A adoração à Deusa foi a primeira religião estabelecia pelos seres humanos. Muitas evidências arqueológicas, incluindo estátuas, amuletos, cerâmicas, pinturas nas cavernas e outras imagens indicando a veneração da Deusa foram descobertas, comprovando a existência de um culto primordial, em que uma Divindade Criadora feminina era adorada.
Merlin Stone, em When God was a Woman (Quando Deus era uma Mulher), diz : " Arqueólogos localizaram evidências de adoração à Deusa antes das comunidades do período Neolítico, cerca de 7000 AEC; algumas das esculturas datam do Paleolítico Superior, cerca de 25000 AEC. Desde as origens Neolíticas, sua existência foi comprovanda repetidamente até os tempos romanos. "
A evidência mais convincente de adoração à Deusa vem de numerosas esculturas de mulheres grávidas com seios, quadris, coxas, nádegas e vulvas exagerados. Essas imagens foram intituladas pelos arqueólogos como estatuetas de Vênus, ou ídolos do culto a Grande Mãe. Elas são feitas de pedra, osso, barro e foram descobertas perto dos restos de paredes das primeiras habitações humanas. Essas estátuas foram encontradas na Espanha, França, Alemanha, Áustria, Checoslováquia e Rússia e parecem ter pelo menos dez mil anos.
Elas não foram meras decorações das pessoas que a criaram, mas sim objectos profundamente importantes porque representavam o meio pelo qual os seres humanos se expressavam antes mesmo de começarem a utilizar a fala. A arte, através da história, sempre revelou o que as culturas valorizavam e o conhecimento que tentavam passar às gerações futuras. Claramente o parto, a maternidade, e a sexualidade feminina eram considerados sagrados. Isso nos mostra que essas culturas tiveram pouco ou nenhum conhecimento do papel do homem na reprodução. Para eles, a mulher concebia o bebê por ela mesma. Sexo não era associado com o parto e as mulheres foram consideradas as doadoras exclusivas da vida. Até hoje, algumas culturas isoladas na Terra acreditam que o homem não tem participação nenhuma na concepção.Além disso, como o conceito de paternidade ainda não tinha sido entendido, as crianças só pertenciam às mães e à comunidade. Crianças "ilegítimas" não existiam. As crianças levavam o nome de suas mães e a família descendia pela linhagem materna. Essa estrutura social, baseada na afinidade feminina, é chamada de "matrilinear" e ainda existe em algumas partes da África, Índia, Melanésia e Micronésia.
As culturas primitivas eram freqüentemente matrifocais, ou seja, quando uma mulher casava, o marido ia morar com a família da esposa, em vez de a mulher ser desarraigada e se mudar para a casa da família do marido. Dessa forma, as mulheres detiveram todo o poder, e o status da mulher na sociedade teria sido, certamente, cada vez mais alto, não fosse a queda matrilinear. Se não fosse o domínio patriarcal da sociedade e da religião, as mulheres jamais teriam sido totalmente dependentes dos homens e consideradas suas propriedades. A importância da virgindade e os castigos por adultério não teriam existido, pois eles fazem parte de conceitos patrilineares, em que a paternidade é a mais estimada que a maternidade.
A adoração da Deusa nas culturas antigas incluía o papel principal das mulheres eram as grandes sacerdotisas, adivinhas, parteiras, poetisas e curandeiras. Elas presidiam templos erguidos somente a Deusa como Ishtar, Ísis, Brigit, Ártemis e Diana, que estão entre os mais populares.
Do envolvimento das mulheres com a religião vieram muitos avanços, como o conhecimento do poder das ervas, que curavam os doentes e aliviavam a dor do parto, até o primeiro calendário, o calendário lunar, que foi utilizado por muito tempo e que pode ter-se originado na observação que as mulheres faziam dos seus ciclos menstruais e sua comparação com os ciclos de Lua. Além da astronomia, as mulheres desenvolveram também idiomas, a agricultura, a culinária, a cerâmica e muito mais. As contribuições de mulheres para as culturas humanas são inúmeras e nunca tiveram o devido crédito e valor.
A Deusa teve grande popularidade e proeminência até que as religiões patriarcais, como Judaímos, Cristianismo, Islamismo, entre outras, silenciaram-na. A mudança para o patriarcado foi gradual e procedeu de uma reformulação nos sistemas de parentesco que se tornou de matrilinear a patrilinear. A ênfase na paternidade e no homem é clara e evidente nas principais religiões praticadas até hoje.
A relação de pai/filho e Deus/Jesus é a chave do Cristianismo, embora a figura da mãe tenha conseguido persistir e aparecer no Catolicismo como Maria, que intrigantemente é chamada de " A Mãe de Deus ".
