Buscando Ajuda

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Enquanto rezava para alguém abrir a porta, o frio e o medo consumiam cada milímetro do corpo de Isabel. Sua roupa estava imunda, o rosto lavado em sangue e os braços arranhados. Batia na porta repetidamente e com força, mas ninguém ouvia. Ela saiu do alpendre e ficou em frente a casa olhando para cima com a esperança de ver alguém. Não dava para definir se as luzes estavam acesas. De repente, um clarão se mostrou com tanta força no céu que Isabel se assustou. O clarão veio seguido de um trovão que a fez tremer dos pés a cabeça. Como por um impulso, ela correu em direção à porta e bateu-a com tanta força que ela se abriu violentamente. Assustou-se com o que viu: escuridão total. "Deve ser um local abandonado", ela dizia pra si mesma. Mas entraria mesmo assim, pois poderia haver alguma coisa alí que a ajudasse. Mas com tudo escuro, não teria chance de encontrar qualquer coisa. "A lanterna no carro", ela pensou enquanto virava-se rapidamente para correr em direção ao veículo tombado. E foi o que fez, deixando a porta escancarada.

Correu até o carro e, ao chegar lá, revirou tudo até que encontrou o objeto, que estava com a luz um pouco fraca, mas ajudaria. Segurou a lanterna com força e preparou-se para voltar à casa, quando percebeu algo que a fez paralizar: seu namorado não estava mais lá. "Ele deve ter ido me procurar na floresta", ela pensou, preocupada, mas achou melhor continuar com o plano de pedir ajuda na casa. As nuvens cobriam aquela lua que estava tão brilhante há algumas horas atrás e  som ensurdecedor dos trovões fez com que Isabel corresse o máximo que podia em direção à casa. Quando chegou, percebeu que a porta estava fechada, e não aberta como ela tinha deixado.
Mas esse detalhe foi desconsiderado, ela estava desesperada demais para se preocupar com aquilo.

Ao entrar, viu que os móveis estavam empoeirados, quebrados e jogados pelo chão. Isabel conseguiu, com a ajuda da lanterna, encontrar um interruptor, mas ao acionar, nada aconteceu. "Realmente é uma casa abandonada", pensava.
Uma coisa que ela conseguiu notar, o que seria  praticamente impossível de não perceber, foi o cheiro horrível que emanava do local, um odor de carne podre ou algo parecido. Continuou apontando a lanterna pela casa. As paredes e o chão estavam manchados de algo em um tom rubro. "É sangue!", ela pensou, alternado entre uma exclamação e uma interrogação. Havia uma escada que levava ao segundo andar. Agora ela já não sabia mais se continuava a explorar a casa abandonada ou se voltava para procurar o namorado lá fora. "Ele não deve estar muito longe", era o que ela achava, sem saber mais nem o que pensar. Decidiu subir a escada, não tinha escolha (era o que ela achava). Os degraus estavam manchados e sujos de restos de alguma coisa e o corrimão estava quebrado em algumas partes. Até que em um certo degrau, ela encontrou algo que lhe pareceu familiar: um colar de diamantes. Era o mesmo que o seu namorado havia lhe dado, o mesmo que ela havia deixado com ele. "Então, ele está aqui!", ela pensou. Isabel, com um sorriso leve e singelo no rosto, correu pelos degraus, quando viu, no topo da escadaria,  alguém.
— Guilherme? – ela perguntou, deixando o sorriso evidente ao pronunciar a palavra. Nesse momento, mais um raio correu no céu e ela pôde ver que se tratava de alguém encapuzado, com uma espécie de facão na mão. Seus olhos se abriram extremamente, assim como a boca, e sua expressão de horror provou à ela mesma a besteira que fez. Então, ela correu, para a floresta, sabendo que o encapuzado estava lhe perseguindo. Ela sabia que não conseguiria fugir e temia que aquele estranho cruzasse com seu namorado em algum momento. Aí seria o seu fim.

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