"Algo aconteceu quando havia apenas uma criança. Uma pequena garotinha. Sozinha. Eu deixei de ser eu mesma. E eu parei de cantar. Meu estômago abriu. E tinha sorvete. Eu não podia me mover. Não até que ela chegasse mais perto. Houve um grito por um momento, mas apenas por um momento."
- Circus Baby, Noite 3
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William Afton estava rindo.
Um riso penoso, baixo e soluçante.
Para pessoas como ele, a vantagem da psicopatia era poder se extirpar de qualquer sentimento ou emoção, tornando seu portador inabalável, frio e calculista.
Mas nãoa gora. Não naquele momento.
Em uma das mãos, segurava uma garrafa de uísque quase vazia. Na outra, rodava sutilmente o conteúdo dourado de um copo de cristal, inclinando-o eventualmente na boca, consumindo-o em pequenos goles.
Sempre teimosa. Igual à mãe.
Tão engraçado. Tão irônico.
Fazia parte de sua rotina adentrar na saleta de Circus Baby para retirar o conteúdo que ela costumara angariar após a visita das crianças. No entanto, por algum ímpeto incomum, havia decidido verificar o porão durante a noite.
Não se incomodara ao encontrar a porta destrancada e aberta. Tampouco com a intensa atividade da palhaça animatrônica, que convulsionava levemente em seu palco. Nem mesmo quando visualizou um par de pequenas pantufas rosas no chão, maculadas com manchas rubras.
O terror só o dominou quando encarou os olhos de Circus Baby.
Verdes.
Agora, os olhos sem vida de sua filha.
Pela primeira vez em sua vida, Afton hesitou ao abrir o compartimento de armazenamento de sua criação.
O cheiro de sangue invadira o ar. A lanterna na mão de William se acendera, clareando o conteúdo do compartimento.
Um emaranhado de vísceras havia sido expelido do corpo na hora da coleta, produzindo uma confusão de órgãos esmagados e irreconhecíveis. O pequeno crânio, esmagado brutalmente, ainda expunha a diminuta mandíbula, aberta num esgar de horror. A única coisa intacta era o pijama colorido que o cadáver vestia.
Era tudo que havia sobrado da garotinha.
Fora demais para Afton.
Embora tivesse visto aquilo dezenas de vezes, sem sentir qualquer emoção que fosse, ver sua filha morta e dilacerada fora um baque inimaginável.
Não importava que ela também fosse uma criança, como haviam sido todas as suas vítimas.
Já havia perdido um dos filhos para uma das criações patenteadas de Fredbear Family Diner, há poucos anos antes. Com metade do cérebro prensado pelas mandíbulas de um animatrônico, o pequeno Jason entrara num coma, do qual nunca veio a acordar.
A garota era a única coisa que restara de bom na vida de William.
Ela era sua menina.
Sua filha.
A única pessoa que aprendera milagrosamente a amar.
E, agora, ela se fora.
William virou o resto do uísque na boca, estremecendo.
- Era só me obedecer – chiou – era só me obedecer...
Berrando, arremessou o copo contra a parede, estilhaçando-o em dezenas de pedaços, que tilintaram violentamente contra o chão.
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Sister Location: A Origem
FanficMedo. Pânico. Terror. A cor e o brilho festivo de máquinas, criadas para alegrar e divertir, nunca representaram uma ameaça tão mortal. Em Circus Baby Pizza World, horrores assombram cada palmo no local. Uma tragédia culmina na condenação de c...