Mais um dia de plebeu

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              Quatro horas da manhã,  telefone tocou, mais um dia de plebeu se inicia. Passo a mão do lado da cama para sentir um último momento o corpo de Afrodite. Afrodite é minha linda esposa,  na verdade seu nome é Natália, mas nem sei a última vez que a chamei assim. Levantei-me,  meu Deus como é difícil levantar desse edredom!  Bati a mão pelo criado mudo a procura do telefone e,  sem sucesso,  ele caiu sobre o carpete, droga! Agora sim eu tenho que levantar.  Ainda com os olhos semi abertos  tento procurar meu havaianas e logo pego a porcaria do celular. Afrodite é uma pedra dormindo, pode cair o céu sobre sua cabeça que nada a acorda, até parece que não tem problemas. Fico de pé,  e contemplo aquele rosto angelical,  sua pele alva como a neve, os cabelos desgrenhados, mas quando no lugar reflete a luz do sol em pleno meio dia. Não tenho palavra para descreve-la a não ser  Afrodite, a deusa mais linda do olimpo que nasceu simplesmente da espuma do mar.  Tenho que deixar essa beldade e continuar os meus afazeres.
       Saio tateando  as paredes e enfim chego ao banheiro, a luz acesa me força a acordar, tomo meu banho quente e na hora de pentear os cabelos a cena que mais me deixa puto!  A escova mais parece um poodle, nada me deixa mais irritado que uma escova cheia de " pentelhos cerebrais"!!  Ah Afrodite! Você é linda mas puta que pariu! qualquer romantismo acaba com essa cena. Mas vamos deixar baixo, tô muito sonolento pra isso. Vamos às apresentações; me chamo Andderson, isso mesmo , com dois dês, isso é coisa de mamãe que queria um nome importante, pobre é foda! ela achou que com um "dê" a mais meu nome ficaria importante, acho que não deu certo, pois continuo trabalhando no mesmo hotel de sete anos atrás. Logo sou interrompido por um susto. senti uma mão sobre meus ombros, mas era minha bela Afrodite. Até hoje não sei como o telefone a acorda. O meu é muito mais alto, e ela nem se treme  mas na sua hora é impecável e se põe de pé como um soldado raso em hora de alvorada. Sua cabeça corre pelo meu ombro e solta sua voz aguda, porém suave;

- Bom dia rei.

  "  REI "essa história é magnífica,  estávamos  num restaurante,  classe média, e entre os pratos eis que surge uma barata bem minúscula,  tipo essas de praia, Afrodite se sentiu ofendida e me mandou chamar o garçom,  eu disse que não era necessário, mas sabem como é mulher! Levantei a mão e prontamente veio um rapaz magricelas ,com um bloco de anotações nas mãos e um sorriso amarelado.

  - Pois não senhor. Posso ajudar?

  - sim, respondi, minha senhora encontrou uma baratinha na mesa.

  - nossa que horror! Meu rei, não se preocupe, logo ela não estará aqui.

- mas o senhor não vai fazer nada?  Indagou minha senhora

-Calma senhora, sabemos da fobia de seu esposo, nós vamos cuidar disso.

-Não!  intrometi , não tenho fobia alguma,  ela que  achou nojento!

-calma meu rei!   Calma meu rei !
  Insistia o magricela.  Nessa altura Afrodite se deliciava em risos. Eu tentando provar que eu não tinha medo de baratas e o baiano magricelas me chamando de rei. O pior é que Afrodite veio no carro dizendo repetidamente, entre riso, " meu rei, meu rei, meu rei". Acabei me acostumando. Me sentia bem privilegiado.

          Após pentear o cabelo tentei argumentar sobre o "pente das cavernas" mas Afrodite me silenciou com um beijo e falando baixinho  -hoje não.  Virei as costas e comecei a dar os nós da gravata enquanto ela iniciava seu banho. 

           Afrodite trabalhava num motel, eu inúmeras vezes brincava com ela a esse respeito e ela dizia que a diferença entre nossos serviços era apenas uma letra.  Motel e hotel são muito diferentes mas ela só enxergava as letras. Dei um beijo de bom dia e um tapa estalado na nádega direita e parti para o trampo. Afrofite sairia 30 minutos depois. Como só tínhamos um carro, ela pegava carona com Angélica,  sua colega de trabalho. Assim era todos os dias.

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