Prólogo

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Uma imensidão de luz cegou-me os olhos, onde estava? Quem era eu?

- Bom dia Samantha como se sente?- Um homem de farda branca encarou-me com um sorriso simpático e preocupado.

-Onde estou? Samantha?

-Está no Hospital, sim Samantha é o seu nome, a senhora lembra-se de alguma coisa?

Eu sou a Samantha, e estou no hospital, calma o que é um hospital?
Ouvi então pequenos murmúrios:

-Doutor, penso que tem amnésia e agora?... Sim Doutor ela não sabe nada!
-Acalmem-se vou chamar o Psicólogo, chamem as enfermeiras ela precisa de comer.

Havia um desconforto dentro de mim, mas afinal porque estava ali? Porque agiam como se eu fosse um bicho com sete cabeças? Lembro de coisas vagas, lembro-me de ler e de números, sei o que é um hospital, mas porque as pessoas vem cá mesmo? Sinto um tornado na minha cabeça, um furacão de perguntas e respostas.

As senhoras chegaram com um sorriso alegre, trazendo uma sopa de cenoura e abóbora. Acabei por comer e um homem então elegante de fato, óculos e pasta na mão entrou na pequena sala do hospital.

-Bom dia senhora White, sou o D.Marcus o psicólogo.- Estendeu-me então a mão e eu apenas fiquei a olhar para ele, confusa.- Eu sei que se deve sentir estranha e com muitas perguntas Senhora, mas todas serão esclarecidas.

-Entretanto Sra.White você esteve em coma e estará aqui por uma semana até já estar boa de saúde, em seguida as consultas com o D.Marcus vão começar.- O senhor de fato branco que devia ser o médico dirigiu-se para o velho telefone.

Fiquei a observar o teto branco e frio. Os dias passaram rápidos, era tão estranho não saber quem era... No hospital eram atenciosos e simpáticos, queria ver a minha casa, como seria?
Até que o dia finalmente chegou.

-Bem a Senhora já não mostra problemas de saúde, exceto a amnésia, que o D.Marcus vai tentar tratar, trazendo a sua memória de volta. Pode ir para casa, vou-lhe chamar um táxi, o D.Marcus irá acompanha-la.- O D.Kein foi então tratar de tudo para a minha ida, deixando-me ali, com a ajuda das enfermeiras a arrumar as coisas.

-Bem o táxi chegou Senhorita Samantha- a enfermeira deu um sorriso caloroso.

Desci então as escadas e olhei lá para fora, como o céu era lindo, e como o vento me batia na cara, o sol perfeito e as nuvens brancas a passear no céu... Era tudo tão velho mas a sensação tão nova. Caminhei lentamente e o senhor fez a questão de me abrir a porta, sentei-me no carro com cheiro de pinheiro, as cadeiras revestidas por um forro de cabedal preto.
A paisagem da cidade era espetacular, os parques, as pessoas, até aquele pequeno café.
Espera...

-PARE O CARRO! - Gritei tão alto que o homem se assustou.
-Que foi Senhora?
-Eu fico aqui, quanto é?- olhei para o senhor com uma cara feliz e intrigada, com várias emoções.
-Senhora White, esta não é a sua casa- Falou o psicólogo então atento.
- E já foi pago pelo hospital.-disse em seguida o motorista.
-Eu sei que não é a minha casa, eu quero ir ali, quero ver aquilo por favor.
-Bem saímos aqui então, muito obrigada.- Disse o Psicólogo.

O carro arrancou deixando-me a mim e ao D.Marcus no passeio, em frente tinha o pequeno café. Aquele café. Eu lembro-me daquele café.
Parou o tempo.
E aquela frase fazia eco por toda a minha cabeça.
"Diz-me Samantha que estrela és tu?"

Para lá das EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora