Tive um sonho muito esquisito nessa madrugada. Sonhei que Matt me dava um pug. Essa raça de cachorro é a minha preferida e a que acho mais linda e fofa do mundo. Fiquei super feliz ao receber o cachorrinho e Matt ficou super feliz pela minha felicidade. Todos estavam felizes, mas aí acordei e lembrei que odeio Matt. A única coisa boa no sonho foi o cachorrinho mesmo.
Estou a caminho do hospital, mas antes paro em uma padaria para comprar um café. O de casa acabou e não tive tempo de comprar. Isso é o ruim de morar sozinho, ninguém faz compras para você. Se algo acaba é VOCÊ que deve comprar.
Chego ao hospital e repito o mesmo procedimento que estou fazendo á 6 meses. Abro a porta de entrada, me encaminho até o balcão da recepção, pego um crachá no pote de crachás, pego a caneta e escrevo meu nome. Isso já faz parte da minha vida, do mesmo jeito que olhar para homens atraentes fazendo caminhada na rua também faz. Vou até o quarto de minha vó. Ela novamente está dormindo, parece feliz enquanto dorme. A enfermeira está escrevendo algo em um pequeno pedaço de papel. Ela não parece muito animada.
- OI Kelly, tudo bem com ela, certo? - Já sei o nome de algumas enfermeiras porque tem dias que elas gostam de conversar, não importa com quem. O principal assunto é o marido e a rotina do casamento. Felizmente ainda não preciso me preocupar com isso então deixo elas falarem e falarem enquanto balanço a cabeça e concordo. Ás vezes até uso expressões como "nossa, sério?!".
- Não está tudo bem no momento, mas vai ficar. Os batimentos cardíacos dela diminuíram um pouco ontem, nada muito sério a ponto de ligarem para você. Agora está descansando. Acredito que com essa nova medicação ela fique bem em poucos dias.
- Espero que ela melhore. É tão ruim vê-la nessa situação. - De repente meu humor se foi, de repente só quero sair dali para não pensar em coisas ruins.
- Ela vai melhorar, pode confiar. - Kelly sorri. Uma das coisas que mais gosto nela é sua positividade. Ela nunca parece desanimada com algo, pode estar séria, mas desanimada nunca.
Me despeço de minha avó com um beijo em sua testa e aceno para Kelly. Saio da sala e vou até a portaria. Não estou com pique para a escola. Só quero andar por aí, tentar me esquecer de tudo por um tempo. Vejo o garoto da máquina de café, ele está usando o uniforme do hospital. Tem uma tartaruga bordada na manga direita do uniforme, será o mesmo uniforme do outro dia e eu não havia reparado ou será outro uniforme? Bom, não estou afim de falar com ele hoje, só quero passar um tempo sozinho então saio do prédio o mais rápido possível.
Resolvo dar voltas no lago que fica dentro do parque. Visitar aquele lago me acalma sempre que preciso. Na verdade esse parque me acalma sempre que preciso. Amo a natureza e sua calmaria. Depois de ficar 40 minutos dando voltas no lago, admirando a natureza, resolvo ir para casa. Disse que não estava com pique para escola e realmente não estou. Chego em casa, jogo minhas coisas no sofá e subo até o meu quarto. Deito em minha cama e fecho os olhos. 5 segundos depois a campainha toca. Não consigo imaginar quem será que está na porta. Todos que conheço estão na escola, no hospital ou no trabalho. Desço as escadas e vou até a porta. Infelizmente minha porta da frente não tem olho mágico, então nunca tem como saber quem está do outro lado da porta. Abro a porta e me surpreendo com Matt.
- Que diabos você está fazendo aqui? - pergunto num misto de surpresa e confusão.
- Você não apareceu na 1° aula e sei que você só falta quando acontece algo sério, então... Está tudo bem com você? - Ele parece estar falando sério, mas ele é muito bom em mentir, então não sei o que fazer.
- Não sei se posso confiar em você. - Fecho um pouco mais a porta, esperando que Matt note que não quero ele na minha casa novamente. - Você disse que faria da minha vida um inferno neste ano, e também não é da sua conta como estou me sentindo. - Tento fechar a porta e acabar logo com isso, mas ele coloca o pé no vão que restava e impede que a porta se feche.
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Crachá e Café
RomanceBom, talvez você não encontre algo especial num garoto como Ed, afinal, ele é um jovem comum. Talvez você também não ache sua história de vida interessante, até porque não é nada interessante quando seus pais te abandonam sem motivo quando você tem...