Fuga

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Enquanto corria, ela pensava no namorado. Ele já deveria estar morto naquela hora. Ela pensava no sangue, pensava no colar, pensava na cerveja responsável pelo acidente... Sua cabeça processava informações que a deixavam cada vez mais atormentada. E então, no meio de tantas coisas na consciência, lembrou do punhal que seu pai havia lhe dado. Ela teria que pegá-lo, ele poderia ser útil. Ela pensava: "só preciso correr até o carro, pegar o punhal e correr rumo à floresta novamente". Tomou um fôlego, e correu. Depois de muitas "quase-quedas", A jovem chegou ao carro e pegou o punhal mas, quando terminou de fazê-lo, viu que o provável assassino vinha em sua direção e ela correu rumo à mata. De repente, o cansaço mostrou-se presente em seu corpo, então ela se escondeu atrás de uma árvore e tapou a boca com a mão; pelo barulho pesado nos passos, ele estava próximo. Ela sentia tanto medo, que suas pernas estavam paralisadas, como se ela tivesse usado toda a energia com a corrida que fez pela floresta. Ela ouviu o barulho do metal do facão em contato com os troncos das árvores. Se ele queria provocar medo nela, havia conseguido.
Isabel correu, não aguentou de tanto anseio, não sabia nem de onde havia tirado a força para mexer as pernas. Mas, após poucos segundos de fuga, tropeçou, caiu e a vista ficou turva.

Acordou em um lugar diferente, mas pelas paredes e chão manchados, já sabia onde estava. A jovem tentou se mover, mas sem sucesso. Estava amarrada à uma cadeira. Gritou por socorro feito uma maluca, mas não obteve resposta. Ouvia risadas, sussurros e lamentos que pareciam vir de trás das paredes, pois não via ninguém no lugar onde ela se encontrava. Isabel olhava à sua volta e não entendia o que estava acontecendo. Haviam muitas velas acesas sobre as mesas e no chão, além de um desenho estranho nas paredes e no piso, onde havia uma estrela de cinco pontas. O corpo dela suava frio, sua cabeça tremia como se ela fosse uma demente mental privada de um hospício.

Lembrou-se do punhal. Ela o havia colocado enfiado dentro da parte de trás da calça jeans, por um milagre ainda estava lá. Justamente quando preparava-se para romper as cordas, ouviu o barulho de passos vindos do andar de baixo.
E

la pegou a faca com pressa e, de jeitos distorcidos, tentava cortar as amarras, o que não era fácil.
Agora os passos estavam mais perceptíveis e a figura encapuzada se mostrou para Isabel.
— Por favor, não me machuque! Por favor, por... Pelo amor de Deus... – a voz já falhando de uma mistura de cansaço e medo. Desta vez com uma faca, o encapuzado começou a andar em volta da cadeira onde a vítima estava amarrada, passando a faca pelo seu pescoço, rosto e braços, causando pequenos arranhões. Isabel chorava, gritava e se retorcia na cadeira, quando ouviu uma voz familiar, que disse:
— Isabel?
Ela, intrigada, respondeu por instinto:
— Guilherme, é você?

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