Outro fator relativo à ascensão das religiões patriarcais foi a ênfase às ditaduras militares, que aumentaram o culto aos Deuses guerreiros, Esther Harding, em Women's Mysteries (Mistérios das mulheres) expõe: " A ascensão do poder masculino e da sociedade patriarcal provavelmente começou quando o homem passou a acumular bens e propriedades, o que não é comunitário, e achou que a força pessoal dele e a sua coragem pudessem aumentar suas posses e riquezas. Esta mudança de poder secular coincidiu com a subida da adoração ao Sol sob um sacerdócio masculino que começou a substituir os muitos cultos à Lua realizados desde os tempos memoráveis". Assim, como os homens ganharam poder sobre as mulheres e o masculino se tornou a Grande Divindade, o sagrado feminino passou a ser reconhecido cada vez menos. A ausência do culto à Deusa trouxe guerras, crimes, regras e a tirania.
A Deusa é o princípio Divino feminino, a Divindade suprema adorada nas práticas Pagãs. Ela foi adorada ao redor do mundo por milhares de anos recentes, a Deusa e seus cultos tiveram ressurgimento e hoje contam com grande popularidade entre:• Feministas, que buscam uma dimensão espiritual para suas causas políticas.
• Aqueles que se interessam pelas religiões antigas, abrangendo aqui todas as manifestações Pagãs.
• Mulheres e homens comuns que sentem que algo está se perdendo nas proeminentes religiões organizadas de hoje.
É difícil definir a Deusa em alguns parágrafos, mas a versatilidade é uma de suas características mais interessantes. Para alguns, Ela é a única Divindade existente. A Deusa não é necessariamente vista como uma pessoa, mas uma força multifacetada de energia que se expressa em uma variedade de formas e pode ter inúmeros nomes diferentes.
Ela foi chamada Ishtar, Adtarte, Inanna, Lilith, Ísis, Maat, Brigid, Cerridwen, Gaia, Deméter, Danu, Arianrhod, Afrodite, Vênus, Ártemis, Athena, Kali, Lakshmi, Kuan Yin, Pele e Mari, entre muitos outros nomes. A Ela foram atribuídos muitos símbolos, como serpentes, pássaros, a Lua e a Terra.
A Deusa é a criadora de todas as coisas e ao mesmo tempo a destruidora. Tudo vem Dela e tudo retornará a ela. A Deusa está contida em tudo e vive na Terra, nos céus, no mar, em cada botão de flor, em cada pingo d'água e em cada grão de areia. Ela não é um ser distante e intocável, mas sim uma Divindade que está aqui conosco, vive e se manifesta em cada um de nós. Ela é a Donzela, a Mãe e a Anciã. Ela é você, ela é eu, ela é tudo e todos.
Nas práticas pagãs, a Deusa possuí três aspetos distintos. A triplicidade da Deusa é muito anterior ao Cristianismo e não é difícil que seja ela quem deu origem ao pensamento da Trindade Cristã. Porém, na Wicca, a Triplicidade se refere a três estados distintos da mesma Divindade.
Cada um desses aspectos tem suas características particulares, distintas das outras, e cada uma delas traz a possibilidade de serem relacionadas com aspectos internos psiquê. Suas três faces são a Virgem ou a Donzela, a Mãe e a Anciã, os seus aspectos reverenciados por toda a humanidade desde tempos imemoráveis.
A Donzela representa os impulsos, os começos e está relacionada a Lua Crescente.
A Mãe é a doadora da vida, a grande nutridora e está associada à Lua Cheia.
A Anciã é a detentora da sabedoria, a grande conhecedora e transformadora e está associada a Lua Minguante.
A Deusa é abrangente porque pode ser tudo que você quiser que ela seja. A maioria dos seguidores da Deusa compartilha algumas convicções em comum. Starhawk, uma das mais atuantes Bruxas modernas e autora de Dança Cósmica das Feiticeiras, afirma que os três princípios da religião da Deusa são: a imanência, a interconexão e a comunidade.
Imanência é o meio pelo qual a Deusa está presente na Terra e em nós: A Natureza, a cultura, a vida.
Interconexão é o meio pelo qual todos os seres estão relacionados e a forma como estamos unidos ao Cosmo.
Como comunidade, crescimento e transformação passam por interações íntimas; basicamente, a lei da Deusa é o Amor - Amor Incondicional. Ela não tem nenhuma ordem a ser seguida, a não ser o Amor, em todas as suas manifestações e formas.
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Wicca, a religião da Deusa
SpiritualEm Wicca, a Religião da Deusa, Claudiney Prieto apresenta uma obra esclarecedora. Sendo uma fonte inesgotável de rituais, invocações, magia, exercícios, textos sagrados e tradições mágicas, o livro é também um verdadeiro guia para quem não conhece a...