— Sim meu amor sou eu! – disse o encapuzado, retirando o capuz negro da cabeça, revelando sua verdadeira identidade.
— Então, era você? Você me fez passar por tudo isso? – ela não estava entendendo nada. – O que... Por quê?
Nesse momento, o namorado de Isabel, que revelara ser o verdadeiro assassino, disse com um sorriso de felicidade no rosto:
— Você é muito idiota! Você não desconfiou de nada? Você acha que eu te levei para viajar em uma sexta-feira 13 à toa? Acha que o carro tombou aqui perto da casa, do nada? Achou que era um amor tão forte pra acontecer uma viagem para comemorar o primeiro mês? Ou também achou que eu estava a fim de você? – sorriu logo em seguida. — Nem pensar!
Isabel ainda não entendia nada. Olhava para os lados e tentava discernir o que se passava. Então, na tentativa compreender, ela olhou para o pentagrama no chão, desviando a visão ao namorado.
— O pentagrama? Bem, vou te contar tudo. Minha mãe foi vítima de um ritual feitos por uns malucos enquanto estava grávida de mim. Ela foi sacrificada e eu fui concedido ao demônio que eles invocaram. Agora estou condenado à morrer ao fim do dia, à meia-noite mas, para isso não acontecer, terei que... Sacrificar você.
— Por que eu? – ela perguntou, chorando de ódio.
— Por que você é virgem, e só posso sacrificar uma moça pura de corpo.
Mal ele terminara de falar e Isabel levantou-se cadeira – conseguira cortar as cordas enquanto ele falava – e enfiou o canivete em sua perna. O assassino gritou de dor e a coitada correu, tropeçando, caindo e levantando, mas conseguiu chegar do lado de fora daquele lugar. Mesmo com a perna banhada em sangue e muito machucada, o homem encapuzado já estava atrás dela.Novamente começou a perseguição pela floresta. Não havia carro pra fugir, ela teria que se esconder ou se cansaria de tanto correr. Então sentou-se atrás de uma árvore. Já havia parado de chover e a lua já iluminava tudo, o que não era bom pra ela, porém encontrou algumas pedras atrás da árvore; era sua chance. Tratou logo de pegar algumas e se preparar caso ele à encontrasse. Ela já podia ouvir os passos de Guilherme sobre as folhas molhadas no chão. O coração dela pulsava cada vez mais forte e ela já planejava o movimento para acertar a pedra de modo certeiro na cabeça do Infeliz (talvez ela estivesse nervosa demais para isso).
Ele dizia:
– Não adianta se esconder, eu vou te achar.Ela notou que ele estava muito próximo, pois já era possível ver sua sombra projetada pela lua.
Ela se preparou, com a pedra na mão e, quando ele estava perto, Isabel lançou a pedra com toda força e, como não acertou no "alvo", ela correu com todas as forças de volta à casa. Lá ela encontraria algo para ajudar. Enquanto isso, Guilherme apenas sorria.Já na casa, ela procurava algo, como uma barra de ferro. Ela sabia que seria muito improvável de encontrar algo com que pudesse se defender, já que ele não fez nada para impedir sua fuga para fora das árvores na floresta.
Subiu ao segundo andar. Ele poderia ter deixado a faca que fora enfiada em sua perna jogada por lá. Foi quando, do segundo andar, ela foi capaz de ouvir os passos lá de baixo, e ainda não tinha encontrado nada com o que pudesse se defender (o punhal não estava lá). A porta se abriu e ele entrou, correu atrás dela e agarrou pelos cabelos – ela já estava cansada – e deu uma risada assustadora.Levou Isabel para dentro daquele pentagrama desenhado no chão cercado de velas e, com a faca no pescoço da garota, começou à dizer palavras incompreensíveis e estranhas. Isabel percebia que as velas tremiam, assim como os móveis jogados no chão. Faltavam poucos minutos para a meia-noite. Ao terminar de pronunciar aquele dialeto, Guilherme preparou a faca para realizar o sacrifício e foi nesse momento que Isabel virou-se, empurrou o namorado e gritou:
— Eu não sou mais virgem!
Sem entender nada, o encapuzado mudou a fisionomia instantaneamente e ela continuou: A cicatriz no meu braço, foi meu ex-namorado quem deixou em mim. Ele me agredia e, um dia, abusou de mim. Por isso meu pai estava preocupado com essa viagem ridícula, então pode me sacrificar. Não vou valer nada pra você – ela sorriu ironicamente. – seu idiota!
Guilherme não conteve o ódio e avançou com fúria para cima da namorada mas, antes de alcançá-la, algo o puxou pela perna. Era uma criatura horripilante, muito magra e de olhos vermelhos cintilantes que mutilou o corpo dele, espalhando sangue pra todos os lados e olhando para Isabel logo em seguida. Quando os olhares se cruzaram, a garota sentiu suas costas queimarem, como se uma faca tivesse sendo passada nelas com força, então ela gritou tão alto que o barulho ecoou pela casa e a criatura sumiu misteriosamente.
Isabel saiu tranquilamente da casa, caminhando com passos lentos e uma expressão tristonha. Ela estava cansada, mas não sentia mais medo, não sabia o porquê.Depois de várias horas, o sol já estava quase fora da linha do horizonte, quando um carro passou e a motorista viu o corpo da garota caído no chão, parecia sem vida.
A mulher parou o carro e colocou, com muita dificuldade, o corpo ainda vivo de Isabel dentro do veículo. Antes de partirem, a dona do carro não pôde deixar de notar algo estranho nas costas da desmaiada: lá havia um desenho feito com algo pontiagudo. Era um pentagrama.
Então foram embora e, pouco depois, o carro explodiu.
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A Casa Na Floresta
HorrorApós um acidente de carro, Isabel vai buscar ajuda para o namorado em uma casa que ela encontra no meio da floresta. Quando ela percebe que coisas estranhas acontecem lá, passa a saber que jamais deveria ter entrado na casa.