Conhecendo parte da minha rotina

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        O engraçado de se ter uma rotina é que acabamos sofrendo efeitos como , por exemplo, a falsa sensação de ser amigo de todo mundo. Do meu carro ,indo em direção ao serviço vejo sempre as mesmas pessoas, fazendo as mesmas coisas nos mesmos lugares como a senhora da bicicleta. A senhora da bicicleta é uma loira que usa um uniforme verde musgo e está sempre em alta velocidade, parecendo estar sempre atrasada. Tem também o casal da moleta;  Não sei como é, a moça tem um uniforme de um mercado da cidade e o rapaz usa roupas comuns, acho que ele a leva pro serviço, o que estranho é a moleta que ele carrega, devem se atrasar sempre. Tem os grupinhos das empreiteiras esperando ônibus, os jornaleiros , as moças da padaria e frentistas. Todos nos mesmos lugares e fazendo as mesmas coisas todo o santo dia. Rostos que conheço muito bem, porém não sei seus nomes, os verdadeiros amigos da madrugada.

           cheguei no serviço, o grande muro feito de tijolos coberto por vegetais dava um close a mais, e combinava perfeitamente com o portão branco.    Do lado direito fica uma guarita que acompanhava o disign do muro, exceto a grade verde que cobria uma janela de 80×80 que servia para nós, os guardas, vigiar todo o perímetro .  Passando pelo grande portão, nós funcionário tínhamos vagas de estacionamento nominais, pelo menos o pessoal da segurança. A vaga ficava ao lado da porta da sala/guarita onde permanecíamos como vigilantes. Entrando pela porta, essa já bege, entro no interior onde se via a enorme costas de um gorducho velho. Esse era Haroldo, o cara quem eu renderia.

-Chegou cedo Rei, Natália te chutou da cama?

-Bom dia pra você também cretino! Na verdade sua mãe me expulsou da cama. Minhas pernas ainda estão tremendo.

- seu porco!!!  Minha mãe morreu a uns quinze anos!

- Por isso foi tão intenso!  Cessamos as brincadeiras com um forte aperto de mão. Essas brincadeiras sempre eram feitas, Haroldo era um coroa com alma de moleque e a boca mais suja do que as de cinco marinheiros bêbados. Pesava lá os seus 110 quilos e era alto, forte demais pros seus 67 anos.

-Bem, as coisas continuam em ordem. As jovens evangélicas estão no quarto 12, os jovens no 14. No 13 estão seus monitores. O restante segue normalmente.

-Haroldo, e a senhora do 27?

-Ainda está lá e novidade, com novos hematomas.

-Droga temos que fazer alguma coisa!

-Rei. Isso não é com a gente. Ela diz que não é nada.

      A senhora do 27 se chama Amanda Teotelles, é uma senhora solitária que vive com seu neto, acho que seu nome é João Paulo.  Ela não trabalha, a única vez que sai de casa é para levar o jovem João ao colégio.  João aparentava ter seus 12 anos, o colégio nem é tão o longe assim, mas creio que ela faz isso para sentir um pouco de ar fresco no seu velho rosto.  A senhora  tinha seus 78 anos e meio, como gostava de dizer, embora sua aparência é de uns trinta anos à mais gostava de conversar como toda boa velhinha, mas quando chegava a hora de falar sobre as roxidões e o neto ela simplesmente desconversava. Ela não trabalhava, mas o hotel estava sempre em dia, ninguém sabia como ela conseguia dinheiro e olha que está hospedada aqui já faz dois anos.

      Deixando de lado um pouco a hóspede,  me deixem descrever minha sala compartilhada;   entrando damos de cara com uma janela e em sua frente tem uma mesa branca e encardida com um  monitor com imagens de câmeras.  A mesa é cheia de rabiscos, o que rendeu várias reuniões com o chefe. Na mesa também tem uma xícara, ainda com borrões de café, essa era do Haroldo, ele era meio desleixado por isso seu apelido "Shrek". Todos os dias tínhamos um jornal, ele chegava de madrugada antes até de mim, Talvez por isso eu esteja aqui a tanto tempo.   Agora tá na hora de eu sair desse lugar, outro emprego, outros ares, fazer o segundo "dê" do meu nome valer a pena e me tornar alguém realmente importante.

        O serviço é quase sempre cansativo, não por exercícios mas você ficar sentado olhando pessoas num monitor não é nada relaxante. Eu, ao contrário do Haroldo, devo ter uma aparência mais envelhecida que o normal, esse serviço acaba comigo com tanta tranquilidade.
    
      Hora de almoço! nossa comida vem direto pra nossa sala, não temos o luxo de almoçar no refeitório como todos os funcionários, segurança é coisa muito séria!  O que eu quero mesmo é ir pra casa ver minha Afrodite e o jogo logo mais do corinthians. Qualquer homem gostaria de ver o jogo num bar ou com os amigos, mas no meu caso, eu gosto de ver no calor do aconchego. Afrodite me dá motivos para isso. Cada gol feito pelo timão ela vibra de uma forma que muito me excita. Estamos juntos há uns cinco anos e, desde sempre ela assiste o jogo comigo.   Ela Põe a camisa do corinthians, exatamente aquele modelo usado no mundial de clubes, de calcinha (preta ou branca) , e sem Sutiã.  Sim, sem sutiã!  Cada gol que o timão faz ela vibra, levanta a camisa como se ela mesma tivesse feito o gol e com os braços pra cima vibra, vibra muito. É assim desde sempre.    Afrodite tem os seios firmes não grande, também não são pequenos, são da medida certa. Ela é pálida, então,  logo fica rosada com os berros. Os dias de jogos são realmente inesquecíveis.  Hoje à noite tem timão!! Isso é tudo por enquanto. Deixe- me voltar a realidade. Vou ler o jornal, quem sabe tenho sorte.

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