

— Me solte e eu respondo sua pergunta. — Sua expressão muda para divertida. Ele está rindo da minha cara, sério? A que ponto cheguei, amarrada em um lugar desconhecido com um estranho se divertindo as minhas custas.

— Você é corajosa, nunca vi nenhuma das garotas dessa máfia fazer ao menos algo parecido com o que você fez. Realmente preciso te dar os parabéns.

O quê? Ok, com certeza me injetaram algum tipo de droga, acho que não estou ouvindo direito.

— Você está me parabenizando por quase matar o capo? Quem é você e qual o seu problema?

— Estou a parabenizando por ser corajosa. Sou Breno Lustrozza, consigliere da Cosa Nostra.

Claro, como não o reconheci? Ele é o braço direito de Lorenzo, pelo o que ouvir falar ele é tão monstruoso quanto o próprio capo.

— Certo, já se apresentou, pode voltar do inferno de onde você saiu, já basta estar amarrada neste lugar nojento, não preciso ficar olhando para sua cara como bônus — murmuro tentando parecer o mais séria e indiferente possível. Estou com medo do que possa acontecer. Mas, ele não precisa saber disso.

— Porra, você vai ser realmente uma grande dor de cabeça garota. Gostei de você. — Me lança uma piscadela com um sorrisinho de lado.

Reviro os olhos. Preciso sair daqui, quero voltar para casa, minha mãe deve está desesperada, papà nem se fala.

— Até quando vão me manter aqui amarrada? Estou com fome e preciso de um banho.

— Não sou eu que dito as regras sobre isso, só Lorenzo pode decidir seu destino. — Ele puxa uma mesa que estava perto e encosta nela com as mãos nos bolsos. — O que você fez foi grave, com certeza você deve saber disso.

— Ele estava me enforcando só por que eu estava ouvindo atrás da porta, ele só pode ser bem problemático. Eu fiz o que achei certo naquele momento. — Breno solta uma risadinha.

(DEGUSTAÇÃO) A ESCOLHA DO CAPO - Série Escolhas da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora