Nada é aquilo que esperamos

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Hoje
Oregon, Illinois

Do ponto mais alto da escadaria de madeira do Castle Rock State Park, Ethan e Philip tinham uma vasta visão do vale a sua frente; a floresta salpicada e tingida de tons da primavera que margeava ambos os lados do Rock River, o rio que percorria toda a extensão da pequena cidade do Oregon.

Naquela época do ano, o véu branco que cobria os galhos, a copa das árvores e coagulava as águas do rio se transformava em um manto transparente de gotas e orvalho que refletiam a luz aquecida do sol e escorriam pelos troncos, folhas e pétalas, en...

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Naquela época do ano, o véu branco que cobria os galhos, a copa das árvores e coagulava as águas do rio se transformava em um manto transparente de gotas e orvalho que refletiam a luz aquecida do sol e escorriam pelos troncos, folhas e pétalas, encharcando o solo e devolvendo a fluidez e mobilidade do rio.

Desse jeito, aos poucos, com a chegada da primavera, a palidez que se estendia pelo vale começava a ser sequestrada pelas cores da estação e o calor do sol, convertendo-se em um degradê de amarelo, laranja e vermelho. E, assim como o rubor primaveril invadia Castle Rock State Park nos meados de março, os animais faziam o mesmo; início de primavera, para eles, significava o início da temporada de acasalamento.

Para os humanos, no entanto, aquele momento significava a interdição da temporada de caça. Nenhum caçador deveria se espreitar pelo parque em busca de um chifre de veado para sua lareira ou um novo casaco de pele de raposa. Rondas diárias eram feitas por guardas florestais e qualquer intruso de qualidade humana com uma arma em mãos que fosse encontrado rodeando as terras do parque, sofreria as consequências adequadas.

Mas não Philip e Ethan. Eles não estavam ali para caçar veados, javalis ou raposas. Não queriam uma nova decoração em suas casas ou uma nova peça de roupa em seus guarda-vestidos. Estavam à procura de algo incontáveis vezes mais rápido, mais perigoso, mais cruel e mais letal.

Estavam à procura de vampiros.

─ Eu odeio esse cheiro de terra molhada. - Philip comentou, contorcendo o rosto em uma careta desgostosa. - Parece que eu estou no meio de uma fazenda ou um brejo.

─ Bom, bem vindo ao Oregon. - Retrucou Ethan, por outro lado, fungando o ar a sua volta. - Esse lugar sempre teve cheiro de terra molhada.

Ele fechou os olhos, por um instante, e inspirou profundamente.

─ Talvez seja por isso que vou dar uma festa quando eu me mudar dessa cidade.

─ Ou porque você sempre foi um velho ranzinza.

─ Eu não sou um velho ranzinza. - Rebateu Philip.

Ethan desviou os olhos da paisagem silvestre para o rosto do amigo, uma das sobrancelhas arqueada e um sorriso de canto debochado e cético.

Philip o encarou e em seguida revirou os olhos muito castanhos.

─ Eu seria menos ranzinza se não vivesse em um lugar tão isolado. - Explicou-se. - Todo mundo precisa ver caras novas e de um pouco de globalização, Ethan.

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⏰ Última atualização: Apr 17, 2017 ⏰

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