Prólogo

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O que me define como um adolescente normal? Talvez seja pela minha grande capacidade de ser um jovem a beira dos 16 anos, com problemas comuns relacionados à insegurança, sexualidade, rotinas diárias e hormônios a flor da pele – ou porque eu devo ser apenas o jovem desprovido de corpulência, de nariz achatado sob os grandes olhos castanhos e o mesmo cabelo desgrenhado dos últimos anos – mas, quer saber, não acho que nenhuma dessas coisas me define como alguém normal ou diferente.

Eu sou e sempre serei apenas Caio Almeida – o mesmo garoto meigo e ao mesmo tempo inseguro que às vezes se torna um alvo em potencial – eu sou o mesmo rapaz que jurou nunca mais acreditar no amor depois de uma desilusão amorosa – eu sou o mesmo cara que se apaixona todos os dias num ônibus lotado – e sem a menor sombra de dúvida eu sou o menino que beija meninos.

Mais já não posso dizer o mesmo do meu irmão – quero dizer – ele se parece um pouco comigo, mas, ainda assim é muito diferente – ele prefere beijar garotas, ou melhor – brincar com o coração delas – Ele é muito bom nisso.

Porém, ele ainda continua sendo meu irmão mais velho que sempre me apoia em tudo ,somos muito unidos essa é uma coisa que eu gosto muito. Minha mãe ela  sempre está estressada o bastante para não ouvir um bom dia do meu pai que sempre está tentando ser o cara bom.

Mas, sabe, hoje eu estou tipo minha mãe, não quero um “bom dia” nem um “dormiu bem”. O que há de bom em um retorno as aulas depois de um verão tão cinzento nesta cidade caótica que vivo.

– Não acredito que você já está pronto?!  — murmurou Julio de frente a porta do meu quarto exibindo seu shortinho com estampa de golfinhos que sinceramente era vergonhoso.

– E eu não posso acreditar que você ainda vai tomar banho. — respondi com a famigerada raiva momentânea de todos os dias.

– Não esquenta! Ta tudo bem. — retrucou ele bocejando.

– Julio! Não ta nada bem... Você sabe que horas são? Vamos chegar atrasados. – eu realmente não estava preocupado com a demora, nem se chegaríamos atrasados, mas sabe, eu tinha que seguir o script do bom menino. Ou eu acabaria me machucando.

– Calma! Eu me arrumo rápido. Aliás, princesa, você está lindíssima neste uniforme — ele gargalhou como se o próprio estivesse feito a mais engraçada das piadas.

– Cala a boca! — eu sabia que aquele uniforme era terrível.

– Como quiser. — ele finalmente saiu da frente do meu quarto e foi fazer o que deveria ter feito há dez minutos atrás.

Passaram-se sete, sete e meia, oito horas e nada do Julio sair do banheiro. Por fim saímos de casa as oito e quinze depois que o mesmo decidiu que era hora de ir para escola.

Minha mãe nos deu uma carona até o Colégio Macro e como de costume nenhuma palavra gentil ou carinhosa fora usada por ela pelos quinze minutos que ficamos dentro daquele carro.

Então, quando chegamos lá já se passava das oito e meia e os portões já estavam fechados. Muitos estudantes estavam do lado de fora. Alguns de frente para o portão, outros sentados na calçada e eu que não sabia para onde ir.  Mesmo estudando a dois anos no Macro eu realmente não conhecia nenhuma daquelas pessoas que esperavam do lado de fora.

– Caio! — ouvi aquela voz familiar me chamar. Então, me virei e confirmei o que já sabia. Era ele...

(...)

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